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Cientistas reportam a cura de mais um paciente com HIV


Em 2008, Timothy Ray Brown, mundialmente conhecido como "paciente de Berlim", foi a única pessoa na história a ser curada da infecção pelo HIV, se livrando totalmente de qualquer vírus ativo no corpo. Lutando contra um câncer nas células sanguíneas, Brown recebeu, além de radioterapia intensiva, um transplante de células-tronco que não só combateu o câncer mas também virtualmente eliminou o HIV do seu corpo. Agora, um estudo publicado no periódico The Lancet (1) reportou que outro paciente - inicialmente anônimo e chamado "paciente de Londres" - parece ter sido realmente curado por um procedimento similar, já passando dos 30 meses com detecção zero do vírus na sua corrente sanguínea e em outros tecidos. Em entrevista para o The New York (2) times esta semana, o paciente - chamado Adam Castillejo e com 40 anos de idade - veio finalmente a público (foto acima).

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O paciente de Berlim possuía leucemia. Já Adam Castillejo foi diagnosticado com HIV em 2003 e com linfoma de Hodgkin avançado em 2012. Para tratar os cânceres sanguíneos, ambos os homens também infectados com HIV receberam um transplante de células-tronco visando a medula óssea - onde são produzidas as células do sangue, como hemácias e leucócitos - de doadores que carregavam uma mutação no gene CCR5, o qual codifica uma proteína presente na superfície celular que as cepas virais do HIV usam para infectar as células. Antes do transplante, ambos os pacientes receberam quimioterapia e radioterapia para matar as células cancerosas resistentes na medula óssea. Após o transplante, os dois pacientes pararam de tomar as drogas anti-retrovirais (ARV) que atuavam suprimindo a proliferação do HIV. Brown permanece não infectado e sem vírus ativo ao longo desses 10 anos.




(1) Leitura recomendada: Mais do que confirmado: HIV indetectável é intransmissível

Usando métodos analíticos ultrassensíveis (limite de detecção de 1 partícula viral por ml), os pesquisadores no novo estudo analisaram amostras do plasma, sêmen, tecido intestinal, tecido linfoide e fluído cerebrospinal - reservatórios do HIV-1 - buscando RNA do vírus. Os resultados mostraram que Castillejo continua com níveis indetectáveis de carga viral do HIV-1 em praticamente todos os tecidos analisados, trazendo apenas níveis extremamente baixos de DNA viral (HIV-1) em uma quantidade limitada de células imunes, como as células de memória CD4 - apesar de não existir sinais de replicação (vírus ativo) mesmo na ausência de antivirais. Ou seja, tudo indica que ambos os pacientes estão seguindo a mesma trajetória clínica e se encontram curados na prática.

Segundo os pesquisadores, a probabilidade de remissão do HIV para a vida inteira (cura) é de 98% para Castillejo. Hoje também é estimado que 99% das suas células imunes já foram substituídas pelas do doador. Apesar de existir remanescentes de DNA viral em ambos os pacientes (Brown e Castillejo) - sendo incerto se existe alguma possibilidade do vírus 'acordar' de novo - os especialistas reforçam que consideram os dois casos como curados.

O segundo caso (Castillejo) é extremamente importante porque mostra que o paciente de Berlim não foi um evento isolado de pura sorte, e que o mesmo tratamento que ele recebeu - envolvendo o transplante de células-tronco com o gene CCR5 defeituoso (alelo) - consegue curar outras pessoas. Porém, essa via agressiva de tratamento, utilizando radioterapia e quimioterapia de forma complementar, só pode ser usada em uma pequena fração dos cerca de 37 milhões de pessoas infectadas com HIV pelo mundo. Ou seja, não vale a pena pessoas com a infecção por HIV controlada via ARV se submeterem a tal estratégia terapêutica, exceto se carregam um câncer sanguíneo concomitante.

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De qualquer forma, esses dois casos agora dão muita esperança para os pesquisadores de que uma cura é possível, provavelmente via terapia genética (2). Ambos os pacientes começaram a produzir leucócitos, incluindo as células-T (preferida do HIV), com o gene CCR5 mutante, o qual não mais codificava a proteína certa para os receptores na superfície celular utilizadas como porta de entrada pelo HIV. Nesse sentido, os cientistas podem utilizar a terapia genética para entregar variações (alelos) não funcionais desse gene para a medula óssea dos pacientes infectados com o HIV, deixando o vírus sem opção de infecção. 

(2) Leitura recomendada: A revolucionária terapia genética

Aliás, pesquisadores da Universidade da Pennsylvania recentemente removeram células-T infectadas com o HIV de 15 pacientes, desligaram o gene CCR5 delas com um editor genômico chamado zinc finger nucleases - um percursor do mais popular CRISPR (3) -, e as injetaram de volta nos pacientes. Em seguida, eles retiraram o ARV. Depois de um tempo a infecção pelo HIV voltou a crescer, mas de forma muito mais lenta do que o normal, indicando que os vírus estavam realmente com dificuldade de infectarem os pacientes, já que parte das células-T não mais possuíam os receptores CCR5.

(3) Leitura recomendada: CRISPR-Cas9: O poder da edição genética!


(1) Referência: The Lancet

(2) Referência adicional: The New York Times

Cientistas reportam a cura de mais um paciente com HIV Cientistas reportam a cura de mais um paciente com HIV  Reviewed by Saber Atualizado on março 15, 2020 Rating: 5

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