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Gene ligado ao autismo é alterado no espermatozoide de homens que usam maconha



Um estudo publicado ontem no periódico Epigenetics (1) encontrou que um gene específico associado com o autismo parece passar por mudanças nos espermatozoides de homens que usam maconha. A mudança genética nesse caso ocorre através de um processo epigenético conhecido como metilação do DNA, e a qual pode potencialmente ser passada adiante - de forma hereditária - para os filhos.

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Para mais informações sobre mecanismos epigenéticos, acesse: Epigenética, Plasticidade Fenotípica e Evolução Biológica

Na realização do estudo, os pesquisadores usaram modelos biológicos humanos e de outros animais para analisar diferenças entre o espermatozoide de machos que fumavam ou ingeriam maconha comparado a um grupo de controle sem tais exposições.

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Em um estudo anterior, publicado em dezembro do ano passado (2), os pesquisadores tinham encontrado alterações genéticas no espermatozoide de homens que fumavam maconha. No atual estudo, visando identificar genes alterados específicos, foi notavelmente encontrado um chamado de DLGAP2 (Proteína 2 Associada com Discos-Largos). Esse gene está envolvido na transmissão de sinais neurais no cérebro e tem sido fortemente implicado no desenvolvimento do autismo, assim como na esquizofrenia e no transtorno de estresse pós-traumático.

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(2) Para saber mais, acesse: Exposição à maconha altera o perfil genético das células reprodutivas masculinas

"Nós identificamos significativa hipometilação no DLGAP2 nas células germinativas masculinas de homens que usavam maconha comparado com o grupo de controle, assim como no espermatozoide de ratos expostos ao THC [delta-9-tetrahidrocannabinol, principal componente ativo da maconha] comparado aos controles", disse a Dr Rose Schrott, Ph.D e autora principal do estudo, em entrevista para a Universidade de Duke, EUA (3). "Esse estado hipometilado foi também detectado na região frontal do cérebro de ratos expostos ao THC, suportando o potencial para a herança inter-geracional de um espermatozoide alterado via padrões de metilação do DNA".

Os pesquisadores encontraram também que havia uma diferença sexo-baseada na relação entre metilação do DNA e expressão genética nos tecidos cerebrais humanos. Tanto nos tecidos do cérebro masculino quanto no cérebro feminino, um aumento de metilação do DNA estava associado com uma diminuição na atividade do gene. Essa relação foi mais forte nas mulheres/fêmeas, e parecia ser menos consistente nos homens/machos, apesar da razão para esse efeito ser ainda desconhecida. Essa anomalia foi importante, porque a razão entre meninos e meninas com autismo é 4:1, e existem diferenças sexo-baseadas nos sintomas neuro-comportamentais.

"É possível que a relação entre metilação e expressão é modificada se a mudança na metilação que nós vemos no espermatozoide é herdada pelos filhos", disse Murph. "Em qualquer evento, é claro que a região da metilação do DNA no DLGAP2 que é alterada em associação com a maconha é funcionalmente importante no cérebro."

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Os pesquisadores disseram que os achados não estabelecem uma ligação definitiva entre uso da maconha e o autismo, mas a possível conexão é motivo de preocupação e merece mais estudos para confirmar ou refutar o achado, especialmente porque o aumento nas taxas de autismo tem acompanhado o aumento no uso de maconha ao redor do mundo. Além disso, o grupo analisado de humanos foi pequeno (24 no total, metade controle) e co-fatores de risco como sono, dieta e nível de atividades físicas não foram levados em conta. Porém, os modelos animais (ratos) reproduziram os mesmos resultados.

"Este estudo é o primeiro a demonstrar a associação entre o uso de maconha por homens e mudanças de um gene no espermatozoide que tem sido implicado no autismo", disse outra autora do estudo, Susan Murphy, Ph.D. e professora associada no Departamento de Obstetrícia & Ginecologia da Escola de Medicina da Universidade de Duke.

Estudos prévios já tinham estabelecido uma associação entre o consumo de maconha por mulheres grávidas e o possível aumento de risco no desenvolvimento de autismo (4), e uma forte associação para transtornos mentais diversos.

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Existe uma percepção de que o uso indiscriminado de maconha é benigno, porém diversos estudos nos últimos anos vêm se acumulando mostrando que isso passa longe da verdade. O uso ideal da maconha deveria ser o medicinal, através de extratos e princípios bioativos, visando o tratamento de doenças específicas e sob orientação de um profissional da saúde. Outra preocupação é quanto à concentração de THC, a qual vem aumentando substancialmente nos produtos de maconha disponíveis do mercado. Em um momento de crescente legalização, é importante reforçar as campanhas de conscientização sobre a questão.

(4) Para saber mais, acesse: Fumo e uso recreativo da maconha: Lobo sob Pele de Cordeiro

CURIOSIDADE: No entanto, extratos da maconha podem ser utilizados para o tratamento do autismo, pelo menos no alívio de sintomas. Para saber mais, acesse: Maconha é eficaz no tratamento do autismo?


(1) Publicação do estudo: Epigenetics 

(3) Referência adicional: Duke University

Gene ligado ao autismo é alterado no espermatozoide de homens que usam maconha Gene ligado ao autismo é alterado no espermatozoide de homens que usam maconha Reviewed by Saber Atualizado on agosto 27, 2019 Rating: 5

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