Aquecimento global fez as ondas de calor Europeias até 3°C mais quentes

De acordo com uma análise realizada por cientistas do grupo World Weather Attribution (1), combinando informações de modelos e observações, as extremas ondas de calor que quebraram recordes de temperatura na última semana ao longo da Europa Ocidental foram mais prováveis de ocorrerem - e severas - devido às mudanças climáticas disparadas pelo aquecimento global antropogênico. O grupo analisou seis ondas de calor no território Europeu desde 2010 - incluindo a que ocorreu no último mês de junho.

Na França e na Holanda, onde as temperaturas subiram para valores acima de 40°C, as mudanças climáticas tornaram tais anomalias climáticas 10 vezes - e possivelmente 100 vezes - mais prováveis de ocorrerem do que um século atrás. No Reino Unido e na Alemanha, as anomalias se tornaram 5 a 10 vezes mais prováveis. E, em todas as localizações, as temperaturas observadas foram 1,5-3°C mais quentes do que em um cenário onde o clima global estivesse inalterado pela atividades humanas.

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Enquanto isso, a última onda de calor se moveu para a Groenlândia, onde está causando um derretimento sem precedentes da espessa camada de gelo que cobre a maior parte da ilha.

E além da Groenlândia, lugares bem frios na Europa também sofreram com as ondas calor. A Rede de Monitoramento das Geleiras Suíças (GLAMOS, na sigla em inglês) (2) encontrou que as geleiras na Suíça experienciaram taxas anormalmente altas de derretimento: cerca de 800 milhões de toneladas de gelo foram perdidos durante as duas últimas ondas de calor (junho e julho), ou seja, em apenas 14 dias! A estimativa é preliminar, e uma análise mais compreensiva será publicada no final do verão, a qual irá comparar as perdas dessa estação com o mesmo período do ano passado.

Nos Alpes Franceses, as autoridades da França determinaram que a Geleira Grande Motte não mais era segura para os esquiadores após o derretimento excessivo. As ondas de calor que atingiram o Sul da Europa e os Alpes variaram de 40°C a 50°C, e o abaixo de zero na região Alpina estava ocorrendo apenas em altitudes tão grandes quanto 4700 metros e durante o dia as temperaturas no topo do Monte Blanca (4810 m) alcançaram 10°C. No Instagram do alpinista Bryan Mestre, duas fotos postadas na última semana ganharam grande repercussão, as quais mostraram a formação de um massivo lago de gelo derretido em apenas 10 dias, como pode ser visto nas imagens abaixo do antes (a) e do depois (b).

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Link para as fotos no Instagram: bryanthealpinist
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Desde meados do século XIX, as geleiras Alpinas vêm recuando, e as perdas parecem estar sendo aceleradas nas últimas décadas. A Geleira Alestsch, a maior geleira nos Alpes, recuou mais de 3 km desde o ano de 1870. É estimado que cerca de um terço de todo o volume das geleiras nos Alpes Europeus pode ser perdido até o ano de 2100, no caso das nações ao redor do mundo cumprirem as metas do Acordo de Paris. Sob um cenário onde as emissões de gases estufas (dióxido de carbono, metano, etc.) continuem na mesma taxa atual, mais de 90% do gelo pode desaparecer.

O mesmo padrão de perda nas geleiras dos Alpes também está sendo observado em outras geleiras Europeias, como em outras montanhas da França, Áustria e Itália.


Leitura recomendada: Aquecimento Global: Uma Problemática Verdade

(1) Referência: Nature

(2) Referência: Science