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Estudo no Brasil não encontra eficácia da hidroxicloroquina para casos leves e moderados de COVID-19



Em meio ao avanço da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e da sua doença associada (COVID-19), várias alternativas terapêuticas medicamentosas têm sido testadas para tratar ou mesmo prevenir a infecção pelo SARS-CoV-2. Evidências iniciais em estudos in vitro indicaram que os fármacos hidroxicloroquina e cloroquina tinham potencial para o tratamento da COVID-19. Porém, vários estudos clínicos randomizados e de grande porte publicados nos últimos meses encontraram que ambos os fármacos são ineficazes para qualquer tipo de estratégia terapêutica contra a COVID-19, seja visando casos leves, seja visando casos graves. No entanto, aqui no Brasil, esses fármacos se transformaram em bandeira política, sendo arduamente defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro como uma solução para a epidemia que se alastra no país, mesmo sem evidência científica de suporte.

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(IPara mais informações, acesse: 
> Observação: A cloroquina praticamente já não é mais usada em estudos clínicos visando pacientes com COVID-19, apenas a hidroxicloroquina. Além de mostrar uma eficácia antiviral in vitro três vezes menor contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) - e também ineficácia em humanos -, esse fármaco é 40% mais tóxico do que a hidroxicloroquina.

> Para mais informações sobre a hidroxicloroquina e a cloroquina, acesse: Cloroquina e hidroxicloroquina são efetivos contra o novo coronavírus?
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Nesse sentido, mais um estudo randomizado de alta qualidade e de considerável porte, publicado no periódico The New England Journal of Medicine (1), também não encontrou eficácia clínica da hidroxicloroquina - com ou sem azitromicina (um antibiótico que supostamente potencializa a ação antiviral da hidroxicloroquina) - no tratamento de pacientes com COVID-19 (quadros leves e moderados). 

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O estudo envolveu a randomização de 667 pacientes de diferentes centros hospitalares no Brasil em três diferentes grupos de tratamentos que não estavam precisando de suplementação de oxigênio (casos leves) ou requerendo um máximo de 4 litros de oxigênio suplementar por minuto (casos moderados). Os pacientes foram hospitalizados com 14 ou menos dias de sintomas, e a maioria foi submetida à randomização e início do tratamento dentro de 10 dias após o início dos sintomas (média de 7 dias). A idade média dos pacientes era de 50 anos e 58% eram homens.

Entre os pacientes recrutados, 504 deles tinham COVID-19 confirmada (RT-PCR), com o restante excluído da análise clínica. Cada grupo recebeu 168 pacientes e uma intervenção específica: tratamento padrão isolado; tratamento padrão + hidroxicloroquina (uma dose de 400 mg duas vezes ao dia); ou tratamento padrão + hidroxicloroquina (2x400 mg/dia) + azitromicina (500 mg/dia). O período de tratamento medicamentoso durou 7 dias. Os pesquisadores buscaram analisar os resultados clínicos das intervenções no 15° dia após o início do tratamento, mas os dados gerais de evolução do quadro clínico foram coletados diariamente.

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Analisando os resultados clínicos de forma comparativa entre os grupos, os pesquisadores não encontraram qualquer diferença significativa entre o tratamento padrão e o uso adicional de hidroxicloroquina com ou sem azitromicina. No entanto, alterações preocupantes do ritmo cardíaco e elevação de níveis de enzimas hepáticas (indicando possíveis lesões no fígado) foram mais frequentes nos dois grupos recebendo hidroxicloroquina do que naqueles que não receberam esse fármaco.

Um total de 43 pacientes precisaram de ventilação mecânica ao final de 15 dias (11% recebendo hidroxicloroquina + azitromicina; 7,5% recebendo apenas hidroxicloroquina; e 6,9% do grupo de controle). Já no número médio de dias vivos e livres de suporte respiratório, todos os três grupos apresentaram o mesmo valor: 11 dias. Um total de 18 pacientes morreram no hospital durante o teste clínico (5 pacientes recebendo hidroxicloroquina + azitromicina; 7 pacientes recebendo apenas hidroxicloroquina; e 6 pacientes no grupo de controle).

Em relação à segurança das intervenções clínicas, mais eventos adversos foram reportados nos pacientes recebendo hidroxicloroquina + azitromicina (39,3%) ou hidroxicloroquina (33,7%) do que naqueles do grupo de controle (22,6%). Prolongação do intervalo de QTc - medida de eletrocardiograma usado para avaliar algumas das propriedades elétricas do coração - foi mais comum em pacientes recebendo hidroxicloroquina com ou sem azitromicina.

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Apesar do estudo não ter sido duplo cego - foi open-label, ou seja, os pacientes sabiam o que estavam recebendo - e ter ocorrido alguns casos de desvio de protocolo devido à escassez de medicamentos em alguns centros hospitalares, os resultados corroboram estudos prévios de mais alta qualidade, especialmente o RECOVERY, que não encontraram eficácia na hidroxicloroquina. Além disso, o fato do estudo ter envolvido um número considerável de pacientes e ter sido randomizado (pacientes foram aleatoriamente colocados em um ou outro grupo) compensa boa parte das limitações. 



(1) Publicação do estudo: NEJM

Estudo no Brasil não encontra eficácia da hidroxicloroquina para casos leves e moderados de COVID-19 Estudo no Brasil não encontra eficácia da hidroxicloroquina para casos leves e moderados de COVID-19 Reviewed by Saber Atualizado on julho 23, 2020 Rating: 5

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