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Últimas da pandemia: Ninguém sabe explicar o que está acontecendo na África

 

Últimas atualizações - estudos revisados por pares e preprints (ainda não-revisados por pares) mais relevantes - sobre a pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e sua doença associada (COVID-19). No momento, já são quase 759 mil mortes confirmadas e mais de 22,5 milhões de casos registrados, números provavelmente muito subestimados. Nas últimas semanas, recordes e mais recordes de casos diários registrados continuam sendo divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, ultrapassamos as 111 mil mortes confirmadas e já temos mais de 3 milhões de casos registrados.


- Primeira evidência de que anticorpos SARS-CoV-2-específicos protegem humanos contra re-infecção. Em um estudo publicado como preprint no medRxiv (Ref.1), pesquisadores da Universidade de Washington reportaram forte evidência que a presença de anticorpos neutralizantes de fato protegem os indivíduos contra re-infecções. Para essa conclusão, os pesquisadores  testaram 120 dos 122 membros da tripulação de um navio que estava prestes a partir, encontrando que nenhum deles estava infectados pelo SARS-CoV-2. No entanto, durante a viagem, foi deflagrado um grande surto de COVID-19 no navio. Após o fim da viagem, os pesquisadores mostraram que 104 dos 122 membros da tripulação estavam infectados. Entre os 16 que não foram infectados e que haviam sido testados como negativos antes da viagem, todos mostraram ter anticorpos neutralizantes circulando no organismo (ou seja, já haviam sido infectados previamente à viagem, se recuperaram e foram expostos novamente ao vírus durante a viagem, mas sem nova infecção).


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- Mistério na África. Testes sorológicos realizados ao longo do continente Africano têm mostrado que uma grande proporção das pessoas já foram infectadas com o SARS-CoV-2 e desenvolveram a COVID-19. Porém, o continente até o momento parece ter sido poupado dos graves colapsos do sistema de saúde e massivo número de mortes observados em outros continentes (Ref.2). Por exemplo, é estimado que 1 em cada 20 adultos no Quênia, ou 1,6 milhões de pessoas, foram expostos ao SARS-CoV-2, mas apenas 500 mortes foram oficialmente reportadas e não foi observado um aumento geral nas taxas de mortalidade e nenhuma sobrecarga nos hospitais (ausência de reportes de um excesso de pessoas com sintomas típicos da COVID-19) (Ref.3). Cientistas estão explorando se o fenômeno pode ser devido à população prevalentemente mais jovem do continente, fatores genéticos ou algum tipo de proteção extra derivado da exposição a outras doenças.


- Vacina BCG mais uma vez associada com uma COVID-19 menos severa. Em um estudo publicado no periódico Vaccines (Ref.4), pesquisadores analisaram 55 países com populações com mais de 3 milhões de pessoas, o que englobou 63% da população mundial. Após controlarem para 23 variáveis, incluindo demografia, economia, medidas de controle epidêmico e status da saúde pública, eles descobriram que a administração da vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin) está associada com um melhor prognóstico da COVID-19, tanto na redução das taxas de infecção com o SARS-CoV-2 quanto nas taxas de morte por milhão, especialmente para indivíduos com idade de 24 anos ou menos que receberam a vacina nos últimos 15 anos. No entanto, em adultos mais velhos que receberam a vacina BCG não houve efeitos benéficos significativos observados. Muitos países pararam de promover campanhas nacionais de vacinação da BCG - reduzindo drasticamente as taxas de vacinação -, enquanto outros ainda usam amplamente a vacina. Para mais informações sobre a questão, acesse: A vacina BCG pode combater o novo coronavírus, sugerem cientistas


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- Obesidade é um forte fator de risco de morte para a COVID-19. Um estudo publicado no periódico Annals of Internal Medicine (Ref.5) analisou 6900 pacientes com COVID-19, todos tratados no centro de saúde Kaiser Permanete, no Sul da Califórnia, EUA, e encontrou que a obesidade era um forte fator de risco independente de morte. O risco associado à obesidade foi ajustado pra comorbidades comuns observadas em pessoas obesas, incluindo diabetes, hipertensão, doença cardíaca, infarto do miocárdio e doença crônica pulmonar. Foi levado em conta também quando a infecção pelo SARS-CoV-2 foi detectada. Os pacientes no grupo com maior índice de massa corporal (IMC) eram 4 vezes mais prováveis de morrer dentro de 21 dias após serem diagnosticados com a COVID-19 do que os pacientes com massa corporal normal. Homens e indivíduos com menos de 60 anos de idade com um alto IMC estavam particularmente em maior risco de morte. Mais de 40% da população dos EUA é considerada obesa (IMC > 30 kg/m2), desse total 20% representando obesidade severa (IMC > 35 kg/m2) e 10% obesidade mórbida (IMC > 40 kg/m2) - as maiores taxas no mundo industrializado. Isso talvez possa explicar parte das altas taxas de mortalidade por COVID-19 nos EUA. Um excesso de massa adiposa pode aumentar a sinalização pró-inflamatória, impor limitações físicas no sistema respiratório, entre vários outros mecanismos deletérios que podem aumentar a suscetibilidade do paciente à COVID-19. Mais recentemente, pesquisadores Brasileiros descobriram que as células adiposas podem servir como reservatório do vírus (Para mais informações, acesse: Tecido adiposo pode servir de reservatório para o novo coronavírus, sugere estudo).


- Perda de olfato e de paladar é única entre os pacientes com COVID-19. Em um estudo publicado no periódico Rhinology (Ref.6), pesquisadores mostraram que a perda de olfato e de paladar entre os pacientes com COVID-19 é bem distinta daquela observada em pacientes com gripe ou com um resfriado mais severo. No estudo, foram analisados comparativamente 30 pacientes: 10 com resfriado severo, 10 com COVID-19 e 10 pessoas saudáveis como grupo de controle. Os pesquisadores encontraram que a perda de olfato nos pacientes com COVID-19 era muito mais profunda, com a identificação de cheiros muito limitada mesmo com o paciente podendo respirar normalmente (sem a presença de nariz entupido ou escorrendo). Já no caso do paladar, pacientes com COVID-19 possuíam uma real perda de paladar, não conseguindo detectar os gostos amargo e doce. Os resultados implicam que existe, pelo menos em alguma extensão, danos a nível do sistema nervoso central, diretos ou indiretos. O achado também pode servir como ferramenta de diagnóstico. Para mais informação sobre esses sintomas, acesse: Quais os sintomas da COVID-19?


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- Evidência ultraestrutural de dano viral direto no complexo olfatório de pacientes com COVID-19. Usando microscopia de transmissão eletrônica, microscopia de luz e técnica imunohistoquímica, pesquisadores em um estudo publicado no periódico JAMA Otolaringology-Head & Neck Surgery (Ref.7) reportaram evidências de danos diretos do SARS-CoV-2 no complexo olfatório, incluindo a presença de partículas virais no epitélio associado ao olfato, e macrófagos e linfócitos associados à infecção viral nos bulbos olfatórios. A conclusão veio após a análise de dois pacientes mortos pela COVID-19 e com sintoma de perda de olfato (anosmia). O achado sugere que difusão passiva e transporte axonal através do complexo olfatório pode ser uma importante rota do SARS-CoV-2 para o sistema nervoso central. O estudo também reforçar o uso da anosmia como ferramenta de diagnóstico.


- Tocilizumab parece melhorar as chances de sobrevivência dos pacientes com COVID-19 mais severa. Em um estudo observacional publicado no periódico The Lancet Rheumatology  (Ref.8), analisando 630 pacientes com COVID-19 admitidos na UTI de 13 hospitais do Hackensack Meridian Health, em New Jersey, EUA, encontrou que o fármaco anti-inflamatório tocilizumab está associado com uma redução substancial nos sintomas respiratórios e redução significativa (12%) na taxa de mortalidade. No total, foram 210 pacientes usando o tocilizumab e 420 como controle. O tocilizumab é um anticorpo monoclonal que se liga ao receptor interleucina (IL)-6, com potencial de diminuir a tempestade de citocinas (excesso de resposta inflamatório) pensada ser uma das principais causas para o estabelecimento de quadros mais severos da COVID-19. O novo estudo, apesar de não comprovar causa e efeito, soma evidência que corrobora estudos prévios sugerindo eficácia do medicamento.


- Não só o vaso, mas o urinol também é uma ameaça nesta pandemia. Estudos anteriores já haviam mostrado que a descarga no vaso sanitário, caso este não esteja tampado, pode espalhar gotículas potencialmente contaminadas com o SARS-CoV-2 por grande distâncias e alturas. Agora, em um estudo publicado no periódico Physics of Fluids (Ref.9), pesquisadores mostraram, via simulações computacionais, que os urinóis também impõem similares riscos para os usuários, reforçando o uso das máscaras dentro dos banheiros públicos. Os resultados mostraram que quando os homens usam os urinóis, 57% das partículas (incluindo aerossóis) espalhadas escapam dos urinóis, alcançando a região da coxa dentro de 5,5 segundos (na descarga do vaso, o tempo é de 35 segundos). O alerta soma evidências de que os banheiros públicos são um dos locais mais perigosos para a transmissão do novo coronavírus.


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- Preocupante síndrome inflamatória em crianças é complexa e bem distinta da Doença de Kawasaki, e fortemente associada à COVID-19. Em um estudo publicado no periódico Nature Medicine (Ref.10), pesquisadores descreveram em maiores detalhes a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (PIMS-TS) após a análise de 25 crianças com a condição, entre as quais 17 delas se mostraram soropositivas para o SARS-CoV-2 (indicando infecção prévia). Segundo os resultados da análise, crianças com PIMS-TS possuem níveis elevados de citocinas (moléculas de sinalização inflamatória) e níveis reduzidos de células brancas sanguíneas chamadas de linfócitos (células-T e B no caso). Essas mudanças imunes se mostraram bem complexas e distintas daquelas observadas no Choque Tóxico e na Doença de Kawasaki. Felizmente, tratamentos bem estabelecidos visando acalmar o sistema imune, como corticosteroides e imunoglobulinas, são suficientes para resolver o quadro de PIMS-TS, com o sistema imune das crianças afetadas voltando ao normal no final da recuperação.


- Casos leves de COVID-19 podem produzir forte resposta de células-T. Apesar de evidências prévias sugerirem que as respostas de anticorpos serem reduzidas em pacientes com COVID-19 mais leve (assintomáticos ou com sintomas amenos) e se perderem mais rapidamente do que em pacientes com uma COVID-19 leve-moderada, um estudo publicado agora no periódico Cell (Ref.11) encontrou que os casos leves podem produzir forte resposta de células-T de memória, a qual pode ser suficiente para prevenir re-infecções. No estudo, ao analisar mais de 200 indivíduos na Suécia, os pesquisadores mostraram que indivíduos infectados com o SARS-CoV-2, independentemente do nível dos sintomas, produziram robusta, ampla e funcional resposta imune de células-T que persistiram por vários meses mesmo na ausência de anticorpos específicos. Mais estudos são agora necessários para confirmar se, de fato, as células-T de memória são suficientes para impedir re-infecções a longo prazo, mas o achado sugere que uma exposição natural ao SARS-CoV-2 pode proteger episódios recorrentes de COVID-19


Leituras complementares:

REFERÊNCIAS (links para os estudos reportados)
Últimas da pandemia: Ninguém sabe explicar o que está acontecendo na África Últimas da pandemia: Ninguém sabe explicar o que está acontecendo na África Reviewed by Saber Atualizado on agosto 19, 2020 Rating: 5

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