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Hidroxicloroquina e cloroquina falharam novamente em testes in vivo e in vitro contra o novo coronavírus


Em meio à preocupante pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), diversas pesquisas vêm sendo realizadas na busca por um medicamento ou terapia efetiva para tratar os pacientes desenvolvendo a doença associada (COVID-19). Nesse sentido, duas apostas terapêuticas foram dois polêmicos fármacos: cloroquina e hidroxicloroquina (II). No entanto, por enquanto, os únicos medicamentos com sólida evidência científica de moderada eficácia terapêutica é o Remdesivir e a Dexametasona (I).

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> Observação: A cloroquina praticamente já não é mais usada em estudos clínicos visando pacientes com COVID-19, apenas a hidroxicloroquina. Além de mostrar uma eficácia antiviral in vitro três vezes menor contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) - e também ineficácia em humanos -, esse fármaco é 40% mais tóxico do que a hidroxicloroquina.

> Para mais informações sobre a hidroxicloroquina e a cloroquina, acesse: Cloroquina e hidroxicloroquina são efetivos contra o novo coronavírus?
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Vários estudos de alta qualidade vêm mostrando um após o outro que tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina são medicamentos ineficazes para o tratamento da COVID-19 (II) - sejam quadros leves-moderados sejam quadros graves - ou como profilaxia pós-exposição (III). A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) chegou a publicamente pedir que esses medicamentos fossem abandonados para o combate ao SARS-CoV-2 (IV). Mesmo assim, sob influência do presidente Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde no Brasil continua ignorando as evidências científicas acumuladas e mantendo a recomendação de ambos os fármacos, estes os quais estão associados a sérios efeitos colaterais cardíacos. Dois Ministros da Saúde foram derrubados por esse motivo.

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Agora, dois estudos publicados na Nature - o maior periódico científico do mundo -, trouxeram mais fortes evidências in vitro e in vivo corroborando estudos clínicos randomizados prévios em humanos.

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No primeiro estudo (1), os pesquisadores investigaram a eficácia da cloroquina em prevenir a infecção de células pulmonares pelo SARS-CoV-2. Evidências prévias in vitro indicavam que esse medicamento impedia a infecção de células de rins de primatas não-humanos pelo SARS-CoV-2. Porém, no novo estudo, os pesquisadores mostraram que esse fator de prevenção era devido ao bloqueio de atividade da catepsina L. Isso na mesma hora levantou a suspeita que esse medicamento era ineficaz para barrar a infecção nas células pulmonares, onde existe uma maior quantidade de outra porta de entrada viral do SARS-CoV-2: a enzima TMPRSS2 (!).

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(!) O SARS-CoV-2, para entrar nas células, usa o receptor glicoproteico ACE2 - presente na superfície celular hospedeira - e duas diferentes rotas para se fusionar com a membrana plasmática e forçar a entrada do seu material genético (RNA): sua proteína Spike (S) precisa ser ativada pela enzima catepsina L (em endossomos) ou pela enzima TMPRSS2 (na superfície celular). Dependendo do tipo de célula no organismo, ambas as enzimas ou apenas uma delas podem estar disponíveis para a ativação. 

> Para mais informações sobre o processo de infecção do SARS-CoV-2 no organismo humano, acesse:  Como a COVID-19 mata?
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De fato, quando os pesquisadores expressaram mais da enzima TMPRSS2 em células Vero, a cloroquina se tornou totalmente inútil em barrar a infecção pelo SARS-CoV-2. Somando-se a isso, a mesma completa ineficácia foi observada em células pulmonares de linhagem Calu-3. Os pesquisadores concluíram que a cloroquina seria improvável de proteger indivíduos do SARS-CoV-2. Aliás, um estudo preprint (não-revisado por pares) publicado esta semana na bioRxiv concluiu que o mesmo problema ocorre em relação à ação da hidroxicloroquina, a qual mostrou - em testes in vitro - ser ineficaz em bloquear a entrada do SARS-CoV-2 em células com maior abundância da enzima TMPRSS2.

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No segundo estudo (2), os pesquisadores resolveram testar a eficácia da hidroxicloroquina tanto in vitro quanto in vivo (primatas não-humanos). Nos testes in vitro, assim como observado para a cloroquina, o fármaco mostrou atividade antiviral em linhagens celulares (VeroE6) derivadas de células dos rins de macacos-verdes-Africanos (Chlorocebus sabaeus), mas não em um modelo reconstituído do epitélio das vias aéreas de humanos. 

Já nos testes in vivo, os pesquisadores testaram diferentes estratégias de tratamento - com ou sem azitromicina (um antibiótico que supostamente potencializa a ação antiviral da hidroxicloroquina) - em macacos da espécie Macaca fascicularis infectados com o SARS-CoV-2, antes e depois do pico de carga viral. Nenhuma das estratégias surtiu qualquer efeito em frear ou resolver a infecção. Quando a hidroxicloroquina foi usada como profilaxia pré-exposição, o fármaco mais uma vez falhou em impedir a infecção pelo SARS-CoV-2. Juntando as evidências geradas, os pesquisadores concluíram que a hidroxicloroquina, combinada ou não com azitromicina, não seria um tratamento válido para a COVID-19 em humanos.

E detalhe nesse último estudo: quando os pesquisadores usaram o medicamento Remdesivir nas mesmas condições, esse fármaco mostrou eficácia clínica em frear a infecção pelo SARS-CoV-2 nesses macacos, corroborando as evidências científicas de testes clínicos randomizados em humanos.

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Além da campanha anti-científica do governo federal estar expondo a saúde da população a riscos desnecessário e incentivando as pessoas a não seguirem as medidas de prevenção tradicionais efetivas (distanciamento social, uso de máscaras), a promoção desses fármacos (hidroxicloroquina e cloroquina) está tendo já um impacto negativo para as pessoas que realmente precisam desses medicamentos. 

Em um relato publicado pelo portal de notícias da Globo (G1) (3), uma paciente com lúpus disse que os frascos de comprimidos manipulados de hidroxicloroquina tiveram uma alta de preço de 756% nos últimos meses. A paciente pagava em torno de R$ 130 em um frasco com 90 comprimidos manipulados. Há três meses, entretanto, precisou desembolsar R$ 290. Neste mês, quando procurou a farmácia de manipulação, o valor saltou para R$ 1112,80, uma alta de 756%.

Esses medicamentos estão ficando escassos e os insumos para a fabricação mais caros. Isso se alia ainda à robusta alta do dólar.



(1) Publicação do estudo: Nature

(2) Publicação do estudo: Nature 

(3) Referência: G1

Hidroxicloroquina e cloroquina falharam novamente em testes in vivo e in vitro contra o novo coronavírus Hidroxicloroquina e cloroquina falharam novamente em testes in vivo e in vitro contra o novo coronavírus Reviewed by Saber Atualizado on julho 22, 2020 Rating: 5

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