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Novo método macabro de alimentação em cobras foi observado por cientistas


Um estudo publicado hoje no periódico Herpetozoa (1) derrubou mais uma vez a ideia de que as cobras se alimentam apenas engolindo presas inteiras. Pesquisadores encontraram um 'ritual' de alimentação macabro de uma espécie de cobra que habita regiões no Nordeste da Tailândia. Basicamente, a Oligodon fasciolatus usa seus dentes maxilares posteriores para cortar o abdômen da espécie de sapo venenoso Duttaphrynus melanostictus, enquanto este ainda está vivo, então enfia sua cabeça dentro da barriga do anfíbio e se alimenta dos seus órgãos internos. A cobra e o sapo durante o ataque lutam violentamente, com o sapo secretando um líquido tóxico branco sobre o seu dorso e o pescoço. Quando a cobra consegue entrar dentro do sapo, ela puxa alguns dos seus órgãos e os engole. É o primeiro caso conhecido de tal hábito alimentar entre os ofídios.


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Como regra geral, as cobras engolem suas presas inteiras e é anormal que esses répteis rasguem ou cortem em pedaços uma presa antes de consumi-la. No entanto, existem notáveis exceções. Podemos citar várias cobras Asiáticas da família Pareidae, cobras da América Latina da subfamília Dipsadinae (Colubridae) e duas espécies de cobras Norte Americanas (Storeria dekayi e S. occipitomaculata) que se alimentam de caracóis extraindo o conteúdo mole de dentro das suas conchas. Já as espécies Fordonia leucobalia e Gerarda prevostiana despedaçam e consomem partes de caranguejos - provavelmente porque o artrópode inteiro não é possível de ser engolido por essas cobras. Três espécies da família Typhlopoidea se alimentam de cupins ou consumindo pedaços do inseto ou extraindo o conteúdo e deixando o exoesqueleto. Por fim, um número de espécies, incluindo do próprio gênero Oligodon, se alimentam de ovos sem engoli-los inteiros (quebram a casca com os dentes e extraem o conteúdo).


No novo estudo, os cientistas registraram e descreveram o primeiro caso conhecido de uma cobra - espécie O. fasciolatus - que insere sua cabeça dentro da presa - no caso, o sapo venenoso adulto da espécie D. melanostictus - e subsequentemente extrai e consome seus órgãos, descartando o resto da presa. Três observações desse método de caça e alimentação foram feitas pelos pesquisadores, em agosto de 2016, abril de 2020 e junho de 2020, próximo da região de Loei, no Nordeste da Tailândia.



Na primeira observação, uma fêmea adulta de grande porte O. fasciolatus foi observada comendo partes de um D. melanostictus adulto. Os pesquisadores não viram a luta em si, mas o solo ao redor dos dois animais estava cheio de sangue, indicando uma violenta luta que eventualmente matou o sapo. A cobra usou seus dentes maxilares para rasgar através do lado esquerdo do abdômen. Lentamente a cobra inseriu sua cabeça dentro da barriga do sapo através da abertura abdominal feita e subsequentemente puxou para fora órgãos como fígado, coração, pulmão e parte do trato gastrointestinal (incluindo todo o estômago e todo o intestino delgado). A cobra cortou os órgãos em pedaços ainda menores durante o processo de retração, engolindo-os em seguida. Após deixar o resto do sapo morto, a cobra esfregou sua cabeça contra o solo e folhas mortas no chão, para remover partes do intestino e de dois pequenos miriópodes que também aproveitaram a carnificina para se alimentarem.



Na segunda observação, o ataque foi similar mas se estendeu por mais tempo. Mesmo com a cobra já com a cabeça dentro da barriga do sapo, este continuou se movendo na direção de uma poça de água. O sapo também foi observado lançando uma fina névoa de toxinas que atingiu em parte a cabeça da cobra, acompanhada da secreção de um fluído branco - a partir de proeminentes glândulas parótides na região do pescoço e várias pequenas glândulas nas costas - que também cobriu a cabeça da cobra e seus olhos. Após essa tentativa de contra-ataque, o sapo deu um súbito pulo de aproximadamente 2,5 metros de extensão, tentando alcançar a poça. A cobra recuou por 10 minutos antes de reaparecer e vasculhar pelo sapo gravemente ferido. Quando o sapo foi encontrado, a cobra o agarrou pela perna, porém o fluído tóxico novamente acabou atingindo o olho da cobra, fazendo esta recuar novamente. O sapo acabou conseguindo pular para a poça, nadando para um refúgio, onde ficou por aproximadamente 30 minutos. Durante esse período, a cobra limpou o veneno, e foi para o ataque novamente. Encontrando o sapo,  a cobra conseguiu enfiar sua cabeça novamente na ferida abdominal aberta, ganhando acesso aos seus órgãos - como mostrado na imagem de capa deste artigo. Um pulmão colapsado, tecido muscular e possivelmente tecido adiposo foram puxados para fora. O sapo, ainda vivo, acabou finalmente sucumbindo.


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A terceira observação foi similar no ataque, mas com a diferença de que o abdômen foi rasgado na região central (ao invés de um acesso mais lateral). Nesse caso, a cobra, após matar o sapo, deixou temporariamente boa parte do corpo, voltando aproximadamente 5 horas depois para terminar de engolir os órgãos.


Adicionalmente, uma observação foi feita de um O. fasciolatus adulto engolindo inteiro um D. melanosticus juvenil de razoável porte em Phitsanulok, na parte central da Tailândia, em junho de 2020.



O fato de que somente os órgãos foram comidos nos três casos pode ser causado pelo fato dos sapos adultos serem muito tóxicos ou muito grandes para serem engolidos inteiros mesmo por uma O. fasciolatus adulta. Uma combinação dos dois fatores também pode ser aplicada. O fato do sapo adulto juvenil de menor porte ter sido engolido inteiro pode reforçar a hipótese dimensional. Os cientistas também não conseguiram observar a excreção do fluído branco venenoso, o que pode dar suporte para a segunda hipótese.


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Alguns mamíferos e aves predadores com boas capacidades cognitivas têm também demonstrado estratégias similares de alimentação daquela registrada para a cobra O. fasciolatus, no sentido de atacar sapos venenosos ventralmente ou removerem a pele do sapo antes de comer seus órgãos e outras partes. Racuns da espécie Procyon lotor já foram observados nos EUA comendo sapos venenosos da espécie Incilius alvarius a partir da barriga, usando uma pata para segurar a presa e virá-la, e as garras para abrir a cavidade abdominal, com o conteúdo sendo subsequentemente comido. Esses predadores provavelmente não são resistentes às bufotoxinas liberadas por esses sapos.


(1) Publicação do estudo: Herpetozoa


Novo método macabro de alimentação em cobras foi observado por cientistas Novo método macabro de alimentação em cobras foi observado por cientistas Reviewed by Saber Atualizado on setembro 28, 2020 Rating: 5

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