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Estudo traz a primeira evidência de produção sonora ativa por tubarões

Figura 1. Tubarão da espécie Mustelus lenticulatus. É um tubarão de pequeno a moderado porte que vive em estuários e regiões costeiras na Nova Zelândia, onde alimenta-se principalmente de caranguejos e outros crustáceos no solo marinho (até 1000 m de profundidade). Possui 70-150 cm de comprimento e pertence à família Triakidae.
 

Vertebrados marinhos diversos emitem sons de comunicação ou alerta, desde baleias e golfinhos até raias (1) e tartarugas marinhas. Porém, tubarões - peixes cartilaginosos da superordem Selachimorpha - têm sido até o momento caracterizados por completo silêncio. Agora, em um estudo publicado no periódico Royal Society Open Science (Ref.1), pesquisadores reportaram a primeira evidência de que tubarões também produzem sons de forma ativa ou voluntária, ou seja, de forma intencional. E a descoberta foi por acaso: cientistas na Nova Zelândia estavam testando as habilidades auditivas de tubarões em cativeiro quando notaram barulhos de cliques sendo produzidos por indivíduos da espécie Mustelus lenticulatus (Fig.1). O vídeo abaixo traz alguns registros desses sons.


(1) Para mais informações


          


Os sons produzidos exibiam uma frequência média de 23 kHz, com pico de energias entre 2,4 e 18,5 kHz, e duração média de ~48,4 milissegundos.


Mais de 1000 espécies de peixes ósseos produzem sons diversos através de músculos flexíveis ao redor da bexiga natatória ou ao atritar os dentes enquanto lutam, cortejam, acasalam ou enfrentam predadores. Assim como raias, tubarões M. lenticulatus parecem estar produzindo os sons de clique ao chocar as fileiras de dentes (estridulação). Os dentes desses tubarões não são afiados e são usados para esmagar presas (Fig.2). Como os cliques emitidos estão em alta frequência e a audição de tubarões limita-se na maior parte em baixas frequências (<1 kHz), os autores do novo estudo sugeriram que a produção sonora no M. lenticulatus não visa comunicação com outros indivíduos da mesma espécie. É possível que os cliques representem uma tática defensiva


Figura 2. Fotos da maxila (e,f) e da mandíbula (g,h) mostrando os dentes de um macho juvenil da espécie Mustelus lenticulatus. Os dentes são constituídos por coroas chapeadas, pontas arredondadas e dois cúspides laterais (f, cabeças de setas pretas). Uma estaca se estende da face lingual da coroa (f, seta preta) e de vários sulcos curtos na base da coroa (f,h, setas brancas). Ref.1


Mamíferos marinhos que se alimentam do M. lenticulatus, como focas-leopardos (Hydrurga leptonyx) e cetáceos dentados, conseguem ouvir na frequência dos cliques, mas é incerto se esse barulho, por si só, é suficiente para deter um ataque por esses predadores. Outra hipótese é que os cliques sejam uma resposta sonora incidental a um distúrbio no ambiente ou estresse (ex.: similar a um grito de susto), já que esses sons só eram produzidos quando os pesquisadores interagiam com os tubarões nos tanques de observação. Os tubarões não produziam sons durante alimentação ou quando estavam nadando livremente nos tanques de observação. 


Relevante apontar que algumas espécies de peixes ósseos produzem sons de clique durante interações agonísticas. Por exemplo, cliques conspícuos de intensidade similar àqueles do M. lenticulatus são produzidos por peixes da espécie Gadus morhua na presença de focas e de mergulhadores humanos, e com aparente objetivo de assustar potenciais predadores.


Mais estudos são necessários para esclarecer a significância comportamental dos cliques no M. lenticulatus


> Existem relatos anedóticos prévios de produção sonora (cliques) por tubarões juvenis da espécie M. lenticulatus. O novo estudo corrobora esses relatos com evidência científica.


> Membros do gênero Mustelus são tubarões bênticos de pequeno porte (<2 metros de comprimento) que habitam águas tropicais e temperadas próximas de porções continentais ao redor do mundo. Existe um total de 28 espécies descritas no grupo. Algumas espécies são importantes fontes alimentares para humanos em países como Austrália, Taiwan e Japão. Ref.2 


REFERÊNCIAS

  1. Nieder et al. (2025). Evidence of active sound production by a shark. Royal Society Open Science, Volume 12, Issue 3. https://doi.org/10.1098/rsos.242212
  2. White et al. (2021). Revision of the genus Mustelus (Carcharhiniformes: Triakidae) in the northern Indian Ocean, with description of a new species and a discussion on the validity of M. walkeri and M. ravidus. Marine Biodiversity, 51(3). https://doi.org/10.1007/s12526-021-01161-4

Estudo traz a primeira evidência de produção sonora ativa por tubarões Estudo traz a primeira evidência de produção sonora ativa por tubarões Reviewed by Saber Atualizado on abril 11, 2025 Rating: 5

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