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Seis vacinas de DNA contra o novo coronavírus se mostraram efetivas em macacos



Com mais de 5 milhões de casos confirmados e mais de 330 mil mortes registradas ao redor do mundo, a busca por uma vacina eficiente para combater a pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) se intensificou nos últimos dois meses. Mas pesar de já existir reportes preliminares clínicos positivos (I), é ainda incerto se as vacinas testadas serão efetivas in vivo e em humanos. Outra questão importante a ser esclarecida é se pacientes recuperados estão associados a anticorpos garantindo proteção a longo prazo contra re-exposição futura ao SARS-CoV-2. 

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Nesse sentido, um reporte duplo publicado na Science (1-2) - dois estudos realizados pelo mesmo grupo de pesquisa do Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston, Massachusetts (hospital de ensino da Harvard Medical School) -  demonstrou em macacos Rhesus - os quais respondem ao novo coronavírus de forma muito semelhante àquela de humanos - que seis protótipos de vacinas a base de DNA protegeram esses primatas da infecção pelo SARS-CoV-2 e que a infecção com o SARS-CoV-2 os protegeu contra re-exposição a médio prazo.



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No primeiro reporte, os pesquisadores demonstraram que seis vacinas de DNA experimentais induziram respostas de anticorpos neutralizantes - comparáveis àquelas vistas em humanos convalescentes - e protegeram macacos Rhesus contra o SARS-CoV-2. No total, foram 25 macacos adultos imunizados, e 10 macacos que receberam injeções sem a vacina (controle). As vacinas testadas expressam variantes da proteína Spike, esta a qual é usada pelo vírus para entrar nas células e é um dos principais alvos dos anticorpos no organismo infectado. Essas vacinas são projetadas para treinar o sistema imune do corpo a reconhecer e responder rapidamente ao vírus após exposição.

Três semanas após uma nova vacinação de reforço, todos os 35 animais foram expostos ao vírus. Testes subsequentes mostraram uma dramática menor carga viral nos primatas vacinados comparado com o grupo de controle. Oito dos 25 macacos vacinados demonstraram níveis indetectáveis do vírus em qualquer ponto temporal seguindo a exposição ao vírus, e os outros espécimes mostraram apenas baixos níveis do vírus. Além disso, maiores níveis de anticorpos foram ligados a menores cargas virais, sugerindo que os anticorpos neutralizantes pode servir como uma correlação de proteção e podem se provar úteis em testes clínicos visando vacinas contra o SARS-CoV-2. 



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No segundo reporte, os pesquisadores demonstraram que 9 macacos Rhesus adultos (6-12 anos de idade) foram inoculados com partículas virais infecciosas do SARS-CoV-2, expressando eventualmente altas cargas virais nos tratos respiratórios inferior e superior, respostas imunes humoral e celular, e evidência patológica de pneumonia viral. Trinta e cinco dias depois, e seguindo a limpeza viral inicial pelo organismo - recuperação completa e desenvolvimento de anticorpos específicos - dos macacos testados, os animais foram re-expostos ao SARS-CoV-2 e mostraram reduções exponenciais na carga viral na mucosa nasal e no tecido broncoalveolar ao longo do percurso de infecção comparado com a infecção primária. Ou seja, frente à segunda infecção, os macacos demonstraram quase completa proteção contra o vírus.

Os resultados do segundo reporte sugerem imunidade protetiva natural contra a COVID-19 nesses primatas após uma infecção primária, algo que potencialmente pode ser extrapolado para humanos considerando que os macacos Rhesus possuem uma resposta imune e patológica ao SARS-CoV-2 muito similar àquela vista nos humanos.



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Ambos os reportes aumentam o otimismo de que o desenvolvimento de vacinas e de tratamentos imunes contra a COVID-19 são possíveis, mas os pesquisadores alertam que existem diferenças significativas entre as duas espécies de primatas (Rhesus e humanos modernos) e que mais estudos clínicos de maior porte e envolvendo humanos são necessários para mais firmes conclusões.

De fato, um estudo de revisão publicado hoje no periódico Journal of General Virology (3), analisando dados sobre imunidade relacionada ao MERS, SARS e outras quatro cepas sazonais de coronavírus, indicaram que o SARS-CoV-2 pode se tornar o quinto coronavírus sazonal com epidemias ocorrendo ao longo dos próximos anos. Os pesquisadores mostraram que um número de fatores, incluindo severidade da doença, influenciam o quão longo a proteção conferida por anticorpos contra a SARS (vírus SARS-CoV) e a MERS (vírus MERS-CoV) dura. Estudos têm mostrado que essa proteção é enfraquecida ao longo do tempo e para coronavírus sazonais onde a doença é leve, existem reportes de reinfecção após um mínimo de 80 dias.

No entanto, os autores desse último estudo reforçam que infecções não o mesmo que vacinas, e estas podem potencialmente conferir imunidade de longo prazo por mecanismos imunes distintos daquele visto em uma real infecção. Como ainda estamos começando a entender a dinâmica imunológica associada ao novo coronavírus, é necessário mais dados clínicos e estudos observacionais a longo prazo para um melhor esclarecimento da questão. Isso sem contar a alta taxa de mutações que o SARS-CoV-2 vêm sofrendo (II). Por enquanto, o futuro da atual pandemia é muito incerto.

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(1) Publicação do estudo: Science

(2) Publicação do estudo: Science

(3) Publicação do estudo: JIV

Seis vacinas de DNA contra o novo coronavírus se mostraram efetivas em macacos Seis vacinas de DNA contra o novo coronavírus se mostraram efetivas em macacos Reviewed by Saber Atualizado on maio 21, 2020 Rating: 5

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