Elefantes dão nomes uns aos outros de forma similar a humanos, aponta estudo
Figura 1. Uma mãe elefante liderando seus filhotes no norte do Quênia. |
Em um estudo recentemente publicado no periódico Nature Evolution & Ecology (Ref.1), pesquisadores da Universidade Estadual do Colorado, EUA, investigaram elefantes da espécie Loxodonta africana (Fig.1), analisando dados acumulados ao longo de 14 meses de intenso trabalho de campo no Quênia, seguindo esses animais em veículos e registrando suas vocalizações.
Cerca de 470 chamados distintos foram capturados de 101 falantes únicos correspondentes a 117 receptores na Reserva Nacional de Samburu e Parque Nacional de Amboseli. Análise dessas vocalizações através de máquina de aprendizado (uma forma de IA) apontaram que os chamados dos elefantes continham componentes intencionando a identificação de receptores específicos ("nomes").
Quando os pesquisadores reproduziram essas assinaturas de vocalização (nomes) associadas a elefantes específicos, estes respondiam afirmativamente aos chamados, através de respostas vocais ou se aproximando da fonte sonora. Elefantes tipicamente não reagiam ou respondiam de forma significativa ao nome de outros elefantes.
Enquanto golfinhos e papagaios também chamam uns aos outros do mesmo grupo social por 'nomes', esses animais o fazem imitando assinaturas de chamados do receptor alvo. Por outro lado, elefantes africanos mostraram chamar companheiros por nomes criados (chamados personalizados) e não imitações de chamados, de forma similar a humanos.
Em outras palavras, elefantes reconheciam seus nomes independentemente do quão similar o componente vocal associado era relativo à sua vocalização.
A habilidade de aprender a produzir novos sons é incomum entre animais. Comunicação arbitrária - onde um som representa uma ideia mas sem imitá-la - é considerada um avanço cognitivo necessário para a emergência da linguagem, hoje exibida apenas por humanos.
O uso de nomes baseados em vocalização arbitrária indicam que elefantes podem ser capazes de pensamento abstrato.
E, assim como humanos, elefantes analisados no novo estudo nem sempre mostraram adereçar uns aos outros pelo nome em conversas diversas. Chamar um indivíduo pelo nome era mais comum quando esse estava distante ou quando adultos estavam conversando com filhotes.
> O estudo traz mais uma evidência que componentes diversos necessários para a linguagem humana são encontrados em animais diversos. Fica a sugestão de leitura: Linguagem humana: Criação ou Evolução?
REFERÊNCIAS
- Pardo et al. (2024). African elephants address one another with individually specific name-like calls. Nature Ecology & Evolution 8, 1353–1364. https://doi.org/10.1038/s41559-024-02420-w
- https://warnercnr.source.colostate.edu/elephants-have-names-like-people/
- https://www.nature.com/articles/d41586-024-00797-z