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Vacina criada na China contra o novo coronavírus funcionou em primatas


Em meio à grave pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), e acúmulo de 2,8 milhões de casos e 195 mil mortes confirmados, ainda não existe nenhum tratamento cientificamente comprovado para o tratamento da doença associada (COVID-19) ou uma vacina efetiva para prevenir as infecções. Agora, pela primeira vez, uma das várias vacinas em desenvolvimento e em testes clínicos, protegeu um primata - no caso, macacos rhesus - de serem infectados pelo novo coronavírus, segundo reportaram cientistas da Sinovac Biotech, uma companhia privada sediada em Beijing, China. A vacina, baseada em uma versão quimicamente desativada do SARS-CoV-2, não produziu nenhum óbvio efeito colateral nos primatas, e testes clínicos em humanos já foram iniciados no dia 16 de abril.

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Os cientistas da Sinovac Biotech deram duas doses da nova vacina - chamada de 'PiCoVacc' - para um total de oito macacos rhesus (Macaca mulatta). Três semanas mais tarde, eles introduziram o SARS-CoV-2 no pulmão dos macacos através de tubos inseridos em suas traqueias - sem causar qualquer dano aos primatas - e nenhum deles desenvolveu qualquer substancial infecção. Os macacos que receberam as maiores doses (6 μg) tiveram a melhor resposta: sete dias após serem expostos ao vírus, os cientistas não conseguiram detectar nenhuma carga viral na faringe ou nos pulmões de nenhum deles. Alguns que receberam as menores doses (3 μg) expressaram uma pequena carga viral, mas também conseguiram controlar a infecção. Avaliações sistemáticas (sinais clínicos, hematológicos e índice bioquímico) e análises histopatológicas sugeriram que a vacina é segura. Os resultados do teste clínico foram anunciados publicamente pela Sinovac Biotech e também reportados em um estudo preprint na bioRxiv (1). (!)

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(!) ATUALIZAÇÃO (06/05/2020): O estudo foi agora aceito e publicado na Science (3), um dos periódicos de mais alto impacto do mundo, reforçando o potencial da vacina.
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Segundo os pesquisadores, a eficiência demonstrada pela vacina - especialmente em primatas não-humanos, nossos parentes evolutivos mais próximos - dá grande confiança de que ela funcionará em humanos. Alguns cientistas avaliando o estudo também expressaram votos de positividade e realçaram que a formulação 'tradicional' da vacina a torna de baixo-custo e de fácil produção em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos.

No entanto, outros especialistas também alertaram que o grupo de animais testados é muito pequeno para que os resultados tenham significância estatística (2). Além disso, outro possível problema levantado: será que as cepas do novo coronavírus - estocadas e cultivadas pela Sinovac Biotech - usadas para infectar os macacos representam as reais linhagens do vírus circulando pelo mundo, as quais também vêm acumulando um número enorme de mutações e prováveis recombinações? O que a seleção natural e a deriva genética têm feito com esse montante de modificações genômicas? (3) Será que as cepas artificialmente cultivadas podem ter divergido de forma dramática?

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(3) Leitura complementar: 
Nesse último ponto, os pesquisadores adereçaram parcialmente o problema, ao testar em experimentos laboratoriais misturas de anticorpos retirados de macacos, camundongos e ratos que receberam a vacina em cepas isoladas representativas (10 no total) de pacientes com COVID-19 da China, Itália, Suíça, Espanha e Reino Unido. Mesmo os anticorpos sendo oriundos de linhagens evolutivas relativamente muito distantes, esses conseguiram neutralizar todas as cepas, fornecendo forte evidência de que o vírus não acumulou ainda mutações a ponto de torná-lo resistente à nova vacina desenvolvida.

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Outra preocupação é que os macacos não desenvolvem os mais severos sintomas que o SARS-CoV-2 causam em humanos. Os pesquisadores da Sinovac inclusive reforçam no estudo publicado que "é ainda muito cedo para definir o melhor modelo de animal [não-humano] para estudar o SARS-CoV-2", mas observaram que os macacos rhesus analisados também desenvolviam sintomas similares aos vistos em humanos quando não-vacinados. E uma mais grave problemática nesse sentido: alguns dos macacos desenvolveram baixo nível de anticorpos. Vacinas anteriores testadas contra síndromes respiratórias agudas graves causadas por outros coronavírus - como a SARS e a MERS - que davam apenas imunidade parcial acabaram fomentando infecções mais severas em animais - respostas imunes aberrantes - durante testes clínicos. Porém, os pesquisadores Chineses não observaram tais efeitos no grupo testado - lembrando, que o grupo clínico foi pequeno -, mas reforçaram que "mais trabalho precisa ser feito."

A Sinovac possui grande experiência com a produção de vacinas, já tendo desenvolvido vacinas a base de cepas virais desativadas contra hepatite A e B, Influenza H5N1 (gripe do frango), entre outras doenças. A companhia começou os testes clínicos (fase I) da nova vacina em humanos no dia 16 de abril, envolvendo 144 voluntários. Metade desses voluntários irá receber doses altas da vacina e a outra metade irá receber placebo ou doses baixas. Apesar de placebos não serem tipicamente utilizados na fase I de estudos clínicos - a qual não busca investigar eficácia - os cientistas associados argumentaram que essa metodologia irá melhor avaliar se as vacinas causam qualquer efeito colateral perigoso. A companhia espera começar os testes clínicos da fase II ainda em meados de maio, e pretendem envolver mais de 1000 voluntários, e com resultados já no final de junho.

Se tudo der certo, a Sinovac planeja já iniciar os testes clínicos o mais rápido possível em uma fase III que irá efetivamente comparar a eficácia da vacina frente a um placebo, possivelmente em associação com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Nessa fase, os cientistas esperam já poder administrar a vacina na China no máximo de pessoas possíveis em alto risco de se tornarem infectadas - profissionais de saúde e agentes de polícia, por exemplo.

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De acordo com a OMS, seis outras vacinas já entraram em testes clínicos em humanos ontem (23 de abril), e 77 outras ainda estão sendo desenvolvidas. A maior parte dessas vacinas usam ferramentas modernas de engenharia genética, e apenas quatro delas - incluindo a da Sinovac - é baseada na velha e tradicional tecnologia de inativação viral. Para quem quiser mais informações sobre essas vacinas, acesse: PDF.


(1) Publicação do estudo: bioRxiv

(2) Referência adicional: Science Magazine

(3) Publicação do estudo: Science

Vacina criada na China contra o novo coronavírus funcionou em primatas Vacina criada na China contra o novo coronavírus funcionou em primatas Reviewed by Saber Atualizado on abril 24, 2020 Rating: 5

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