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Aquecimento Global Antropogênico é a causa de mais incêndios e ondas marinhas de calor


 

Dois robustos estudos publicados esta semana reforçaram os impactos causados pelo aquecimento global antropogênico no sistema terrestre como causa de vários fenômenos climáticos anômalos sendo observados nas últimas décadas. No primeiro estudo (Ref.1), uma revisão da literatura acadêmica englobando uma revisão prévia publicada em janeiro deste ano e publicações científicas mais recentes, um time internacional de cientistas reforçou a evidência de que as atuais mudanças climáticas  aumentaram a frequência e/ou a severidade das condições temporais propícias ao fogo - e consequentemente a incêndios - em várias regiões do mundo. No segundo estudo, publicado no periódico Science (Ref.2), pesquisadores mostraram que as probabilidades de ocorrência, de duração, intensidade, e cumulativa intensidade da maior parte das ondas de calor marinhas - períodos de temperaturas oceânicas extremamente altas em regiões específicas - documentadas e de grande impacto aumentaram em mais de 20 vezes como resultado das mudanças climáticas induzidas pelas atividades humanas.


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O primeiro estudo foi realizado por cientistas climáticos do Reino Unido, EUA e Austrália, e publicado na plataforma online ScienceBrief.org, estabelecida pela UEA e o Centro Tyndall para Pesquisa das Mudanças Climáticas. A plataforma é editada pela comunidade científica e visa compartilhar conhecimentos e análises científicas com o mundo de forma atualizada e com base em artigos científicos revisados por pares (alta qualidade). 


A primeira revisão publicada na plataforma em janeiro deste ano envolveu a análise de 57 artigos científicos (I). Nessa revisão, os pesquisadores encontraram que todos os estudos analisados mostraram uma positiva associação entre mudanças climáticas e o aumento na frequência ou na severidade do alastramento de fogo ligado a incêndios florestais e queimadas durante temporadas de fogo (períodos com um maior risco de fogo devido à combinação de altas temperaturas e baixa umidade, baixa pluviosidade e ventos fortes mais frequentes).


Aumento das temperaturas médias globais, ondas de calor mais frequentes e mais eventos de secas em algumas regiões - todos fatores fomentados pelas atuais mudanças climáticas - aumentam a probabilidade de incêndios ao estimular condições quentes e pouco úmidas que promovem o alastramento de fogo nas estações propícias. Dados observacionais reunidos pelos pesquisadores mostraram que as temporadas de fogo aumentaram de duração ao longo de aproximadamente 25% da superfície da Terra coberta por vegetação, resultando em um aumento de ~20% na duração média global desses períodos, como mostrado na figura abaixo. O risco e o registro de grandes incêndios aumentou substancialmente nos últimos anos até mesmo na Sibéria e na Escandinávia.



Agora, a nova revisão analisou um total de 116 artigos disponíveis investigando a associação entre risco de fogo e mudanças climáticas. Os resultados reforçaram que o aquecimento global antropogênico está aumentando a frequência e/ou a severidade das temporadas de fogo. Apenas ação humana no uso de terras não explica os devastadores incêndios no oeste dos EUA - especialmente Califórnia - e no sudeste da Austrália. Entre os principais pontos de destaque na revisão:


- Mais de 100 estudos publicados desde 2013 mostram um forte consenso de que as mudanças climáticas promovem condições temporais mais propícias para incêndios na vegetação em geral (florestas, savanas, etc.), aumentando as chances de tais eventos ocorrerem.


- Variabilidade natural é superimposta sobre as condições de fundo cada vez mais quentes e secas resultantes das mudanças climáticas, levando a ocorrências mais extremas de fogo e a temporadas de fogo mais extremas.


- Uso da terra pode aliviar ou agir em sinergia com as mudanças climáticas no risco de fogo, seja via acumulação de combustível (como desmatamento, onde a matéria orgânica morta vai secando e se acumulando) seja na redução de combustível (limpeza de terrenos, via queimada controlada por exemplo). Esforços de supressão de fogo se tornam mais difíceis de serem implementados pelas mudanças climáticas.


- Existe um inegável e marcante papel das mudanças climáticas no aumento da intensidade e do comprimento das temporadas de fogo; uso de terra é provável de também contribuir, mas não como um fator isolado suficiente para explicar os recentes aumentos na extensão e na severidade observados no oeste dos EUA e no sudeste da Austrália (II).


> Leitura complementar:

  • (IMudanças climáticas: recordes de temperatura nos oceanos e de incêndios
  • (IIMudanças climáticas fizeram os incêndios na Austrália no mínimo 30% mais prováveis


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    No segundo estudo, pesquisadores da Universidade de Berna, Suíça, investigaram como o aquecimento global antropogênico tem afetado as mais notáveis ondas marinhas de calor nas últimas décadas, englobando dados de satélites acumulados desde setembro de 1981 até dezembro de 2017, e analisando os impactos ambientais desses eventos oceânicos.


    As mudanças climáticas induzidas pelo excesso de emissão de gases estufas na atmosfera antropogênicas está causando não apenas mais episódios de recordes históricos de altas temperaturas no ar como também mais frequentes aumentos anômalos nas temperaturas oceânicas. As assim chamadas 'ondas marinhas de calor' - períodos de temperaturas extremamente altas nas temperaturas oceânicas em regiões específicas - têm notavelmente aumentado de frequência nas últimas duas décadas, com severos impactos negativos nos organismos e ecossistemas marinhos.


    Como notáveis exemplos temos ondas marinhas no Nordeste do Pacífico de 2013 até 2015; no Nordeste do Atlântico em 2012; e temperaturas extremas no Mar da Tasmânia, na Bacia Indonésia-Australiana, e no Oceano Sul em 2015 e em 2016. Mais recentemente, uma grande onda marinha de calor emergiu no Nordeste do Pacífico, levantando preocupação que uma série de eventos semelhante à observada de 2013 a 2015 nessa mesma região volte a ocorrer.


    De setembro de 1981 até o final de 2017, os pesquisadores no novo estudo identificaram mais de 30 mil ondas marinhas de calor distintas e espaciotemporalmente contínuas que ocorreram globalmente. A maioria desses eventos (90%) durou menos do que 14 dias e cobriram menos de 0,2 milhões de quilômetros quadrados (km2). No entanto, as 300 maiores ondas marinhas de calor registradas (com as maiores intensidades cumulativas) cobriram, na média, 1,5 milhão de quilômetros quadrados, duraram 40 dias, tiveram um pico de temperatura anômala de 5°C acima do normal climatológico esperado, e uma intensidade cumulativa de 11,9°C/dia/km2. 



    Com esses dados em mãos e análises mais detalhadas, os pesquisadores mostraram que as probabilidades de ocorrência, de duração, intensidade, e cumulativa intensidade da maior parte das ondas de calor marinhas - períodos de temperaturas oceânicas extremamente altas em regiões específicas - documentadas e de grande impacto aumentaram em mais de 20 vezes como resultado das mudanças climáticas induzidas pelas atividades humanas. Ondas marinhas de calor de grande intensidade que ocorriam somente uma vez a cada centenas a milhares de anos durante o clima do período pré-industrial foram projetadas de se tornarem 10 vezes mais frequentes (a cada década ou a cada século) sob um aumento da temperatura global superficial média de 1,5°C, e anual caso essa temperatura suba para 3°C nas próximas décadas (modelos climáticos mais recentes preveem um aumento da temperatura global que pode superar 5°C até o final deste século e alcançar catastróficos 10°C a partir desse ponto) (III).


    > (III) Leitura recomendada: Quais são as evidências paleoclimáticas do Aquecimento Global Antropogênico?


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    As recentes ondas marinhas de calor tiveram sérios impactos sobre os ecossistemas marinhos, os quais irão necessitar de um longo tempo para a recuperação, e com potenciais danos irreversíveis. Esses eventos anômalos podem levar a um substancial aumento da mortalidade entre aves, peixes e mamíferos marinhos, podem engatilhar perigosas explosões de crescimento em comunidades de algas tóxicas, levar ao branqueamento de corais, forçar movimentos deletérios de comunidades de peixes para águas mais frias, contribuir para o derretimento ainda mais acentuado do gelo nos polos (especialmente o gelo marinho), e reduzir drasticamente o suprimento de nutrientes nos oceanos. Portanto, o achado do novo estudo reforça a importância do comprometimento dos países visando políticas de redução das emissões de gases estufas.


    REFERÊNCIAS

    1. https://news.sciencebrief.org/wildfires-sep2020-update/
    2. https://science.sciencemag.org/content/369/6511/1621

    Aquecimento Global Antropogênico é a causa de mais incêndios e ondas marinhas de calor Aquecimento Global Antropogênico é a causa de mais incêndios e ondas marinhas de calor Reviewed by Saber Atualizado on setembro 27, 2020 Rating: 5

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