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Exposição à maconha altera o perfil genético das células reprodutivas masculinas



Mais um estudo vem para reforçar que o uso recreativo e indiscriminado da maconha está longe de ser inofensivo (1), ao contrário do que vem sendo cada vez mais disseminado, especialmente agora com a tendência de descriminalização dessa droga em vários países. E o número de usuários ao redor do mundo já ultrapassa os 180 milhões. Dessa vez, pesquisadores do Centro Médico da Universidade Duke, EUA, mostraram que o THC (tetraidrocanabinol) - principal componente psicoativo da maconha - modifica a estrutura do DNA dos espermatozoides no homem. O achado foi publicado esta semana no periódico Epigenetics.


(1) Para mais informações, acesse:

Assim como diversos estudos prévios já tinham mostrado que o fumo do tabaco, pesticidas e mesmo a obesidade podem alterar a qualidade do esperma, os pesquisadores agora mostraram que o THC também afeta as células reprodutivas masculinas através de mecanismos epigenéticos, o que engatilha mudanças estruturais e regulatórias do DNA do espermatozoide.

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Para chegarem nessa conclusão, os pesquisadores realizaram experimentos em ratos e analisaram 24 homens usuários regulares de maconha, os quais tinham de 18 a 40 anos de idade. O estudo definiu usuários regulares como aqueles que fumavam maconha ao menos 1 vez por semana nos últimos 6 meses. Os espermatozoides desses participantes foram então comparados com aqueles de homens que não usaram maconha nos últimos 6 meses e não mais do que 10 vezes ao longo da vida.

Os resultados mostraram que quanto maior a concentração de THC na urina dos homens, mais pronunciados eram as mudanças genéticas nos espermatozoides. A partir de dados coletados também dos experimentos com ratos, os pesquisadores mostraram que o THC parece visar centenas de diferentes genes (no mínimo 177) associados a dois principais caminhos celulares e altera a metilação no DNA - medida pela representação reduzida de bissulfeto no sequenciamento -, um processo essencial para o desenvolvimento normal do indivíduo. A diferença de metilação entre usuários e não usuários chegou a ser, no mínimo, de 10%.

Um dos caminhos celulares está envolvido no processo de crescimento dos órgãos. O outro caminho envolve um grande número de genes que regulam o crescimento geral do corpo durante o desenvolvimento do indivíduo. Ambos os caminhos podem se tornar desregulados em alguns casos de cânceres.

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No entanto, os pesquisadores ainda não sabem se as mudanças no DNA ativadas pelo THC são passadas para os filhos do usuário de maconha e quais os efeitos subsequentes. Também é incerto se os espermatozoides afetados conseguem se manter saudáveis o suficiente para fertilizar um óvulo (o que pode acarretar problemas de infertilidade). Aliás, outro achado do estudo foi uma associação entre o consumo de maconha e uma significativa menor concentração de espermatozoides.

O próximo passo dos pesquisadores é realizar o mesmo estudo em um grupo maior de voluntários - para uma maior robustez estatística e qualidade dos resultados, eliminando possíveis co-variáveis subestimadas - e também investigar se os espermatozoides alterados pelo THC são passíveis de transmissão para a próxima geração, e se as mudanças observadas são reversíveis.

Por enquanto, os autores do estudo aconselham que casais tentando engravidar parem com o uso de maconha pelo menos 6 meses antes das tentativas de gravidez. O alerta é reforçado quando consideramos que a potência da maconha têm crescido substancialmente ao longo dos últimos 20 anos, com o nível médio de THC na droga aumentando de ~4% a ~12% entre 1995 e 2014.


E sempre reforçando: o uso medicinal da maconha envolve doses controladas, componentes específicos isolados e pacientes em real necessidade médica. Uso indiscriminado e recreacional não é medicinal, especialmente o fumo. Para entender melhor o assunto, acesse: Fumo da maconha: Lobo sob pele de cordeiro


Publicação do estudo: TandfOnline

Exposição à maconha altera o perfil genético das células reprodutivas masculinas Exposição à maconha altera o perfil genético das células reprodutivas masculinas Reviewed by Saber Atualizado on dezembro 20, 2018 Rating: 5

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