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Níveis adequados de vitamina D podem ajudar a prevenir COVID-19 severa, sugerem estudos


- Atualizado no dia 7 de junho de 2021 -

O surto pandêmico de COVID-19 - doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 - impôs catastróficos impactos em inúmeros países, especialmente entre a população mais idosa. Atualmente, existe um número limitado de medicamentos com comprovada eficácia terapêutica, mas nenhum tratamento realmente efetivo ou vacina, o que têm levado muitos pesquisadores a buscarem alternativas que possam reduzir o número de casos severos da doença e consequentemente reduzir as taxas de mortalidade. Duas dessas apostas é a vacina da BCG e a suplementação com zinco (visando um quadro de deficiência nutricional), apesar das evidências muito limitadas e/ou conflitantes (1). Outro suspeito fator de proteção tem ganhado um importante - apesar de ainda relativamente limitado - acúmulo de evidências favoráveis: status da vitamina D no corpo.


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Dados clínicos obtidos de pacientes com COVID-19 têm reportado altas concentrações de citocinas (sinalizadores inflamatórios e imunes) como GCSF, IP10, MCP1, MlP1A e TNFα em pacientes admitidos nas UTIs, o que indica a presença resposta inflamatória e imune exagerada em casos severos da doença (2), em meio a uma escassez de células-B de memória. O sistema imune inato (em populações muito jovens) e o adaptativo (populações idosas) atuam de forma importante na regulação dos níveis de citocina nas infecções virais. O impacto da vitamina D na otimização das respostas imunes (incluindo gripe e outros coronavírus) têm sido amplamente estudado e firmemente estabelecido. A vitamina D pode potencialmente também regular e suprimir a tempestade de citocina (3), diminuindo o risco de um quadro mais severo de COVID-19.

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(1) Leitura recomendada: A vacina BCG pode combater o coronavírus, sugerem cientistas
(2) Essa é uma das formas propostas para explicar os sérios danos que o SARS-CoV-2 causa no corpo. Para mais informações, acesse: Como o COVID-19 mata? Incerteza traz grave alerta para tratamentos utilizados a esmo
(3) Existe dúvida no meio acadêmico sobre a real presença de uma "tempestade de citocina" na COVID-19, apesar de ser reconhecido um excesso na resposta imune e inflamatória associada à doença. Para mais informações, acesse: Últimas da pandemia: Dexametasona e outros corticoesteroides são eficazes contra a COVID-19
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A aberrante resposta dos sistema imune inato nos idosos  (comparada com aquela de pacientes mais jovens) pode aumentar o risco da carga viral, o que intensifica a ativação do sistema imune adaptativo e produção da tempestade de citocina nessa população. A sugerida tempestade de citocina pode exacerbar os efeitos da pneumonia, falha renal aguda, falha cardíaca aguda, entre outras complicações. Mesmo dano pulmonar moderado devido à tempestade de citocina pode levar a uma hipoxemia letal em pacientes com comorbidades pré-existentes, como hipertensão e diabetes.

Nesse caminho, muitos pesquisadores têm sugerido inclusive uma potencial associação entre vitamina D e taxa de mortalidade durante a pandemia da Gripe Espanhola de 1918-1919, também através da supressão de níveis excessivos de citocinas no sangue dos infectados. Algo similar pode estar se espelhando na atual pandemia.

> Abaixo, seguem atualizações sobre estudos revisados por pares sendo publicados sobre a relação entre vitamina D e COVID-19, todos reforçando a relação positiva entre níveis adequados desse nutriente no corpo e evolução menos severa da doença.

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ATUALIZAÇÃO (12/05/20): Em um estudo publicado no periódico Irish Medical Journal (Ref.1), pesquisadores da Trinity College Dublin pediram ao governo da Irlanda para reforçar as recomendações no país para uma maior suplementação de vitamina D. No estudo, os autores analisaram todos estudos Europeus sobre níveis de vitamina D na população adulta desde 1999, e compararam as tendências com as taxas de mortalidade ao longo da Europa. Os resultados, contra-intuitivos, mostraram que os países Europeus em mais baixas latitudes - como o Norte da Itália e a Espanha - eram os que expressavam as mais baixas concentrações de vitamina D e mais altas taxas de deficiência nesse nutriente, mesmo sob maior incidência solar. Já países Nórdicos - Noruega, Finlândia e Suécia - eram os que expressavam os maiores níveis de vitamina D, devido ao maior nível de suplementação e fortificação de alimentos. E as taxas de infecção e de morte por COVID-19 - reforçando vários estudos prévios - mais uma vez se mostraram intimamente ligadas aos níveis de vitamina D, de forma inversamente proporcional.

ATUALIZAÇÃO (27/07/20): Em um estudo publicado no periódico The FEBS Journal (Ref.2), pesquisadores do LHS (Servições de Saúde Leumit) e da Faculdade de Medicina da Universidade de Bar-Ilan, em Israel, analisaram dados clínicos de 782 pacientes com COVID-19 e 7025 pacientes sem COVID-19. Eles encontraram que um baixo nível de vitamina D no plasma sanguíneo mostrou ser um fator independente para um maior risco de infecção com o SARS-CoV-2 e necessidade de hospitalização. Entre os testados positivos, a média de concentração de vitamina D no plasma era significativamente menor (19 ng/mL) do que naqueles testados negativos (20,55 ng/mL), e a associação positiva entre baixo nível de vitamina D e maior vulnerabilidade à COVID-19 persistiu mesmo levando em consideração diversos co-fatores, como idade, comorbidades e sexo.

ATUALIZAÇÃO (04/09/20): Um estudo retrospectivo publicado no periódico JAMA Network Open (Ref.3), analisando os dados clínicos de 489 pacientes do Centro Médico da Universidade de Chicago - e cujos níveis de vitamina D foram medidos dentro de um ano antes de serem testados para a COVID-19 -, encontrou que aqueles com deficiência de vitamina D (<20 ng/mL) que não foram tratados eram quase duas vezes mais prováveis de testarem positivo para a infecção com o novo coronavírus (SARS-CoV-2) quando comparados com pacientes que tinham níveis adequados da vitamina.

ATUALIZAÇÃO (26/09/20): Um estudo publicado na PLOS ONE (Ref.4) analisou prospectivamente 235 pacientes hospitalizados com COVID-19 em um mesmo centro hospitalar, onde 74% apresentavam um quadro severo da doença e 32,8% tinham níveis adequados de vitamina D (níveis no sangue de 25-hidroxivitamina D acima de 30 ng/mL). Após ajuste para co-fatores, os pesquisadores encontraram uma significativa associação entre suficiência de vitamina D e redução na severidade clínica da COVID-19, taxa de mortalidade, níveis sanguíneos de proteína C-reativa (CRP, um marcador inflamatório) e um aumento na porcentagem de linfócitos (um tipo de célula imune). Apenas 9,7% dos pacientes com mais de 40 anos de idade que tinham níveis adequados de vitamina D sucumbiram para a infecção comparado a 20% daqueles com um nível de 25(OH)D menor do que 30 ng/mL. A redução no CRP sanguíneo, junto com um aumento na porcentagem de linfócitos, sugere que níveis adequados de vitamina D pode ajudar a modular a resposta imune possivelmente ao reduzir o risco de um excesso de resposta inflamatória ("tempestade de citocinas") associada à infecção viral. Os pesquisadores concluíram que uma melhora no status de vitamina D na população em geral e em pacientes hospitalizados possui o potencial de reduzir a severidade e mortalidade associadas à COVID-19.

ATUALIZAÇÃO (25/11/20): Em um estudo retrospectivo publicado hoje no periódico Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (Ref.7), pesquisadores encontraram que 82% de 216 pacientes com COVID-19 no Hospital Universitario Marqués de Valdecilla, Espanha, tinham deficiência em vitamina D, com os homens tendo menores níveis dessa vitamina do que as mulheres. Na média, os níveis de 25OHD (metabólito associado à vitamina D) nos pacientes eram de ~14 ng/mL, enquanto a média de um grupo de controle analisado (197 indivíduos) era de 21 ng/mL. Pacientes deficientes em vitamina D tinham uma maior prevalência de hipertensão e doenças cardiovasculares, maiores níveis de marcadores inflamatórios como ferritina e troponina, assim como um mais longo tempo de hospitalização do que aqueles com níveis de 25OHD maiores do que 20 ng/mL. No entanto, não foi encontrada relação direta entre concentração de vitamina D no sangue e severidade da doença. Segundo os pesquisadores, tratamento com vitamina D deveria ser recomendado para pacientes com COVID-19 com baixos níveis de vitamina D circulantes no sangue. Essa estratégia pode ter efeitos positivos nos sistemas musculoesquelético e imune, apesar de ser incerto se aumentar o nível dessa vitamina depois da instalação da doença terá algum benefício clínico. 

ATUALIZAÇÃO (07/06/21):  Para superar parte das limitações dos estudos observacionais publicados até o momento sugerindo uma possível relação entre níveis adequados de vitamina D no organismo e menor risco de suscetibilidade a uma progressão mais severa da COVID-19, um estudo publicado no periódico PLOS Medicine (Ref.10) conduziu uma análise randomizada Mendeliana investigando variantes genéticas fortemente associadas com o aumento dos níveis endógenos de vitamina D. A análise genética englobou 14134 indivíduos com COVID-19 e mais de 1,2 milhão de indivíduos sem a doença de 11 países. Com base nos resultados da análise, os pesquisadores concluíram que não havia associação entre os níveis de vitamina D e o risco de hospitalização ou progressão severa da COVID-19, reforçando que suplementação extra com vitamina D em indivíduos sem deficiência provavelmente não influencia na curso clínico da doença. Como o estudo não analisou dados específicos de indivíduos com real deficiência de vitamina D, os resultados não esclareceram se suplementação de vitamina D nesses indivíduos traz benefícios específicos contra a COVID-19. .
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Baseando-se em dados de estudos prévios, alguns especialistas estimam que a eliminação dos quadros mais graves de deficiência em vitamina D e um nível normal desse nutriente no corpo de todos na população pode reduzir os casos severos de COVID-19 em até 15% (Ref.5). Além dos estudos acima mencionados, cientistas também destacam que:

- Na população afro-americana a prevalência de deficiência de vitamina D é de 89-90%, e é a mais afetada na epidemia de coronavírus nos EUA.

- Na Europa, região que também muito afetada pela pandemia, a deficiência de vitamina D também é muito prevalente (até 90%), com exceção dos países Nórdicos (15-30%, devido ao maior consumo de peixes gordos e de laticínios fortalecidos com vitamina D), que, coincidentemente, sofreram menos com a pandemia.

- Deficiência em vitamina D e COVID-19 compartilham padrões de prevalência para hipertensão, diabetes, obesidade, idade avançada e sexo masculino.

- Deficiência em vitamina D causa hipertensão, danos no sistema imune - como linfocitopenia -, e problemas trombóticos, todos fatores de risco importantes para a evolução de quadros mais graves de COVID-19. 


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          É válido mencionar  que as evidências acumuladas até o momento são oriundas de estudos observacionais (retrospectivos e prospectivos), e estudos clínicos randomizados duplos-cegos são necessários para corroborar ou refutar a conclusão alcançada. No entanto, considerando que estamos no meio de uma pandemia, e sem muitas alternativas efetivas de tratamento ou de prevenção, é mais do que válido buscar manter os níveis recomendados de vitamina D, seja via natural - exposição solar moderada entre os horários de 10:00 am e 16:00 pm, ou alimentos ricos nesse nutriente (peixes gordos, queijo, fígado e gema de ovo) - ou via suplementação. Somando-se a isso, o organismo vai estar mais protegido e forte de uma forma geral (4), já que qualquer deficiência nutricional é prejudicial. Lembrando, porém, que excessos de suplementação - acima das quantidades diárias recomendadas - não estão associados com benefícios.

> (4) Leitura recomendada: Cor da pele, evolução e a vitamina D


IMPORTANTE: Apesar de níveis adequados de vitamina D no corpo (consumo diário recomendado) poderem estar associados com uma menor prevalência/gravidade de COVID-19 ou maior proteção contra o novo coronavírus (apesar dessa relação ainda ser suportada por evidências ainda limitadas), altas doses da vitamina (maior consumo diário do que o recomendado) não estão associadas com maior proteção contra o SARS-CoV-2. O alerta veio em um estudo publicado no periódico BMJ Nutrition, Prevention & Health (Ref.6) após reportes não verificados de que doses maiores do que 4000IU/dia seriam recomendadas para diminuir o risco de contrair a doença ou mesmo que poderiam ser usadas para tratá-la. Excesso de vitamina D pode trazer sérios prejuízos para o corpo. De fato, um estudo clínico randomizado, duplo-cego e placebo-controlado publicado no periódico JAMA (Ref.9) e avaliando a administração de altas doses de vitamina D em pacientes com COVID-19 moderada a grave não encontrou resultados positivos, reforçando que a vitamina D pode ter algum benefício mas provavelmente caso a caso, em pacientes com deficiência desse nutriente.


CURIOSIDADE: Meta-análises sugerem que a suplementação com vitamina D está associada com uma redução na taxa de mortalidade por câncer em torno de 13% e um estudo mais recente publicado no periódico Molecular Oncology (Ref.8) sugeriu que se todos os adultos na Alemanha tomassem vitamina D como suplementação, até 30 mil mortes por câncer poderiam ser prevenidas anualmente, com um ganho acima de 300 mil anos de vida. 

Níveis adequados de vitamina D podem ajudar a prevenir COVID-19 severa, sugerem estudos Níveis adequados de vitamina D podem ajudar a prevenir COVID-19 severa, sugerem estudos Reviewed by Saber Atualizado on abril 12, 2020 Rating: 5

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