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Descoberto fósseis de uma cobra com pernas e ainda com o osso jugal


Em um estudo  publicado esta semana na Science Advances (1), pesquisadores revelaram novos fósseis de uma cobra do gênero Najash, do Cretáceo, datada em 100 milhões de anos. Os fósseis englobavam várias partes do corpo muito bem preservadas, incluindo um crânio que ainda trazia a proeminência situada abaixo dos olhos formada pelo osso zigomático (osso jugal), ausente em todas as cobras modernas e representando um claro estado de transição. Além disso, os fósseis traziam pernas traseiras, também ausentes nas cobras modernas. O achado representa uma das das descobertas mais importantes até o momento no entendimento do processo evolutivo que marcou a transição de répteis tetrápodes com pernas para répteis tetrápodes sem pernas e com crânios flexíveis.

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As cobras representam um dos mais dramáticos exemplos da versatilidade evolucionária do plano corporal vertebrado, incluindo alongamento corporal, perda de membros e cinese craniana. Em específico, adaptações anatômicas a partir do crânio de ancestrais lagartos incluem grande aumento da capacidade de abertura bucal, aumento da cinese craniana (facilitando rápidos movimentos), perda dos ossos temporais e uma expansão do locais de anexação para a musculatura adutora da mandíbula. Esse crânio altamente modificado cria dificuldades em identificar homologias com outros escamados (ordem de répteis englobando as cobras, os lagartos e as anfisbenas), resultando em problemas para a reconstrução da filogenia e o entendimento das aquisições evolucionárias que culminaram no distinto crânio e alongado esqueleto das cobras modernas. E apesar de grandes avanços no entendimento evolucionário desses répteis (2), o registro fóssil, apesar de extenso, ainda é esparso, com início no final do Jurássico Médio.

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(2) Leitura recomendada: Pesquisadores Brasileiros revelaram como as cobras perderam seus membros durante o processo evolutivo

No novo estudo, paleontólogos da Universidade de Alberta e da Universidade de Flinders, EUA, e da Universidade Maimónides, Argentina, reportaram e analisaram oito novos crânios e três esqueletos articulados pós-cranianos de uma cobra Cenomaniana com pernas traseiras do gênero Najash, na região da Patagônia (Argentina). Os fósseis foram encontrados em rochas depositadas em ambientes de duna/interduna expostos na Área Paleontológica La Buitrera (LBPA). Esse gênero só era conhecido até o momento, em grande parte, a partir de um esqueleto parcial articulado pós-craniano e de um crânio parcial e fragmentos associados. Os novos crânios dos espécimes revelados incluem um novo e quase perfeitamente preservado crânio (MPCA 500) tridimensional que, por si só, clarificou várias dúvidas sobre a origem de cruciais características anatômicas do crânio de cobras modernas e resolveu a posição filogenética do táxon (Najash) junto a outras cobras com membros.



Via escaneamento de alta resolução (CT) e microscopia de luz, os pesquisadores revelaram impactantes novos dados anatômicos sobre a transição evolutiva que os fosseis representam. Os novos espécimes fossilizados de Najash trazem um mosaico de características de lagartos primitivos como um grande osso jugal tri-radiado e a ausência da crista circumfenestralis completa, e características típicas de cobras, como a ausência do osso pós-orbital, assim como condições intermediárias (de transição evolutiva) como um quadrado verticalmente orientado.



Em geral, o crânio da Najash mostrou ter alguns, mas não todas as juntas flexíveis encontradas no crânio das cobras modernas. O ouvido médio mostrou representar um estado intermediário entre aquele dos lagartos e atuais cobras, e, ao contrário de todas as cobras modernas, o gênero ainda retinha do ancestral lagarto o osso jugal, responsável pela proeminência que marca a região da bochecha. Além disso, enquanto quase todas as atuais cobras possuem uma crista circumfenestralis, fechando uma distinta câmara óssea ao redor da fenestra ovalis - e composto por três cristas (tuberalis, interfenestralis e pró-ótica), o crânio da Najash mostrou possuir apenas as regiões interfenestralis e tuberalis.

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Com a nova filogenia da evolução das cobras reconstruída com base nos novos achados (acesse o estudo indicado abaixo para mais detalhes), os pesquisadores revelaram que as cobras possuíam pequenas mas perfeitamente formadas pernas traseiras pelos primeiros 70 milhões de anos de evolução (170 milhões até 100 milhões de anos atrás). Isso sugere que a redução e perda do cingulum pectorale (conjunto de ossos no esqueleto apendicular que conecta o braço a cada lado do corpo) e dos membros posteriores provavelmente ocorreu muito mais cedo, dada sua ausência nos simoliofídeos e a falta de evidência da presença de ambos no gênero Najash e em outros gêneros próximo-relacionados de cobras com pernas traseiras, como o Dinilysia.




Apesar de representarem um estágio evolutivo intermediário entre lagartos com pernas e cobras sem pernas, o gênero Najash trazia um plano corporal altamente adaptado a ambientes diversos e persistiu por milhões de anos, se diversificando em um grande espectro de nichos terrestres, subterrâneos e aquáticos.


(1) Publicação do estudo: Science Advances

Descoberto fósseis de uma cobra com pernas e ainda com o osso jugal Descoberto fósseis de uma cobra com pernas e ainda com o osso jugal Reviewed by Saber Atualizado on novembro 21, 2019 Rating: 5

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