Um tiro, três alvos: Chagas, doença do sono e Leishmaniose!

(12/09/16) Notícia fantástica! Depois de testarem mais de 3 milhões de compostos, os pesquisadores conseguiram uma única droga que combate três das mais mortais doenças que assolam o mundo, especialmente países pobres: doença de Chagas, leishmaniose e doença do sono, causadas pelos protozoários Trypanossoma cruzi, Leishmania spp. e Trypanosoma brucei,respectivamente. A substância é um inibidor da proteasoma cinetoplastida (GNF6702) e mostrou poderosa eficácia in vivo (por enquanto, em testes com animais).

Apesar de existirem medicamentos para essas doenças, eles são bastante tóxicos para nós (1) e muito caros. Além disso, grande parte deles necessita de ser aplicada por via venosa, algo que requer uma intervenção médica mais sofisticada de observação e controle clínico. Somando tudo isso, países pobres, como os da África, Ásia e América Latina, acabam sendo pouco beneficiadas por esses medicamentos. A nova droga é oposta a tudo isso e ainda várias vezes mais potente. Porém, alguns especialistas alertam que a via de circulação dela dentro do corpo provavelmente terá que ser diferenciada, já que os protozoários responsáveis pelas doenças listadas acima têm o seu campo de ação em diferentes partes do organismo (Chagas = coração e sistema gastrointestinal; doença do sono = cérebro; e leishmaniose = pele ou vísceras, como o fígado, baço e medula óssea). Os testes clínicos de segurança em humanos começarão em breve. Assim, talvez seja necessário que a droga tenha que sofrer algumas modificações químicas em sua estrutura para cada caso.

As três doenças em conjunto afetam cerca de 20 milhões de pessoas ao redor do mundo e causam mais de 50 mil mortes anualmente. E, das três, a doença de Chagas ainda não possui cura.

(1) Os protozoários são seres unicelulares eucariontes, ou seja, a célula que os formam possuem a mesma estrutura e características bioquímicas básicas das nossas. Assim, medicamentos criados para atacar os protozoários causadores de doenças acabam também tendendo a causar bastante dano nas nossas células, já que são muito parecidas.

Publicação do estudo: Nature