Estudo mostra que o uso a longo prazo de maconha causa danos no cérebro
Um novo estudo liderado pela pesquisadora Ana Sebastião no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, Portugal, junto com seu time de pesquisa e colaboradores da Universidade de Lancaster, Reino Unido, mostrou que o consumo a longo prazo de Cannabis ou drogas baseadas em Cannabis (maconha) causa danos na função de memória e aprendizado do tecido cerebral. Cannabis é um gênero de plantas angiospermas que inclui três espécies, e cujas partes secas são usadas paras a produção de maconha/marijuana.
O estudo foi publicado esta semana no Journal of Neurochemistry e revelou as implicações tanto para os usuários recreativos da droga quanto para pessoas que usam o Cannabis com o objetivo de combater epilepsia, esclerose múltipla e dores crônicas.
Com a legalização em vários países de Cannabis ou de drogas a base de Cannabis, existe um aumento no número de usuários de longo prazo e em mais potentes variedades disponíveis para o uso recreativo. Já é sabido que o consumo pesado e regular de Cannabis aumenta o risco de desenvolvimento de problemas mentais, incluindo psicose e esquizofrenia. No entanto, pouco se sabe sobre os potenciais efeitos colaterais negativos da exposição a longo prazo aos canabinoides presentes nos extratos da planta.
- Continua após o anúncio -
Para esclarecer essa questão, os pesquisadores estudaram os efeitos de uma droga específica de canabinoide (chamada WIN 55,212-2) e encontraram que ratos expostos por longo prazo a essa droga - intermitente (30 dias) e 1 mg/kg - tinham significativos prejuízos na memória e não mais conseguiam discriminar entre um objeto familiar e um novo. Além disso, o escaneamento cerebral desses animais mostrou que a droga causa danos em regiões cruciais no cérebro envolvidas no aprendizado e na memória. Também foi apontado que a exposição crônica prejudica a habilidade das regiões cerebrais envolvidas no aprendizado e na memória de se comunicarem entre si, provavelmente sendo a causa dos danos na memória de reconhecimento. Os modelos baseados nesses roedores representam bem efeitos esperados em humanos para essas funções cerebrais a longo prazo.
- Continua após o anúncio -
"Importante, nosso trabalho mostra claramente que o consumo prolongado de canabinoide, quando não feito para razões médicas, possui um impacto negativo nas funções cerebrais, principalmente na memória. É importante entender que o mesmo medicamento pode tanto re-estabelecer o equilíbrio neural sob certas condições enfermas, como na epilepsia ou na esclerose múltipla, quanto também pode causar um marcante desbalanço em indivíduos saudáveis. Assim como para todos os medicamentos, as terapias a base de canabinoides não possuem apenas ações benéficas de combate às doenças, mas também efeitos colaterais," disse Ana Sebastião em entrevista (1).
Aliás, estudos anteriores do grupo de pesquisa liderado por Ana já tinham identificado prejuízos para a memória com a exposição aos canabinoides mesmo a curto prazo.
IMPORTANTE: Além dos compostos ativos no Cannabis, o fumo da maconha também é bastante prejudicial por causa da tóxica fumaça gerada. Para saber mais, acesse: Fumo da maconha: lobo sob pele de cordeiro
Compartilhe:
(1) Lancaster University
Publicação do estudo: JNC
Estudo mostra que o uso a longo prazo de maconha causa danos no cérebro
Reviewed by Saber Atualizado
on
agosto 14, 2018
Rating: