Canídeo de 18 mil anos preservado na Sibéria pode ser transição evolutiva lobo-cão
Reportado na BBC (1) e nas redes sociais do Centro de Paleogenética da Universidade de Estocolmo e do Museu de História Natural Sueco, pesquisadores estão tentando determinar se um extremamente bem preservado filhote de canídeo de 18 mil anos de idade encontrado na fria região da Sibéria pertence a um cão (Cannis familiaris ou, se subespécie do lobo-cinzento, Canis lupus familiaris) ou a um lobo (Canis). O sequenciamento do DNA extraído até o momento têm sido incapaz de determinar a espécie, devido a características únicas que aparentemente o distingue de cães e lobos. Segundo os cientistas, o fantástico achado pode representar o elo evolucionário entre lobos e cães modernos, ou mesmo o ancestral comum! Caso seja um cão, será o mais antigo já encontrado e provavelmente muito próximo do ancestral comum.
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As atuais evidências sugerem que a domesticação dos cães ocorreu de forma independente em várias partes do mundo, a partir de lobos (gênero Canis). No sudoeste Asiático, esse processo tomou lugar no Natufiano Epipaleolítico Superior (~14500-11600 anos atrás), com a mais antiga evidência tendo origem da zona Mediterrânea do sul do Levante. Em outras regiões do mundo, esse processo pode ter sido iniciado há cerca de 15-30 mil anos. No entanto, um estudo publicado na Nature em 2017 (2), usando taxas de mutação como relógio molecular, sugeriu que a domesticação dos cães ocorreu entre 20 mil e 40 mil anos atrás. É ainda incerto se o início da domesticação dos cães ocorreu por acidente ou se os humanos naquela época conscientemente e sistematicamente começaram a empregar lobos mais mansos para ajudar a protegê-los (alertar contra o perigo), fazê-los companhia e/ou mesmo como uma ferramenta de caça.
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No novo achado, os pesquisadores estão ainda tentando decifrar o enigmático DNA da potencial nova espécie. Sua datação (~18 mil anos) foi realizada via técnica de radiocarbono (2). O canídeo, preservado em uma região Russa de terra permanentemente congelada (leste da Sibéria, próximo de Yakutsk), tinha 2 meses de idade quando morreu (3). Sua pelagem - incluindo bigodes -, nariz e dentes estavam todos intactos. Análises genômicas até o momento mostraram que o espécime é do sexo masculino (não houve dissecação do corpo). A dificuldade nas análises genômicas comparativas visando determinar se o espécime é um cão ou um lobo pode indicar ou uma espécie de transição ou mesmo uma espécie pertencente a uma população do ancestral comum, especialmente considerando a idade próxima do limite inferior para o início estimado da primeira domesticação (15-20 mil anos atrás).
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(3) Leitura recomendada: Cientistas encontram fórmula comparativa entre a idade de cães e de humanos
Uma enorme quantidade de dados genômicos já foram acumulados e os cientistas esperam confirmar qual o real cenário evolutivo após a análise do montante. Seja qual for o cenário, o estudo desse espécime irá render um importante melhor entendimento do processo evolutivo de domesticação que marcou a transição dos lobos para os cães.
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O filhote foi nomeado 'Dogor' pelos pesquisadores, nome que significa 'amigo' na linguagem Yakut e também é o início da pergunta que não quer se calar "dog or wolf?" ('cão ou lobo?').
O mais antigo cão já descoberto e confirmado até o momento é representado por uma mandíbula fossilizada de um espécime do Paleolítico Superior, há 14,7 mil anos atrás, na região de Bonn-Oberkassel, na Alemanha.
(1) Referência: BBC
Redes sociais: Centre for Palaeogenetics
(2) Publicação do estudo: Nature
Canídeo de 18 mil anos preservado na Sibéria pode ser transição evolutiva lobo-cão
Reviewed by Saber Atualizado
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novembro 28, 2019
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