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Variante de preocupação pode estar causando sérios danos cardíacos em gatos e cães


Esta semana, um estudo publicado como preprint (ainda não revisado por pares) na plataforma bioRxiv (1) gerou bastante repercussão na comunidade acadêmica. No estudo, os pesquisadores reportaram os primeiros casos de animais domésticos (cães e gatos) infectados com uma variante de preocupação. No caso, as infecções ocorreram no Reino Unido, através da variante B.1.1.7 – essa a qual está associada com maior transmissibilidade e potencial maior virulência (>60% mais letal). E mais: todos os animais infectados com essa variante desenvolveram manifestações clínicas muito atípicas e preocupantes, incluindo severas anormalidades cardíacas e um profundo prejuízo no status geral de saúde. 


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A glicoproteína ACE2 na superfície das nossas células – essencial para a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) – é altamente conservada entre os mamíferos, e, de fato, já é bem estabelecido e cientificamente provado que vários mamíferos são suscetíveis à infecção por esse vírus, incluindo martas, gorilas, macacos, cães, gatos, tigres, guaxinins, veados, entre outros (2). Aliás, o SARS-CoV-2 provavelmente foi transmitido através de um mamífero intermediário (ex.: pangolim) a partir de um ancestral coronavírus com origem de morcego. No final do ano passado, um trágico evento atingiu um número de países no Hemisfério Norte: uma feroz disseminação do SARS-CoV-2 em fazendas de martas (mustelídeos do gênero Martes), culminando em casos de retransmissão zoonótica com variantes de interesse e o abate de milhões desses animais na Dinamarca (com proibição das fazendas de peles no país desses animais) (3). Nas martas, a infecção pelo vírus causa uma séria doença, com taxas de mortalidade alcançando 10%. 


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Estudos conduzidos em várias partes do mundo têm sugerido que uma grande proporção de cães e de gatos estão sendo infectados pelo SARS-CoV-2 desde o início da pandemia. Em um estudo publicado em dezembro do ano passado na Nature (4), pesquisadores da Universidade de Bari resolveram analisar 540 cães e 277 gatos no norte da Itália entre março e maio de 2020, vivendo em casas com pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 e em regiões severamente afetadas pela COVID-19. Testes com anticorpos acusaram uma infecção prévia pelo vírus em 3% dos cães e 4% dos gatos analisados. Essas taxas de infecção nesses animais são comparáveis com aquelas vistas em pessoas na Europa na época da testagem. Porém, até o momento, é ainda incerto o impacto das novas variantes de preocupação do SARS-CoV-2 – como a variante Brasileira (P.1), variante Britânica (B.1.1.7) e a variante Sul-Africana (B.1.351) – em espécies suscetíveis de mamíferos. 


No geral, infecções em cães e gatos com variantes prévias do vírus são assintomáticas ou geram sintomas respiratórios leves, sem evidência de significativa capacidade de retransmissão do vírus para humanos. 


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No novo estudo, os pesquisadores analisaram 11 animais de estimação no Reino Unido que se apresentaram a uma clínica veterinária com miocardite (Inflamação da camada média da parede do coração): 8 gatos e 3 cães. Nenhum dos animais analisados tinham um histórico prévio de doença cardíaca, mas mesmo assim todos eles desenvolveram sintomas variando de letargia e perda de apetite até respiração rápida e. desmaios Testes laboratórios revelaram significativas anormalidades cardíacas, incluindo batimentos cardíacos irregulares e fluído nos pulmões, todos sintomas observados em humanos com COVID-19. Testes com PCR em sete dos animais resultaram em três positivos (2 gatos e 1 cão) para a variante B.1.1.7, esta a qual se alastrou no território Britânico e está associada com uma letalidade 61% maior do que aquela associada com variantes prévias. No total, 6 dos 11 animais investigados deram positivo para o SARS-CoV-2, seja por teste com PCR seja via teste sorológico (anticorpos SARS-CoV-2-específicos). 


Mas um dos mais importantes achados foi que em todos os três animais infectados com a variante B.1.1.7 desenvolveram manifestações clínicas anômalas, incluindo severas anormalidades cardíacas secundárias à miocardite e um profundo prejuízo no status geral de saúde, mas sem sintomas respiratórios primários. Miocardite associada com a síndrome multissistêmica inflamatória – e várias outros danos cardiovasculares – é também uma bem-reconhecida complicação da COVID-19 em pacientes humanos (adultos e crianças), provavelmente devido a efeitos colaterais da resposta imune exagerada. Porém, evidências mais recentes têm confirmado que existe também invasão viral no tecido cardíaco (5). 


(5) Para mais informações, acesseEm vários pacientes mortos pela COVID-19, o vírus foi encontrado no coração


Na clínica veterinária (Centro de Referência Veterinária Ralph, em Londres) onde foram realizadas as análises houve um dramático aumento no número de cães e de gatos apresentados com miocardite: de dezembro de 2020 até fevereiro deste ano, a incidência da condição pulou de 1,4% para 12,8%, espelhando o período de rápida disseminação da nova variante. Porém, mais estudos clínicos de maior porte serão necessários para investigar a real natureza dessa associação.


Coincidindo com o novo estudo, pesquisadores da Universidade do Texas A&M detectaram e reportaram recentemente a variante B.1.1.7 em um cão e em um gato na mesma casa onde vivia uma pessoa com COVID-19. Os dois animais, de acordo com o dono, desenvolveram espirros constantes após a testagem positiva inicial quando ambos estavam assintomáticos. 


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É válido ressaltar que os especialistas consideram muito pouco provável que os animais domésticos estão transmitindo o vírus para humanos, e não existe evidência de significativa transmissão entre cães ou gatos (6). Se o seu gato ou cão está infectado, provavelmente foi através da sua infecção com o SARS-CoV-2. De qualquer forma, qualquer um dos cenários reforça a importância das medidas de controle epidêmico (uso universal de máscaras, distanciamento social, vacinação). Primeiro, podemos estar colocando em risco nossos companheiros caninos ou felinos. Segundo, o descontrole epidêmico facilita a criação de potenciais reservatórios naturais em espécies domésticas ou não, fomentando processos evolutivos divergentes, possível capacidade de retransmissão zoonótica e até mesmo a emergência de um SARS-CoV-3. 


(1) Publicação do estudo: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2021.03.18.435945v1.article-info


(4) Publicação do estudo: https://www.nature.com/articles/s41467-020-20097-0 


(6) Referência adicional: https://www.sciencemag.org/news/2021/03/major-coronavirus-variant-found-pets-first-time

Variante de preocupação pode estar causando sérios danos cardíacos em gatos e cães Variante de preocupação pode estar causando sérios danos cardíacos em gatos e cães Reviewed by Saber Atualizado on março 20, 2021 Rating: 5

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