Arqueólogos descobrem as imagens que podem ser as mais antigas de cães domesticados - e eles estão de coleira
Arqueólogos reportaram essa semana na Journal of Anthropological Archaeology a descoberta de gravuras em rochas da Península Árabe que podem representar os mais antigos cães domesticados já registrados, em uma idade estimada superior a 8 mil anos. E mais: alguns dos cães parecem estar de coleira!
Em duas regiões da Arábia Saudita - Shuwaymis e em Jubbah -, os pesquisadores encontraram mais de 1400 painéis rochosos de arte com quase 7 mil animais e humanos desenhados por antigos povos. Entre eles, 156 cães em Shuwaymis e 193 em Jubbah. (Nas imagens abaixo, são mostradas alguns dos painéis rochosos com as gravuras junto com imagens com contrastes para facilitar a visualização - pintura branca).
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Todos os cães retratados são de tamanho médio, com orelhas empinadas, focinhos curtos e rabos enrolados - todas características de caninos domesticados. Aliás, são muito parecidos com a moderna raça Canaã, originária de Israel. Em algumas cenas, os cães estão virados contra equídeos selvagens. Em outras, eles estão mordendo os pescoços e barrigas de gazelas e íbexes (espécie de mamífero bovídeo caprino). E em muitas delas, os cães estão amarrados com uma provável coleira a humanos armados com arco e flecha.
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Os elaborados desenhos de grandes grupos de cães caçadores - acima de 21 em alguns painéis rochosos - sugerem populações sustentáveis de criação, e talvez manejadas, ao invés de um ou outro cão aleatório de companhia.
Os pesquisadores não puderam diretamente datar as imagens, mas baseado na sequência de gravuras analisadas, as condições das rochas e o tempo de transição para o pastoralismo, a arte dos cães possui, no mínimo entre 8000 e 9000 anos de idade. Esse valor ultrapassa imagens de cães encontradas em porcelanas Iranianas com idade que não ultrapassa os 8 mil anos. Isso mostra que a domesticação de cães na Península Árabe ocorreu muito antes do que os cientistas achavam.
Mesmo se a arte for mais nova do que estimado pelos arqueólogos, as coleiras são, de longe, as mais antigas já registradas. Até o momento, as mais antigas evidências de coleira para cães vêm de uma pintura no Egito datando em torno de 5500 anos atrás. E em relação a elas, os caçadores Árabes antigos podem ter as usado para manter cães de faro valiosos sempre por perto e protegidos, ou para treinar os cães. No primeiro caso, isso demonstraria que nessa época os cães já eram empregados para executarem diferentes tarefas. Como as coleiras estão ligadas à cintura dos caçadores, isso sugere uma estratégia para manter as mãos livres para o uso do arco e flecha.
Existe também outra possibilidade para as "coleiras". Elas podem não ser coleiras no sentido literal e, sim, apenas uma forma simbólica desses caçadores expressarem o quanto eram ligados e afeiçoados aos cães. Mais trabalho de análise ainda será feito para elucidar a questão.
Juntando essas evidências com fósseis encontrados de antigos cães ao redor do mundo, os especialistas sugerem que os cães nessa época eram cruciais nas caçadas promovidas pelos humanos Pré-Neolíticos. Gazelas rápidas demais para os nossos ancestrais seriam pegas facilmente pelos cães, de forma direta ou indireta (emboscadas, usando os cães para cercar ou direcionar as presas para um local ideal de abate). Aliás, as imagens analisadas mostram que para cada região onde elas foram encontradas eram adotadas diferentes estratégias de caça com os cães - inclusive variando o número deles empregados -, correspondendo aos obstáculos naturais de cada ambiente.
Nesse sentido também, ou os humanos dessa época tinham cruzado cães já domesticados para que melhor se adaptassem aos desertos, ou esses cães representados nas gravações podem ter sido independentemente domesticados a partir do lobo Árabe bem depois dos cães já terem sido domesticados em outras regiões do mundo, entre algo em torno de 15000 e 30000 anos atrás.
(1) Sugestão de artigo: A Evolução Biológica é um FATO
Publicação do estudo: ScienceDirect
Referência adicional: Science
Arqueólogos descobrem as imagens que podem ser as mais antigas de cães domesticados - e eles estão de coleira
Reviewed by Saber Atualizado
on
novembro 17, 2017
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