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Sudeste da Amazônia se transformou em um grande emissor de carbono

- Atualizado no dia 12 de outubro de 2023 -


A floresta Amazônica contêm cerca de 123 petagramas de carbono (PgC) armazenado na sua biomassa acima e abaixo do solo (1 PgC = 10^15 gramas), especialmente entre as suas ~16 mil espécies de árvores. O bioma recebe uma média de precipitação em torno de 2200 mm/ano, e exibe uma complexa relação entre o carbono do ecossistema e os fluxos de água e o clima. Por exemplo, a evapotranspiração tem sido estimada de contribuir com 25% a 35% de toda a precipitação na Amazônia (reciclagem hídrica). Os distúrbios em larga escala pelas atividades humanas são esperados de alterar essas interações ecossistema-clima. Nos últimos 40 a 50 anos, os impactos humanos têm resultado em uma perda florestal em torno de 17%, do qual 14%  representou conversão em maior parte para terra agropecuária (89% pasto e 10% plantações). Essa remoção na floresta causa um aumento nas temperaturas e reduz a evapotranspiração, levando a significativas reduções na precipitação nas áreas desmatadas e prejuízos não apenas ambientais mas para a própria agropecuária.


De fato, dois estudos recentemente publicados encontraram que altas temperaturas e baixa precipitação em regiões adjacentes a áreas devastadas da Amazônia estão causando prejuízos acima de US$4,5 bilhões para o setor de plantação de soja no Brasil, nossa principal força motriz na agricultura (!).


(!) Para mais informaçõesDestruição do Cerrado e da Amazônia está causando massivos prejuízos para a agricultura 


O desmatamento e a degradação florestal também reduzem a capacidade da Amazônia de armazenar carbono. Desmatamento regional e extração seletiva de madeira levam à degradação de florestas adjacentes, aumentando a vulnerabilidade do bioma ao fogo, e promovendo ainda mais degradação, especialmente porque a Amazônia, como uma floresta tropical úmida, não evoluiu defesas contra incêndios e muito menos se beneficia do fogo como ocorre com certos biomas, como o cerrado. Esses efeitos são exacerbados pelos aumentos de temperatura causados por uma redução na cobertura florestal e são superimpostos no cenário de acelerado processo de aquecimento global antropogênico.


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Nesse sentido, um novo estudo publicado no periódico Nature (Ref.1) encontrou que o desmatamento e o rápido aquecimento local da Amazônia reduziu ou eliminou a capacidade da floresta Amazônica Brasileira na região sudeste de absorver carbono, com preocupantes implicações para o aquecimento global futuro. Essa porção da Amazônia é agora uma forte emissora de gases estufas.


Para essa conclusão, os pesquisadores realizaram 590 medidas aéreas das concentrações de dióxido de carbono (CO2) e de monóxido de carbono (CO) ao longo da troposfera inferior em quatro regiões na Amazônia Brasileira de 2010 até 2018. As análises mostraram que todos os quatro cantos da floresta exibiam uma grande quantidade total de carbono sendo emitida para a atmosfera, a maior parte devido às atividades de fogo. No sudoeste e no noroeste da Amazônia, essas emissões eram massivamente compensadas pelo CO2 absorvido pelas florestas durante o processo de fotossíntese (crescimento da vegetação e consequente armazenamento de carbono). Porém, no sudeste, essa fixação de carbono mostrou-se substancialmente prejudicada pelo alto nível de desmatamento e a intensificação da temporada seca. Nessa região, a floresta está produzindo mais CO2 (a partir da decomposição de matéria orgânica) do que está absorvendo. E, mais preocupante, no noroeste a absorção compensatória está próxima de se igualar com as emissões.



Os dados do estudo corroboram um estudo prévio publicado na Nature Climate Change (!), onde os pesquisadores encontraram que ao longo da última década (2010-2019) a floresta Amazônica no território Brasileiro liberou mais carbono (ex.: metano, dióxido de carbono) do que armazenou (fotossíntese e acúmulo de biomassa). O bioma como um todo não mais está conseguindo agir como um forte depósito de carbono e a situação tende a piorar com a atual política de desmonte ambiental do governo Bolsonaro.


(!) Para mais informações, acesse: Amazônia Brasileira está liberando mais carbono para a atmosfera do que armazenando


No último século, a média de temperatura na floresta aumentou 1-1,5°C. Em algumas partes, a temporada seca se expandiu durante os últimos 50 anos de quatro para quase cinco. Secas severas têm atingido três vezes o bioma desde 2005. Esse processo está levando a uma mudança na vegetação, e plantas tropicais que se desenvolvem bem em condições úmidas (ex.: legumes do gênero Inga) estão morrendo. Aqueles adaptados a climas mais secos, como as Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa) estão resistindo. Cada vez menos evapotranspiração e mais fluxos de calor na região estão empurrando a Amazônia para um ponto de não retorno, no sentido de transformar irreversivelmente o bioma em savana (savanização).


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A prioridade urgente é frear o desmatamento na Amazônia. A outra é promover o crescimento de nova floresta em áreas degradadas. Aliás, florestas secundárias que emergem em terras abandonadas de agricultura na América do Sul são capazes de fixar carbono em taxas até 11 vezes maiores do que aquelas de florestas nativas e antigas. Um motivo extra para o reflorestamento.


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ATUALIZAÇÃO: Um estudo publicado no periódico Nature Geoscience (Ref.4) mostrou que as florestas boreais e temperadas se tornaram os principais sumidouros de carbono a nível global. As florestas tropicais, devido aos intensos processos de degradação, queimadas e desmatamento, somados com a idade muito antiga desses biomas, mostraram-se quase neutras em termos de fixação e armazenamento de carbono, ou seja, a nível global, estão emitindo mais gases estufas para a atmosfera do que removendo. Esse último achado reflete o que está sendo observado na Amazônia.

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REFERÊNCIAS 

  1. https://www.nature.com/articles/s41586-021-03629-6.epdf
  2. https://www.nature.com/articles/d41586-021-01970-4
  3. https://www.nature.com/articles/d41586-020-00508-4
  4. Yang et al. (2023). Global increase in biomass carbon stock dominated by growth of northern young forests over past decade. Nature Geoscience 16, 886–892. https://doi.org/10.1038/s41561-023-01274-4



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