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Revelada a face do ancestral de Lucy e um crucial elo de transição na evolução humana


Em um estudo publicado ontem na Nature (1), arqueólogos finalmente descreveram por completo um fóssil de um hominini do gênero Australopithecus encontrado na Etiópia. Datado em 3,8 milhões de anos atrás, o crânio muito bem preservado representa um intervalo entre 4,1 e 3,6 milhões de anos atrás, no Plioceno. Via análises morfológicas - em especial características anatômicas na mandíbula e no dente canino - os pesquisadores determinaram que o espécime pertence à espécie A. anamensis, esta a qual deu origem ao A. afarensis (representado pela famosa Lucy). O achado é mais significativo, porque até o momento só se conheciam fragmentos fósseis do A. anamensis (primariamente mandíbulas e dentes) e assumia-se que essa espécie havia desaparecido nesse período após a transição evolutiva.

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> Para mais informações sobre Lucy, acesse: Little Foot: Nosso ancestral com cérebro metade humano metade chimpanzé

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O projeto Woranso-Mille tem conduzido pesquisa de campo na região central de Afar, na Etiópia, desde 2004. O projeto já coletou mais de 12600 espécimes fósseis representando cerca de 85 espécies de mamíferos. A coleção de fósseis também inclui cerca de 230 fósseis de homininis datando entre mais de 3,8 milhões de anos e cerca de 3 milhões de anos atrás. Em 10 de fevereiro de 2016, em uma localidade chamada de Miro Dora, distrito Mille da Região Estadual de Afar, o crânio quase completo do novo espécime descrito de A. anamensis foi encontrado e nomeado de MRD-VP-1/1.


A datação do fóssil foi realizada via análise de minerais presentes em camadas vulcânicas de rochas próximas, incluindo observações químicas e propriedades magnéticas dessas camadas (2). Os pesquisadores também combinaram observações de campo com análises de vestígios biológicos microscópicos para reconstruir a paisagem, a vegetação e a hidrologia do local onde o espécime morreu. Os resultados das análises mostraram que o espécime habitava uma região, no geral, seca há cerca de 3,8 milhões de anos, mas em um local onde existia um grande lago e áreas florestadas ao longo de um rio que alimentava o delta e um sistema de lagos na região.

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(2) Para mais informações sobre as datações geológicas, acesse:  Como calcular a idade dos fósseis e da Terra?


O A. anamensis é o mais antigo membro do gênero Australopithecus. Devido ao quase completo e raro estado do crânio, os pesquisadores identificaram características anatômicas nunca antes vistas nessa espécie, marcadas por uma mistura de características faciais e craniais primitivas e derivadas. Algumas características eram compartilhadas com espécies posteriores, enquanto outras tinham mais em comum com ancestrais humanos ainda mais antigos e mais primitivos, como grupos representados pelos gêneros Ardipithecus e Sahelanthropus. Até o momento existia uma grande lacuna entre os mais antigos ancestrais humanos conhecidos, datados em cerca de 6 milhões de anos, e espécies como a Lucy (A. afarensis) que possuem de 2 a 3 milhões de anos de idade. O novo achado cria uma ponte no espaço morfológico entre esses grupos (transição evolutiva entre primatas homininis mais primitivos e aqueles mais próximo relacionados com o gênero Homo).

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Outra descoberta importante foi confirmar que o A. anamensis e sua espécie descendente, o A. afarensis, coexistiram por um período de, no mínimo, 100 mil anos. Até o momento acreditava-se que havia ocorrido uma evolução gradual entre as duas espécies, com o A. anamensis deixando de existir assim que o A. afarensis se estabeleceu no ambiente. A nova conclusão vem do fato de que existem fragmentos cranianos do A. afarensis datados em 3,9 milhões de anos atrás, também na Etiópia. E isso traz o questionamento: estariam esses primatas competindo por comida ou por espaço até a eventual conquista do A. afarensis?

Com base nas atuais evidências fósseis, parece que existiam no mínimo quatro tempo-sucessivas, mas alopátricas, populações de A. anamensis (Woranso-Mille, Allia Bay, Asa Issie e Kanapoi), variações evolutivas que traziam diferenças morfológicas cranianas e dentárias. Nesse sentido, o A. afarensis teria evoluído de uma dessas populações, enquanto as outras - ou no mínimo uma - persistiu no ambiente.


(1) Publicação do estudo: Nature

Revelada a face do ancestral de Lucy e um crucial elo de transição na evolução humana Revelada a face do ancestral de Lucy e um crucial elo de transição na evolução humana Reviewed by Saber Atualizado on agosto 29, 2019 Rating: 5

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