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Paleontólogos reportaram a descoberta do que pode ser o mais massivo animal que já habitou a Terra

Figura 1. Reconstrução artística do cetáceo Perucetus colossus no seu habitat. 


- Atualizado no dia 4 de março de 2024 - 


A baleia-azul (Balaenoptera musculus) é famosa pelo título de animal mais massivo conhecido que já habitou o planeta, com uma típica massa corporal que pode superar 180 toneladas (1). Agora esse título está sendo novamente disputado. Um estudo publicado em 2023 no periódico Nature (Ref.1) descreveu uma nova espécie extinta de cetáceo - nomeada Perucetus colossus - que habitou o planeta há cerca de 38 milhões de anos e que pode ter alcançado uma massa corporal de até 340 toneladas! Analisando os fósseis, os pesquisadores estimaram que os adultos dessa espécie provavelmente possuíam uma massa corporal em torno de 180 toneladas, apesar de um comprimento corporal inferior àquele das baleias-azuis, em torno de 20 metros. Outro notável traço anatômico no P. colussus encontrado também em outras antigas baleias (2) é a presença de membros traseiros reduzidos.


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Porém, os autores do estudo e outros paleontólogos ainda pedem cautela sobre a massa estimada para o P. colussus, especialmente considerando que o esqueleto associado aos fósseis é extensivamente incompleto, incluindo ausência do crânio. "A coroa pertence [ainda] à baleia-azul," disse o paleontólogo Dr. Nicholas Pyenson em entrevista à Nature (Ref.2). "Elucidar a massa corporal para uma espécie extinta é muito, muito difícil. Os esqueletos são incompletos e nós não sabemos precisamente como colocar a carne associada aos ossos."


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O novo cetáceo descrito, pertencente à família Basilosauridae - extintas baleias da subordem  Archaeoceti que exibiam quatro membros -, habitou os mares do Eoceno Médio. Os fósseis foram descobertos na Formação de Pisco, no Deserto de Ica, uma região costeira do Peru, e incluem até o momento 13 vértebras, 4 costelas e um pedaço do ilíaco (parte pélvica superior do osso coxal) (Fig.2B). Os ossos mostraram ser extremamente densos, com ausência de estruturas porosas e esponjosas típicos de ossos de vertebrados. Aliás, os pesquisadores só tiveram certeza que os fósseis eram reais ossos e não rochas após análise microscópica detalhada. Ossos tão densos e pesados indicam que esses cetáceos mergulhavam com bastante ar nos pulmões, um comportamento comumente observado em animais marinhos que mergulham até baixas profundidades; os densos ossos facilitam o afundamento do corpo. Baleias verdadeiras e dentadas modernas que mergulham a grandes profundidades evoluíram a habilidade de esvaziar completamente a cavidade pulmonar, permitindo ossos bem menos densos. Segundo os pesquisadores, o P. colossus provavelmente vivia em áreas costeiras rasas - e onde produtividade primária era particularmente alta (Fig.1).


Figura 2. Em (A), reconstrução artística (paleoarte) de um espécime adulto de P. colossus, e a silhueta de um humano adulto para efeito de comparação dimensional. O formato da cabeça dessa espécie é especulativo porque nenhuma estrutura craniana foi encontrada; nesse sentido, a paleoarte em questão reflete o formato comum encontrado para outros basilossaurídeos. Em (B), ilustração indicando os ossos fossilizados associados ao P. colussus. Os ossos em questão possuem o mais alto grau conhecido de aumento de massa, uma adaptação associada com mergulhos marinhos rasos. Ref.1-2


Figura 3. Pesquisadores perfurando um osso de P. colossus para estudar a densidade e estrutura interna.

 
Figura 4. Paleontóloga Dra. Rebecca Bennion posando ao lado de algumas das vértebras fossilizadas do P. colossus. Análise dos ossos sugere que o estilo de nado desse cetáceo era baseado em ondulação axial, observado nos peixes-bois modernos (Trichechus spp.).

Com base nas análises dimensionais dos ossos fossilizados, os pesquisadores estimaram que o P. colossus alcançava uma massa corporal entre 85 e 340 toneladas na fase adulta, com um valor razoável de ~180 toneladas (!). Essa estimativa coloca essa espécie rivalizando com as baleias-azuis pelo título de animal mais massivo conhecido, e também aponta que o pico de massa durante a evolução dos cetáceos já tinha sido alcançado ~30 milhões de anos antes do que previamente assumido. Por outro lado, o comprimento corporal estimado do P. colossus não era tão impressionante comparado com os cetáceos modernos, em torno de ~20 metros.


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(!) ATUALIZAÇÃO: Um estudo publicado no periódico PeerJ (Ref.4), reanalisando os fósseis do P. colossus, estimou que a espécie alcançava uma massa corporal de 60-70 toneladas, assumindo um comprimento corporal de 17 metros. Os autores do estudo estimaram um máximo de massa para a espécie de 98-114 toneladas para indivíduos alcançando 20 metros em comprimento. Massas maiores tornariam o animal muito denso para ser viável como um mamífero marinho. Essas estimativas são bem inferiores do que a massa corporal estimada para as maiores baleias-azuis conhecidas (~33 metros), em torno de 270 toneladas. Segundo os resultados do estudo, é provável que o P. colossus rivalizaria hoje - em termos de dimensões corporais - com as cachalotes.

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Como os dentes e crânio do P. colossus são desconhecidos, qualquer hipótese sobre sua dieta e estratégia de alimentação é especulativa. Considerando baixas velocidades de nado assim como hábitos bênticos em águas rasas e agitadas, e a enorme quantidade de comida que seria necessária para sustentar esse cetáceo gigante, os pesquisadores propuseram alguns cenários. Similar aos sirênios modernos (ex.: peixe-boi), o P. colossus pode ter se alimentado de grama marinha e/ou alga marinha, mas isso faria essa espécie o único cetáceo herbívoro conhecido, um cenário improvável. Alternativamente, o P. colossus pode ter se alimentado de fauna bêntica, sedentária ou séssil (ex.: crustáceos, moluscos e peixes demersais). Finalmente, o P. colossus pode ter se alimentado de fontes de alimento de baixo custo e alta energia associadas a carcaças de vertebrados afundados - similar a vários tubarões modernos demersais de grande porte.


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> O registro fóssil dos cetáceos fornece uma das mais notáveis documentações de uma transição evolucionária de estilo de vida. Essa transição trouxe um grupo totalmente terrestre de mamíferos de volta à água, >300 milhões de anos após o primeiros tetrápodes saírem do mar. Para mais informações: Evolução Biológica é um FATO CIENTÍFICO


> Gigantismo evoluiu de forma convergente relativo aos cetáceos em répteis marinhos extintos que também retornaram ao mar, particularmente Ictiossauros. Para mais informações: Cientistas revelam o maior réptil marinho até o momento conhecido

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REFERÊNCIAS

  1. Bianucci, G., Lambert, O., Urbina, M. et al. A heavyweight early whale pushes the boundaries of vertebrate morphology. Nature (2023). https://doi.org/10.1038/s41586-023-06381-1
  2. https://www.nature.com/articles/d41586-023-02457-0
  3. https://unmsm.edu.pe/noticias-y-eventos/noticias/noticia-detalle/excepcional-hallazgo-sanmarquinos-descubren-restos-del-animal-mas-pesado-que-habito-la-tierra
  4. Motani et al. (2024). Downsizing a heavyweight: factors and methods that revise weight estimates of the giant fossil whale Perucetus colossus. PeerJ, 12:e16978. https://doi.org/10.7717/peerj.16978

Paleontólogos reportaram a descoberta do que pode ser o mais massivo animal que já habitou a Terra Paleontólogos reportaram a descoberta do que pode ser o mais massivo animal que já habitou a Terra Reviewed by Saber Atualizado on agosto 02, 2023 Rating: 5

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