Primeiro cometa interestelar a entrar no Sistema Solar possui água

Astrônomos reportaram em outubro o primeiro cometa interestelar - Cometa 2I/Borisov -, através de observações do Telescópio Espacial Hubble (NASA). Revelando uma concentração central de poeira ao redor do seu núcleo (o qual é muito pequeno para ser visto pelo Hubble), sua velocidade e trajetória denunciaram sua origem fora do Sistema Solar. É o segundo objeto interestelar a ser identificado pelos astrônomos até o momento, com o primeiro sendo confirmado em 2017 (um corpo rochoso que recebeu o nome de 'Oumuamua', passando dentro de 38,6 milhões de quilômetros do Sol antes de sair do nosso sistema estelar) (1).

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(1) Para saber mais sobre o Oumuama, acesse: Objeto espacial como nenhum outro já visto é detectado pelos astrônomos

Descoberto no dia 30 de agosto deste ano, agora os astrônomos reportaram no último dia 28 de outubro a detecção de sinais de água no 2I/Borisov, ou seja, as primeiras evidências dessa substância no Sistema Solar com origem interestelar. A água 'alienígena' parece estar sendo liberada do interior do cometa, este o qual estão viajando em direção ao Sol. O achado foi descrito em um estudo publicado recentemente no periódico arXiv (2).

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Representando o segundo objeto interestelar conhecido a entrar no nosso sistema estelar, o 2I/Borisov fornece pistas mais do que valiosas da composição química, estrutura e características da poeira dos blocos de construção planetária forjadas em outros sistemas estelares há muito tempo e muito longe. Nesse sentido, até o momento, o Borisov se mostrou bastante ativo, como um cometa comum no Sistema Solar.

Com um telescópio de 3,5 metros no Observatório Apache Point, em Sunspot, New Mexico, os pesquisadores resolveram investigar em mais detalhes a luz solar sendo refletida do Borisov. No dia 11 de outubro, eles detectaram uma assinatura de oxigênio (O) no espectro de luz vindo do cometa. Apesar dos cometas poderem produzir oxigênio de diferentes formas, os pesquisadores argumentaram que a mais provável explicação é a quebra de água (H2O) em hidrogênio (H) e oxigênio. A taxa de produção de água no cometa foi estimada em (6.3±1.5)×10^26 mol s−1.

O próximo passo dos pesquisadores foi comparar a quantidade de água do cometa com a quantidade de cianeto (CN) previamente detectado em sua estrutura. A razão cianeto/água mostrou ser consistente com aquela vista em cometas do Sistema Solar (~0,3-0,9%), o que reforça que o Borisov é bastante similar aos cometas do nosso sistema estelar.

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O Hubble primeiro fotografou o cometa com boa resolução a uma distância em torno de 418 milhões de quilômetros da Terra. O cometa está se aproximando do Sol e fará sua chegada mais próxima em 7 de dezembro deste ano, onde estará duas vezes mais afastado da nossa estrela do que a Terra. À medida que se aproxima do Sol, o Borisov se aquece cada vez mais, fazendo com o núcleo gelado evapore e force a saída cada vez maior de gás e poeira. Nesse sentido, os astrônomos esperam ver sinais mais claros de água e de outras moléculas nas próximas semanas.

 O cometa está seguindo um caminho hiperbólico ao redor do Sol, e atualmente está com uma velocidade extraordinária de ~177000 km/h. Em meados de 2020, o cometa irá passar Júpiter a uma distância de ~805 milhões de quilômetros, em direção ao espaço interestelar, onde ficará à deriva por milhões de anos até encontrar outro sistema estelar.


(2) Publicação do estudo: arXiv

Referência adicional: NASA