Últimas sobre a pandemia: Anticorpos de lhama mostram alto potencial terapêutico
Últimas atualizações - estudos revisados por pares - sobre a pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e sua doença associada (COVID-19). No momento, já são quase 578 mil mortes confirmadas e mais de 13 milhões de casos registrados, números provavelmente muito subestimados.
> Assintomáticos. Em um estudo publicado no periódico Nature (Ref.1), analisando a população da cidade Italiana de Vò (~3200 habitantes), os pesquisadores encontraram que 42,5% daqueles que testaram positivo para o SARS-CoV-2 eram assintomáticos (sem sintomas reportados ao longo do curso completo da infecção).
> Suplementação com zinco. Um estudo de revisão publicado no periódico International Journal of Molecular Medicine (Ref.2) encontrou evidência de que a suplementação com zinco (Zn) pode ajudar a diminuir os riscos de infecção pelo SARS-CoV-2 e de agravamento da COVID-19. O zinco é um mineral essencial necessário para o metabolismo normal e funcionamento dos sistemas reprodutivo, cardiovascular e nervoso, e também importante para o sistema imune, em particular para a proliferação e maturação de células-brancas (leucócitos). A deficiência nesse micronutriente é comum ao redor do mundo (estimada em mais de 1,5 bilhão de pessoas). Na Rússia, essa deficiência nutricional afeta 20-40% da população, e em algumas regiões atinge a taxa de 60%. Segundo os autores da revisão, a suplementação com zinco em indivíduos deficientes pode ajudar a frear a replicação do vírus no organismo e até mesmo reduzir danos derivados de processos inflamatórios e suprimir infecções secundárias associados à COVID-19.
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> Efeitos colaterais da pandemia. Um estudo publicado no The Lancet (Ref.3), analisando o impacto da COVID-19 no sistema público de saúde, encontrou que em países de baixa e de média renda as mortes por infecção pelo HIV, Tuberculose e malária podem aumentar em até 10%, 20% e 36%, respectivamente, nos próximos 5 anos devido à disrupção nos serviços de saúde causada pela pandemia.
> Anticorpos de lhama. Camelos, lhamas e alpacas produzem naturalmente pequenos anticorpos com uma estrutura mais simples e com grande potencial terapêutico. Em um estudo publicado no periódico Nature Structural and Molecular Biology (Ref.4), pesquisadores reportaram o desenvolvimento de dois anticorpos derivados de lhama (Lama glama) capazes de neutralizar o SARS-CoV-2 in vitro. O anticorpos em questão (H11-D4 e H11-H4) - conhecidos como 'nanocorpos' devido às suas pequenas dimensões - se ligam à proteína spike (S) do novo coronavírus em uma forma diferente e nova em relação a outros anticorpos testados: se ligam a todos os três RBDs (domínios de ligação do receptor) da proteína S. Essa ação bloqueia completamente a interação do vírus com o receptor ACE2 nas células do hospedeiro, impedindo potencialmente a replicação viral no organismo. Combinando esses nanocorpos com anticorpos humanos, os pesquisadores criaram anticorpos híbridos ainda mais poderosos. Testes clínicos serão necessários agora para confirmar o promissor potencial terapêutico desses anticorpos.
> Jovens adultos. Um estudo publicado no periódico Journal of Adolescent Health (Ref.5) encontrou que 1 em cada 3 jovens adultos estão em risco desenvolverem uma forma mais grave da COVID-19. O estudo analisou os dados clínicos de 8400 homens e mulheres com idades de 18 a 25 anos - constituintes de uma amostra representativa da população Norte-Americana -, buscando por fatores de risco como fumo, diabetes, asma, obesidade, hipertensão, entre outros. Os pesquisadores encontraram que 33% dos homens e 30% das mulheres eram vulneráveis à COVID-19.
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> Asma é um fator de risco? Apesar de ser considerada um fator de risco para uma maior severidade da COVID-19, um estudo publicado no periódico Journal of Allergy & Clinical Immunology (Ref.6) não encontrou evidência de tal associação. Analisando evidências acumuladas até o momento na literatura acadêmica, os pesquisadores concluíram que pessoas com asma - mesmo aquelas com diminuída função pulmonar que estão sendo tratadas para o controle da inflamação asmática - não parecem ser afetadas com mais gravidade pelo SARS-CoV-2 do que pessoas não-asmáticas. Um dos motivos para isso pode ser o uso de corticoesteroides inalados pelos indivíduos asmáticos, mas mais estudos são necessários para esclarecer a questão.
> Tocilizumab. Um estudo retrospectivo analisando 154 pacientes com COVID-19 em estado crítico, e publicado no periódico Clinical Infectious Diseases (Ref.7), encontrou que a administração de uma única dose do medicamento tocilizumab foi capaz de reduzir em até 45% a taxa de mortalidade em comparação com os pacientes que não receberam o medicamento. Os pacientes analisados estavam hospitalizados em um centro de saúde associado à Universidade de Michigan, EUA. Porém, como é um estudo retrospectivo, especialistas pedem que estudos clínicos randomizados de grande porte sejam realizados antes da adoção do fármaco, especialmente devido ao seu custo. Um curso inteiro com o corticoesteroide dexametasona - já com sólido suporte científico de eficácia (Dexametasona é comprovadamente eficaz no tratamento da COVID-19, aponta estudo Britânico) - é 100 vezes mais barato do que uma única dose de tocilizumab. O tocilizumab foi inicialmente desenvolvido para tratar artrite reumatoide e sua ação farmacológica visa acalmar o sistema imune, interferindo em específico com a interleucina-6 (IL-6).
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> Neuropatia olfatória inflamatória. Em um estudo publicado no periódico The Lancet (Ref.8), pesquisadores reportaram dois casos de neuropatia olfatória diagnosticada durante a autópsia de pacientes com COVID-19. Um era um paciente de 70 anos de idade e o outro um paciente de 79 anos, e ambos receberam tratamento com hidroxicloroquina - comprovadamente ineficaz para o tratamento da doença (Hidroxicloroquina é comprovadamente ineficaz para tratar a COVID-19, aponta estudo Britânico). Os pesquisadores suspeitam que houve ataque direito ou indireto do vírus em células não-neurais associadas ao epitélio olfatório.
Leituras complementares:
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REFERÊNCIAS (links para os estudos reportados)
- https://www.nature.com/articles/s41586-020-2488-1
- https://www.spandidos-publications.com/10.3892/ijmm.2020.4575
- https://www.thelancet.com/pdfs/journals/langlo/PIIS2214-109X(20)30288-6.pdf
- https://www.nature.com/articles/s41594-020-0469-6
- https://www.jahonline.org/article/S1054-139X(20)30338-4/fulltext
- https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2213219820306061
- https://academic.oup.com/cid/article/doi/10.1093/cid/ciaa954/5870306
- https://www.thelancet.com/pdfs/journals/lancet/PIIS0140-6736(20)31525-7.pdf
Últimas sobre a pandemia: Anticorpos de lhama mostram alto potencial terapêutico
Reviewed by Saber Atualizado
on
julho 14, 2020
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