Terceiro paciente curado do HIV após transplante de medula óssea: 20 meses de remissão pós-terapia antiviral
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| Figura 1. Partículas de HIV (*imagem) usam um receptor de CCR5 para infectar células humanas. |
Em fevereiro deste ano, cientistas anunciaram que um homem de 53 anos de idade na Alemanha se tornou a terceira pessoa a oficialmente se livrar do vírus HIV, após receber transplante de medula óssea com células-tronco resistentes ao HIV (Ref.1). Em nova atualização esta semana, os pesquisadores reportaram que o vírus ainda permanece indetectável no paciente após 20 meses seguindo descontinuação da terapia antirretroviral (Ref.2).
Terapia antiviral (coquetel) é capaz de reduzir a níveis quase indetectáveis a carga viral em pacientes infectados com HIV (1). Porém, se a terapia é descontinuada, partículas virais escondidas no corpo acabam se proliferando novamente. Real cura elimina todas as partículas virais do corpo.
A técnica que curou o paciente Alemão é a mesma que havia curado o paciente de Berlim em 2007 e o paciente de Londres em 2019 (2). Um total de 5 indivíduos estão provavelmente curados (pacientes de Berlim, Londres, Düsseldorf, New York e Cidade de Hope) após transplante de medula óssea.
Para mais informações:
- (1) Mais do que confirmado: HIV indetectável é intransmissível
- (2) Cientistas reportam a cura de mais um paciente com HIV
O paciente Alemão, com HIV controlado e que convivia com o vírus desde a década de 1990, teve sua medula óssea destruída para tratar um câncer, e substituída com células-tronco de um doador com uma mutação (CCR5Δ32/Δ32). Essa mutação impede o HIV de infectar as células do sistema imune, impossibilitando a permanência do vírus no corpo. Até o momento, nenhuma reserva viral latente ou qualquer aumento na resposta imune contra o vírus foram detectados no corpo do paciente. Apesar dessa evidência não descartar a persistência do vírus no corpo, o status do paciente é classificado como um caso de remissão da infecção pelo HIV.
Esse terceiro caso estabelece a mutação do gene CCR5 como um promissor caminho para a cura do HIV. Células-tronco do próprio paciente geneticamente modificadas para expressar a mutação podem ampliar o espectro de pacientes candidatos ao tratamento, eliminando também a necessidade de doadores.
> Em 2020, um paciente no Brasil foi reportado de ter sido curado via outra estratégia terapêutica. Mas ainda é incerto se o paciente foi realmente curado. Entenda: Paciente no Brasil pode ter sido curado da infecção pelo HIV
REFERÊNCIAS
- Jensen et al. (2023). In-depth virological and immunological characterization of HIV-1 cure after CCR5Δ32/Δ32 allogeneic hematopoietic stem cell transplantation. Nature Medicine 29, 583–587. https://doi.org/10.1038/s41591-023-02213-x
- https://www.pasteur.fr/en/home/press-area/press-documents/hiv-20-months-remission-after-bone-marrow-transplant-no-protective-mutation-geneva-patient
Reviewed by Saber Atualizado
on
julho 21, 2023
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