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Últimas da pandemia: Falhas genéticas podem explicar boa parte dos casos graves de COVID-19


Últimas atualizações - estudos revisados por pares mais relevantes - sobre a pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e sua doença associada (COVID-19). No momento, já são mais de 1 milhão de mortes (1008600) confirmadas e mais mais de 33,6 milhões de casos registrados, números provavelmente muito subestimados (número real de mortes pode ser até 30% maior). Nas últimas semanas, recordes e mais recordes de casos diários registrados continuam sendo divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, ultrapassamos as 142 mil mortes confirmadas e já temos mais de 4,7 milhões de casos registrados.


> Menos do que 10% da população adulta Norte-Americana possuía anticorpos contra o SARS-CoV-2 até julho. Mesmo já acumulando mais de 210 mil mortes confirmadas, um estudo publicado no periódico The Lancet (Ref.1) estimou que apenas uma pequena parcela da população Norte-Americana foi infectada pelo SARS-CoV-2. Em específico, os pesquisadores encontraram que até julho deste ano, apenas 9,3% da população adulta nos EUA possuía anticorpos contra o novo coronavírus. Para essa conclusão, os pesquisadores analisaram de forma randômica uma amostra representativa de 28503 pacientes sob diálise ao longo de hospitais Norte-Americanos. Foi encontrada também grande variação entre regiões do país, com prevalência de anticorpos menor do que 5% no oeste e maior do que 25% no nordeste. O achado reforça a importância de que medidas preventivas, como uso de máscara, sejam implementadas com mais rigor nos EUA, porque a maioria esmagadora ainda está suscetível ao vírus.


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> Pelo menos 14% dos casos graves de COVID-19 são explicados por falhas genéticas associadas diretamente ou indiretamente ao sinalizador interferon do tipo I (IFN). Os resultados de dois estudos publicados na Science (Ref.2-3) trouxeram evidência conclusiva de mutações genéticas  favorecendo infecções mais severas da COVID-19. No primeiro estudo, pesquisadores sequenciaram o exoma inteiro de 659 pacientes hospitalizados com grave pneumonia associada à COVID-19, e 534 pacientes com infecção assintomática ou COVID-19 leve. Focando em 13 loci genéticos conhecidos de governar a imunidade IFN TLR3- e IRF7-dependente, pesquisadores encontraram raras perdas de função em variantes de genes associados em 3,5% dos pacientes com COVID-19 severa, mas nenhuma nos casos assintomáticos/leves. O subgrupo de pacientes trazendo as variantes genéticas deletérias (23 no total) tinham idades variando de 17 a 77 anos. O achado também sugere que outros pacientes com quadro severo podem ter mutações em outros genes associados ao IFN. No segundo estudo, pesquisadores analisaram 987 pacientes com grave COVID-19, e encontraram que 101 pacientes tinham auto-anticorpos neutralizantes contra o IFN tipo 1, particularmente o IFN-ω, IFN-a, ou ambos. Em contraste, a mesma análise em 663 pacientes com quadros assintomáticos ou leves de COVID-19 não encontrou nenhum desses auto-anticorpos - os quais (demonstrado in vitro) neutralizam a habilidade dos IFNs tipo I de bloquearam a infecção por SARS-CoV-2. Esses auto-anticorpos foram também observados em 4 de uma amostra de 1227 indivíduos saudáveis no pré-pandemia. Juntos, os estudos sugerem que quase 14% dos casos severos de COVID-19 são devido a falhas genéticas interferindo com o IFN tipo 1, um importante sinalizador do sistema imune. Testes em pacientes para as mutações associadas e presença de auto-anticorpos podem ajudar nas decisões de prioridade dentro dos centros hospitalares, aumentando as chances de sobrevivência dos pacientes.


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> Estatinas parecem reduzir o risco dos pacientes desenvolverem COVID-19 severa. Em um estudo publicado no periódico American Journal of Cardiology (Ref.4), pesquisadores analisaram o registro médico de 170 pacientes com COVID-19 e 5281 pacientes sem a doença (controle) hospitalizados no UC San Diego Health, entre fevereiro e junho deste ano. Entre os pacientes com COVID-19, 27% estavam ativamente usando estatina pelo menos por 30 dias antes da hospitalização e mostraram estar associados com um risco 50% menor de desenvolver uma forma mais severa da doença e a um tempo mais rápido de recuperação. Os pesquisadores sugerem que a ação da estatina de diminuir o colesterol na membrana das células via aumento da produção intracelular de 25-hidroxicolesterol (25HC) dificulta a infecção pelo SARS-CoV-2 - em experimentos in vitro eles demonstram válida essa hipótese, ou seja, aparentemente o vírus precisa de colesterol para facilitar sua entrada no interior celular.


> Imunidade humoral contra o SARS-CoV-2 não parece diminuir significativamente a curto prazo. Em uma carta ao editor no periódico The New England Journal of Medicine (Ref.5), pesquisadores reportaram falta de convincente evidência dando suporte para o alegado rápido decaimento de anticorpos (IgG) SARS-CoV-2-específicos em casos leves de COVID-19 pós-recuperação. Na carta, foi primeiro citado um estudo realizado na China mostrando que respostas de IgG detectadas em pacientes com COVID-19 severa ou leve 9 dias após a emergência da infecção permaneceram altas ao longo do estudo (35 a 40 dias). Esse achado corroboraria um estudo realizado pelos autores da carta mostrando que os níveis de anticorpos IgA e IgG de 151 pacientes recuperados permaneceram altos até 50 a 60 dias após a emergência dos sintomas e que os níveis de IgG permaneceram elevados, com apenas um leve declínio, até 120 dias após a emergência dos sintomas.


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> Redução na testosterona e diferenças em proteínas e células imunes circulantes podem explicar as maiores taxas de mortalidade entre os homens. A incidência de infecção pelo SARS-CoV-2 é maior nas mulheres do que nos homens (cerca de +15%), mas a taxa de mortalidade é bem maior nos homens (cerca de +50%). Várias hipóteses já foram propostas para explicar o porquê da COVID-19 ser mais severa em indivíduos do sexo masculino, mas nenhuma até o momento conclusiva. Dois novos estudos trazem mais duas novas hipóteses. No primeiro, publicado no periódico The Aging Male (Ref.6), pesquisadores analisaram 232 pacientes homens com COVID-19 e encontraram que aqueles que foram a óbito tinham uma concentração de testosterona total circulante significativamente menor do que os sobreviventes. Além disso, analisando 24 homens que tiveram testados seus hormônios gonadais antes da infecção, os pesquisadores encontraram que a taxa de testosterona caiu, na média, de de 458 ± 198 ng/dl para 315 ± 120 ng/dl. Baixos níveis de testosterona prejudicam o sistema imune dos órgãos respiratórios. O SARS-CoV-2 pode estar causando danos que reduzem a produção desse hormônio no corpo - aliás, o vírus consegue infectar células do testículo. No segundo estudo, apresentado online na conferência ECCVID (ESCMID Conference on Coronavirus Diseases) (Ref.7), pesquisadores reportaram que mesmo homens saudáveis apresentam menores níveis de células imunes circulantes, incluindo células-T de memória e células-T CD4+ naive (que não tiveram contanto com antígeno ainda), e de certas moléculas envolvidas em processos inflamatórios (importantes sinalizadores imunes), incluindo monócitos MCP-1, interleucina-8 e fator de crescimento hepatócito (HGF), do que as mulheres. Portanto, menores níveis de testosterona, células imunes e sinalizadores inflamatórios podem explicar a predisposição dos homens a desenvolverem uma COVID-19 severa.


> Mais evidência de que resfriados comuns podem oferecer proteção contra o SARS-CoV-2. Em um estudo publicado no periódico mBio (Ref.8), pesquisadores reforçaram a hipótese de que a exposição prévia a coronavírus causadores de resfriados comuns - e que também trazem a proteína Spike (S) encontrada na superfície ("coroa") do SARS-CoV-2 - pode oferecer um grau de proteção extra contra o novo coronavírus. No estudo, foram analisadas amostras de sangue de 26 pessoas que estavam se recuperando de COVID-19 leve a moderada, e amostras de sangue de 6 a 10 anos atrás de 21 indivíduos saudáveis. Como esperado, todos os indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2 expressavam altos níveis de células-B de memória vírus-reativas contra as subunidades N, RBD e S2 da proteína S. Já entre os indivíduos não-expostos ao SARS-CoV-2 - mas grande parte provavelmente exposta a coronavírus de resfriados comuns - os pesquisadores encontraram células-B de memória responsivas à subunidade S2. É ainda incerto qual é o real fator de proteção conferido por essa resposta imune parcial. 


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> Enzima de baixo custo pode ser uma alternativa terapêutica para a COVID-19. Um estudo publicado no periódico Advanced Materials (Ref.9) fortemente sugeriu que a enzima catalase - naturalmente presente no corpo e responsável pela quebra de peróxido de oxigênio (H2O2) no interior celular - pode ajudar a tratar pacientes com COVID-19. Elevados níveis de espécies reativas de oxigênio (ROS) - substâncias oxidantes deletérias ao corpo quando em excesso - estão fortemente correlacionadas com inflamação, lesões oxidativas, assim como infecção e replicação viral. O uso terapêutico de catalase pode potencialmente regular os níveis de ROS em pacientes com COVID-19, protegendo os tecidos de lesões oxidativas e reprimindo a replicação viral. De fato, os pesquisadores demonstraram esse efeito protetor contra o SARS-CoV-2 em experimentos in vitro envolvendo leucócitos e células epiteliais alveolares humanos, e em experimentos in vivo usando macacos Rhesus, sem detectável toxicidade. E tal potencial via terapêutica pode ser prontamente manufaturada em larga escala e a baixo custo.


> Gotículas eliminadas pelo simples ato de falar podem ser um importante vetor de transmissão do SARS-CoV-2. A transmissão aérea do novo coronavírus tem recebido grande destaque nos últimos meses, e já é amplamente sugerido que essa é a principal forma de transmissão do vírus. Porém, a atenção nessa forma de transmissão geralmente é focada na propagação de gotículas e aerossóis contaminados eliminados pela tosse e pelo espirro. Um estudo que será publicado esta semana no periódico Physical Review Fluids (Ref.10) reportou que súbitas 'explosões' de fluxo de ar produzidos pela articulação de consoantes como 'p' ou 'b' carregam gotículas de saliva e de muco potencialmente contaminadas por pelo menos 1 metro a frente do indivíduo falante. Já um estudo publicado na PNAS (Ref.11) reforçou o achado do estudo anterior, e os pesquisadores encontraram que uma conversação normal cria um fluxo de ar cônico que rapidamente carrega um spray de minúsculas gotículas da boca dos interlocutores que pode avançar por mais de 2 metros dentro de espaços fechados - como no interior de prédios -, especialmente quando envolvendo sons explosivos como sílabas contendo a consoante 'p'. Em uma fração de segundos essas gotículas podem alcançar quase meio metro. Esses achados são um alerta para as orientações de distanciamento social envolvendo apenas 1-2 metros de separação entre os indivíduos, e reforçam ainda mais a importância das máscaras.


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> Pássaros estão cantando melhor e com menos esforço durante a pandemia. Em um estudo publicado na Science (Ref.12), pesquisadores analisaram a Área da Baía de San Francisco, EUA, e mostraram que os níveis de barulho nas regiões urbanas caíram dramaticamente durante o período de lockdown (quarentena total), ficando similares aos níveis encontrados no tráfico da década de 1950. Os pesquisadores também mostraram que os pássaros na região responderam à menor poluição sonora produzindo cantos de melhor performance e a mais baixas amplitudes, efetivamente maximizando a distância e saliência durante a comunicação. 



Leituras complementares:


REFERÊNCIAS (links para os estudos reportados)
Últimas da pandemia: Falhas genéticas podem explicar boa parte dos casos graves de COVID-19 Últimas da pandemia: Falhas genéticas podem explicar boa parte dos casos graves de COVID-19 Reviewed by Saber Atualizado on setembro 29, 2020 Rating: 5

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