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Evidências sugerem um fator de proteção do zinco na redução de risco de COVID-19 severa

- Atualizado no dia 12 de março de 2021 -

 
Dois recentes estudos - um de revisão e o outro observacional retrospectivo - trouxeram evidências sugerindo que níveis mais baixos de zinco no sangue está associado com maiores riscos de desenvolvimento de um quadro mais severo da COVID-19. Níveis adequados de zinco e também de vitamina D (!) têm sido sugeridos de diminuírem os riscos de casos mais graves da COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus, SARS-CoV-2), mas evidências científicas se suporte ainda continuam limitadas - apesar da óbvia recomendação de sempre tentar manter os níveis de micronutrientes (vitaminas e minerais) adequados para garantir um ótimo funcionamento do organismo. Consumo além dos níveis adequados desses micronutrientes não está associado com benefícios terapêuticos e excessos podem ser prejudiciais.


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(I) Leitura recomendada: Níveis adequados de vitamina D podem prevenir casos severos de COVID-19, sugerem estudos


O primeiro estudo foi uma revisão da literatura acadêmica publicada no periódico International Journal of Molecular Medicine (Ref.1) e encontrou evidência de que a suplementação com zinco (Zn) pode ajudar a diminuir os riscos de infecção pelo SARS-CoV-2 e de agravamento da COVID-19. O zinco é um mineral essencial necessário para o metabolismo normal e funcionamento dos sistemas reprodutivo, cardiovascular e nervoso, e também importante para o sistema imune, em particular para a proliferação e maturação de células-brancas (leucócitos). Além disso, um aumento nas concentrações intracelulares de zinco eficientemente dificultam a replicação/reprodução de um número de vírus.


Segundo os autores do estudo de revisão, a deficiência nesse micronutriente é comum ao redor do mundo (estimada em mais de 1,5 bilhão de pessoas), especialmente em regiões com alto consumo de cereais e baixo consumo de proteína animal. Na Rússia, essa deficiência nutricional afeta 20-40% da população, e em algumas regiões atinge a taxa de 60%. Segundo os autores da revisão, a suplementação com zinco em indivíduos deficientes pode ajudar a frear a replicação do vírus no organismo e até mesmo reduzir danos derivados de processos inflamatórios e suprimir infecções secundárias associados à COVID-19.


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No estudo retrospectivo (Ref.2), apresentado na Conferência ECCVID (ESCMID Conference on Coronavirus Disease) (!) - realizada de forma online nos dias 23 a 25 de setembro - pesquisadores analisaram os dados clínicos de pacientes sintomáticos, com COVID-19 confirmada e admitidos em um hospital universitário (Hospital del Mar) em Barcelona, Espanha, durante o período de 15 de março de 2020 até 30 de abril de 2020. Dados demográficos, condições crônicas pré-existentes, resultados laboratoriais e tratamento foram coletados. Severidade clínica da COVID-19 foi avaliada na admissão hospitalar. Níveis de zinco no plasma sanguíneo (jejum) foram medidos rotineiramente na admissão em todos os pacientes recebidos na Unidade de COVID-19. Análises computacionais e estatísticas foram então realizadas para avaliar os impactos do zinco na mortalidade.


Os pacientes analisados de forma preliminar - total de 611 - tinham uma idade média de 63 anos, e 332 deles eram do sexo masculino (55%). Durante o período de coleta de dados, 87 pacientes morreram (14%). Devido à chegada da segunda onda da pandemia na Espanha, apenas 249 pacientes do total foram incluídos - amostra representativa da população - na análise final (dos quais 21 morreram, 8%). 


A média dos níveis de zinco encontrada entre os 249 pacientes era de 61 mcg/dL. Entre aqueles que morreram, os níveis de zinco mostraram-se significativamente menores (43 mcg/dL) do que nos sobreviventes (63,1 mcg/dL). Maiores níveis de zinco estavam associados com níveis máximos mais baixos de interleucina-6 (proteína que indica inflamação sistêmica) durante o período de infecção ativa.


Após ajustar os dados por idade, sexo, severidade e uso/não-uso de hidroxicloroquina (I), as análises estatísticas mostraram que cada unidade de aumento do zinco no plasma sanguíneo na admissão ao hospital estava associado com uma redução de 7% no risco de mortalidade intra-hospitalar. Ter um nível de zinco no plasma menor do que 50 mcg/dL na admissão estava associado com um aumento de 2,3 vezes o risco de morte intra-hospitalar comparado com pacientes com um nível de plasma de 50 mcg/dL ou maior.


Como o estudo é observacional, não é possível estabelecer causa e efeito, e outros co-fatores podem explicar a associação entre menor taxa de mortalidade e maior concentração de zinco no plasma sanguíneo. Segundo os pesquisadores, mais estudos são necessários para comprovar ou refutar a ação terapêutica/preventiva encontrada para o zinco contra a COVID-19 em pacientes com baixos níveis ou deficientes nesse micronutriente - especificamente estudos clínicos randomizados placebo-controlados de grande porte.


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(!) ATUALIZAÇÃO (12/03/21): O estudo foi agora publicado no periódico Nutrients (Ref.7), e encontrou que a mortalidade em pacientes com baixo nível de zinco circulante (<50 μ/dl no sangue) foi de 21% comparado a 5% naqueles com maiores níveis circulantes desse nutriente. No geral, 1 em cada 4 pacientes no grupo analisado (249 pacientes) estava com baixos níveis de zinco, fator este associado com mais severos sintomas e maiores níveis de inflamação (marcadores CRP e IL-6). A média dos níveis de zinco nos pacientes que sobreviveram à doença era de 62 μ/dl vs 49 μ/dl naqueles que morreram. Testes in vitro também realizados no estudo indicaram que baixos níveis de zinco favorecem a expansão viral em células infectadas com o SARS-CoV-2. Nesse sentido, os pesquisadores recomendaram a suplementação com zinco nos pacientes com baixos níveis desse micronutriente.

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De qualquer forma, como zinco é um mineral essencial para o corpo, manter níveis adequados no organismo é sempre recomendado, especialmente em tempo de pandemia viral. E alerta: no caso de suplementação com zinco, esta deve apenas visar níveis adequados do micronutriente no corpo. O excesso desse mineral também é prejudicial, estando associado à supressão da resposta imune, diminuição da lipoproteína de alta densidade HDL e à redução das concentrações de cobre no plasma. 


Aliás, um estudo clínico randomizado publicado recentemente no periódico JAMA (Ref.8), englobando 214 pacientes, não encontrou benefício clínico na administração de altas doses de zinco no tratamento de pacientes ambulatoriais infectados pelo SARS-CoV-2. Os participantes foram divididos em quatro grupos (1:1:1:1): um tomando gluconato de zinco (50 mg), outro tomando ácido ascórbico (vitamina C) (8000 mg), um grupo tomando ambos os micronutrientes, e um grupo apenas com o tratamento convencional durante 10 dias. Nenhuma diferença clínica significativa entre os grupos foi observada ao longo do período de estudo.


> O zinco possui funções catalíticas, estruturais e regulatórias, e é absorvido a partir da dieta no intestino delgado - liberado dos alimentos como íons livres (Zn2+). Cerca de 70% do zinco na circulação sanguínea está ligado à proteína albumina, e apesar de apenas 0,1% do zinco no corpo estar no sangue, as concentrações aumentam rápido para atender necessidades específicas nos tecidos. Em homens com mais de 10 anos de idade, níveis normais de zinco no plasma sanguíneo ficam entre 61-74 mcg/dL dependendo do estado de jejum e horário do dia; mulheres não-grávidas, 59-70 mcg/dL; grávidas 50-56 mcg/dL dependendo também do trimestre de gravidez; crianças 57-65 mcg/dL. No geral, as recomendações diárias de ingestão (RDI) do zinco são de 11 mg/dia para homens e 8 mg/dia para mulheres adultas. Em algumas fases da vida, as necessidades deste mineral estão aumentadas, como na gestação, infância, puberdade e senilidade.


> FONTE DE ZINCO NA DIETA: Alimentos ricos em zinco incluem carne vermelha, carne de porco, caranguejo e, especialmente, ostra (>10x a concentração na carne vermelha). Boas fontes de zinco incluem carne de porco, lagosta, feijão, noz, amêndoa, farinha de aveia, sementes secas de abóbora, carne de frango, caju (seco e torrado), laticínios e grãos integrais. Fitatos - compostos presentes em cereais, legumes e outros alimentos de origem vegetal - se ligam ao zinco e dificultam sua absorção, mas mesmo assim muitos alimentos vegetais são boas fontes desse mineral. Apesar de certas populações apresentarem uma maior taxa de prevalência de deficiência em zinco, a maioria das pessoas não precisam se suplementar com esse micronutriente, porque já conseguem quantidade suficiente a partir da alimentação.


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(I) lembrando que a hidroxicloroquina é comprovadamente ineficaz contra a COVID-19. Para mais informações, acesse: Hidroxicloroquina é ineficaz, e, junto com azitromicina, aumenta o risco de morte, conclui revisão

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REFERÊNCIAS

  1. https://www.spandidos-publications.com/10.3892/ijmm.2020.4575 
  2. https://www.eurekalert.org/pub_releases/2020-09/esoc-lzl092220.php
  3. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3724376/
  4. https://www.healthdirect.gov.au/zinc
  5. http://www.braspen.com.br/home/wp-content/uploads/2016/12/16-A-import%C3%A2ncia-do-zinco-na-desnutri%C3%A7%C3%A3o-humana.pdf
  6. https://www.redalyc.org/pdf/260/26019329014.pdf
  7. https://www.mdpi.com/2072-6643/13/2/562
  8. https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2775740

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