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Genética pode explicar até 25% do comportamento homossexual, mas não existe um "gene gay"



Um robusto estudo envolvendo mais de 470 mil pessoas, e publicado ontem na Science (1), mostrou que o fator genético pode explicar entre 8% e 25% da orientação não-heterossexual, com o resto sendo explicado for fatores ambientais e extra-genômicos diversos, como epigenética, exposição hormonal no útero e influências sociais ao longo da vida (apesar desse último fator não parecer ser tão significativo quanto na construção do gênero com base em evidências acumuladas até o momento) (2). Segundo o novo estudo, indivíduos com uma determinada orientação sexual (homossexual, bissexual, heterossexual) são mais prováveis de compartilharem certos marcadores genéticos, os quais parecem englobar centenas de milhares de genes, e com cada um deles, aparentemente, exercendo um pequeno efeito no comportamento sexual.

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(2) Para saber mais, acesse: A Homossexualidade é biológica ou social?

Para explorar os fatores genéticos por trás das orientações sexuais, um time internacional de cientistas, co-liderados pelo geneticista Benjamin Neale do Broad Institute em Cambridge, Massachusetts, usou em especial o UK Biobank, um estudo médico de longo prazo envolvendo 500 mil Britânicos. O time, também trabalhando com cientistas comportamentais e consultando grupos LGBTs, examinou marcadores no DNA e dados de pesquisas de comportamento sexual preenchidos por quase 409 mil participantes do UK Biobank e cerca de 69 mil clientes da 23andMe, um serviço de teste do consumidor. Para a análise genética, os pesquisadores usaram Associação Genômica Ampla (GWAS). Análises de replicação em 15142 indivíduos dos EUA e da Suécia, e análises consecutivas usando diferentes aspectos da preferência sexual também foram realizadas.

A pesquisa do UK Biobank trouxe a seguinte pergunta de interesse: "Você já teve relações sexuais com alguém do mesmo sexo?". A pesquisa do 23andMe trouxe uma pergunta similar .

Os pesquisadores encontraram 5 marcadores genéticos (variantes genéticas) significativamente associados com a resposta 'sim' para essas perguntas. Dois marcadores eram compartilhados por homens e mulheres, dois eram específicos de homens, e um foi encontrado apenas em mulheres. Uma das variantes genéticas (rs28371400-15q21.3) é ligada à calvície masculina (alopécia androgênica) (3) e localizada próximo de um gene (TCF12) relevante para a diferenciação sexual, reforçando a ideia que a regulação de hormônios sexuais (como a testosterona) pode estar envolvida no desenvolvimento de comportamento não-heterossexual. Uma outra variante (rs34730029-11q12.1) foi observada em uma área rica em genes associados ao olfato, um sentido que tem sido ligado à atração sexual. Combinando todas as variantes ao longo de todo o genoma, os pesquisadores estimaram que os fatores genéticos explicam, no máximo, 25% da orientação não-heterossexual de um indivíduo, e um mínimo de 8%. Porém, os cinco genes destacados em específico explicam menos do que 1%. Ou seja, inúmeros genes atuam em conjunto para ajudar a determinar a orientação sexual de um indivíduo (expressão poligênica), não existindo um "gene gay" ou uma assinatura genética específica.


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(3) Para saber mais sobre o assunto, acesse: Mitos sobre a calvície

É válido mencionar que o estudo teve uma importante limitação, já que a pergunta no questionário do UK Biobank apenas pedia para responder se o indivíduo havia tido alguma vez uma relação sexual com o mesmo sexo (não ficando claro se isso refletia bissexualidade, homossexualidade ou apenas uma experiência breve), onde o ideal seria ter perguntado com qual sexo o indivíduo se sentia mais confortável em manter relações sexuais (como fez o 23andMe). Outra limitação é que todos os participantes analisados tinham ancestralidade Europeia e eram oriundos de apenas três países ocidentais e desenvolvidos. Estudos geograficamente e sócio-culturalmente mais amplos precisam ser realizados.

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De qualquer forma, o estudo soma mais uma importante evidência de que a orientação sexual é, no mínimo, determinada em grande parte por fatores biológicos. Levando em conta estudos prévios, fatores sócio-culturais podem interagir com os fatores genéticos para moldar a orientação sexual, mas não de forma isolada. Também reforça estudos realizados em gêmeos idênticos e familiares que sugeriam fortemente fatores genéticos envolvidos na homossexualidade. Porém, assim como ocorre para outros traços do comportamento humano, diversos fatores biológicos parecem atuar para a expressão da preferência sexual, ficando praticamente impossível prever quem irá ou não irá ter uma orientação sexual x, y ou z.


(1) Publicação do estudo: Science

Genética pode explicar até 25% do comportamento homossexual, mas não existe um "gene gay" Genética pode explicar até 25% do comportamento homossexual, mas não existe um "gene gay" Reviewed by Saber Atualizado on agosto 30, 2019 Rating: 5

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