Mais um estudo mostra que o consumo recreativo de maconha causa prejuízos para o cérebro

Um estudo publicado ontem no periódico Journal of Clinical Psychiatry, e conduzido por pesquisadores do Massachusetts General Hospital (MGH), EUA, encontrou que a abstinência ao uso de maconha durante um mês em usuários regulares da droga - entre adolescentes e jovens adultos - melhora as funções de memória importantes para o aprendizado. Esse achado corrobora outros estudos publicados nos últimos anos mostrando que o uso indiscriminado e recreativo de maconha pode causar danos reversíveis e irreversíveis nas funções cerebrais (1).

(1) Para saber mais, acesse:

• Estudo mostra que o uso a longo prazo de maconha causa danos no cérebro
• Consumo de maconha está associado com o desenvolvimento de transtorno bipolar
• Canabinoides da maconha e de sintéticos podem disparar preocupantes ataques súbitos no cérebro 
• Dois novos estudos reforçam que a maconha causa danos no cérebro e preocupantes sintomas de dependência

O novo estudo é um dos primeiros a prospectivamente acompanhar mudanças nas funções cognitivas ao longo do tempo de usuários da maconha. "Nossos achados fornecem duas peças de uma convincente evidência", disse Randi Schuster, PhD, diretor de Neuropsicologia no Centro de Medicina do Vício no Departamento de Psiquiatria do MGH, e autor principal do estudo, em entrevista para a equipe de imprensa do hospital. "A primeira é que os adolescentes aprendem melhor quando eles não estão usando maconha. A segunda - a qual é a boa notícia da história - é que, pelo menos, alguns dos prejuízos associados ao uso da maconha não são permanentes e podem inclusive melhorar bem rápido após o usuário abandonar a droga."

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Para essas conclusões, os pesquisadores recrutaram 88 voluntários com idades de 16 a 25 anos da área de Boston, todos usuários de maconha com regularidade de pelo menos 1 vez por semana. De forma aleatória, os pesquisadores montaram dois grupos com os voluntários: um onde o consumo da droga teve continuidade e no outro onde os usuários se comprometeram a parar de usá-la por 30 dias. Antes, durante e depois do período de estudo, os voluntários foram submetidos a testes de memória e pensamento lógico. Forneceram também testes de urina para garantir o comprometimento com a abstinência ou com a continuidade do uso de maconha (acompanhamento da variação de biomarcadores ligados ao consumo de cannabis).

O resultado final das análises é que apenas entre os jovens que se abstiveram da maconha houve significativas melhoras em funções cognitivas ligadas à memória, onde já na primeira semana de abstinência houve uma melhora na capacidade de aprendizado verbal. Segundo os autores, o uso indiscriminado de maconha está fortemente associado com uma interferência negativa no processo de aprendizagem nos adolescentes e jovens adultos, algo mais do que preocupante nessa fase de idade, onde os estudos estão mais concentrados e irão definir o futuro profissional desses indivíduos. Cada vez mais jovens estão se tornando usuários da droga, especialmente na forma de consumo mais perigosa, o fumo (2).

• (2) Leitura mais do que recomendada: Fumo da maconha: lobo sob pele de cordeiro

Agora, os pesquisadores querem realizar estudos a longo prazo para avaliar se outras funções cerebrais são melhoradas e se as funções cognitivas de aprendizado e memória continuam melhorando com um tempo ainda maior de abstinência. No próximo estudo, os autores esperam estender o período de análise clínica para 6 meses e incluir participantes ainda mais jovens, de 13 a 19 anos.

É importante que as pessoas tenham consciência de que o uso medicinal dos compostos existentes nos extratos de maconha não é nem de longe equivalente ao uso indiscriminado e recreativo, onde neste último não existe dosagem, isolamento dos princípios ativos de interesse, acompanhamento médico e, muitas vezes, real necessidade médica (2).


Publicação do estudo: Psychiatrist

Referência adicional: MGH