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Amazônia Brasileira está liberando mais carbono para a atmosfera do que armazenando


Em um estudo de alerta publicado no periódico Nature Climate Change (1), pesquisadores encontraram que a floresta Amazônica no território Brasileiro liberou mais carbono (ex.: metano, dióxido de carbono) do que armazenou (ex.: fotossíntese e acúmulo de biomassa) ao longo da última década (2010-2019), por causa principalmente da degradação do bioma. Em outras palavras, a Amazônia Brasileira se transformou em uma emissora de gases estufas na atmosfera, e a situação tende a piorar com a atual política de forte desmonte ambiental do governo Bolsonaro.


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No Brasil, houve uma perda de floresta primária – área florestal nativa, rica em biodiversidade e carbono armazenado, e não explorada pelas atividades humanas – totalizando 1,7 milhões de hectares em 2020, um aumento de 25% em comparação com 2019. A maior parte dessa perda (88,2%) ocorreu na Amazônia, onde houve um aumento de 15% de devastação em comparação com 2019, acompanhando também um aumento nas atividades de fogo na região – extremamente deletério para uma floresta tropical úmida, a qual não evoluiu defesas para resistir ao fogo. Mudanças climáticas e acelerado desmatamento estão deixando a Amazônia cada vez mais seca e suscetível ao alastramento descontrolado do fogo e à degradação. De fato, já existe um crescente processo de savanização da Amazônia Brasileira, e em seu interior, não apenas nas fronteiras florestais.


Em termos gerais, a degradação florestal é uma redução na capacidade de uma floresta de produzir serviços ecológicos como armazenamento de carbono e produtos florestais (ex.: árvores) como o resultado de mudanças ambientais e antropogênicas (atividades humanas). O processo de degradação é amplamente distribuído no mundo e é um dos principais responsáveis pela perda de biodiversidade, devido a múltiplos fatores como extração não-sustentável de madeira, incêndios florestais, expansão das fronteiras agrícolas, espécies invasivas e pastagem para o gado.


A degradação está intimamente ligada ao desmatamento, especialmente em porções enfraquecidas de uma floresta próximas de zonas desmatadas, mas é também causada pela queda de árvores e incêndios florestais.


A perda de cobertura de florestas aumenta massivamente as concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera por dois motivos. O primeiro é que as árvores capturam CO2 (fixam carbono via fotossíntese) para o crescimento, naturalmente retirando o gás da atmosfera. O segundo motivo é que após o desmate, grande parte das árvores é queimada, liberando enormes quantidades de CO2 para a atmosfera. Além disso, processos de decomposição dessas árvores e vegetação em geral também liberam dióxido de carbono e metano (CH4). E com a degradação das florestas, a capacidade de fixação de carbono diminui (por exemplo, novas árvores encontram dificuldade para crescer).


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No novo estudo, os pesquisadores - através de dados anuais reunidos por satélites - analisaram as dinâmicas espaço-temporais da biomassa acima do solo e da área florestal na Amazônia Brasileira, de forma a quantificar os efeitos no ciclo do carbono. Os resultados mostraram que a degradação (partes da floresta danificadas mas não destruídas) respondeu por quase três vezes mais perda de carbono (73%) do que o desmatamento (27%), e que a Amazônia Brasileira liberou ~20% mais carbono para a atmosfera (principalmente na forma de CO2) do que absorveu na última década.


No estudo, os pesquisadores confirmaram um significativo aumento do desmatamento em 2019 - 3,9 milhões de hectares comparado com cerca de 1 milhão/ano em 2017 e 2018 -, o qual eles sugeriram estar ligado ao enfraquecimento sistemático dos mecanismos de proteção ambiental no Brasil pelo governo Bolsonaro e seu anti-Ministério do Meio Ambiente (liderado por Ricardo Salles, notório protetor de infratores ambientais). A área desmatada em 2019 é 30% maior do que em 2015, quando a extrema seca causada pelo El Niño levou ao aumento da mortalidade de árvores e de incêndios - apesar da liberação de carbono ter sido maior em 2015 justamente pelo maior aumento da degradação.


No geral, durante o período de 2010-2019, a Amazônia Brasileira teve um perda acumulativa de 4,45 pentagramas (1 Pg = 10^15 gramas) de carbono (C) contra um ganho acumulado de 3,78 Pg de C, resultando em uma perda de C (associado à biomassa acima do solo) de 0,67 Pg.


Os resultados do estudo aumentam o alerta para a crescente destruição do bioma Amazônico através do desmatamento descontrolado e da degradação, e que políticas associadas ao combate às mudanças climática devem priorizar o problema amplamente ignorado da degradação florestal. Soma-se a preocupação de que as mudanças climáticas acabam agindo como um feedback positivo (consequência e causa) no sentido de aumentar ainda mais a degradação da Amazônia.


(1) Publicação do estudo: https://www.nature.com/articles/s41558-021-01026-5

Amazônia Brasileira está liberando mais carbono para a atmosfera do que armazenando Amazônia Brasileira está liberando mais carbono para a atmosfera do que armazenando Reviewed by Saber Atualizado on maio 01, 2021 Rating: 5

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