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Para parte da população, proteínas e gorduras podem promover maior produção de insulina do que carboidratos, aponta estudo

Figura 1. Para algumas pessoas, dietas ricas em gorduras ou proteínas podem também engatilhar alta secreção de insulina pelo pâncreas.

 
Tipicamente, quando falamos de diabetes e níveis de glicose no sangue (glicemia), o foco se volta para os carboidratos na dieta. Insulina é liberada pelas células beta das ilhotas pancreáticas em resposta a estímulos nutricionais no sentido de manter homeostase energética. O principal componente nutricional que promove a secreção de insulina é a glicose, derivada de carboidratos durante a digestão no trato gastrointestinal. Porém, proteínas e gorduras podem também modular a liberação de insulina pós-digestão, apesar da extensão desse efeito ser incerta. Nesse último ponto, um recente estudo publicado na Cell Metabolism (Ref.1), mostrou que, para algumas pessoas, proteínas e gorduras na dieta podem ser tão importantes quanto carboidratos no controle dos níveis glicêmicos.


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O estudo é inédito no sentido de ser o primeiro de grande porte comparando como diferentes pessoas produzem insulina em resposta a cada um desses três macronutrientes (gorduras/ácidos graxos, proteínas/aminoácidos e carboidratos/glicose).


Experimentos foram conduzidos em ilhotas pancreáticas de 140 doadores cadavéricos do sexo feminino e do sexo masculino ao longo de uma ampla faixa de idade e refletivos da população em geral. As ilhotas foram expostas a cada um dos três macronutrientes - especificamente seus constituintes circulando no sangue pós-refeição (!) -, enquanto os pesquisadores mediam a resposta de insulina junto com outras ~8 mil proteínas e >20 mil mRNAs associados à composição e função celular das ilhotas.


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> As ilhotas pancreáticas compõem a porção endócrina do pâncreas, caracterizadas como agregados esféricos de diferentes células endócrinas, distribuídas aleatoriamente pela porção exócrina da glândula. Entre os tipos celulares nesses agregados, temos as células beta, que produzem insulina, hormônio que ajuda o corpo a assimilar a glicose e a controlar os níveis desse açúcar no sangue. Em pessoas com diabetes tipo 1, o sistema imune do corpo ataca e destrói as células beta.


(!) 15 ou 6 mM de glicose; 5 mM do aminoácido leucina; e 1,5 mM de uma mistura de ácidos graxos (oleato/palmitato). 

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Apesar da maioria dos doadores de ilhotas responderem mais fortemente à glicose, aproximadamente 9% dos doadores respondiam fortemente a aminoácidos, enquanto outros 8% eram mais responsivos aos ácidos graxos do que qualquer outro nutriente - até mesmo glicose na maior concentração testada (15 mM). Essa relativa hipersensibilidade de ilhotas a lipídios mostrou ser similar, funcionalmente, a ilhotas derivadas de células-troncos embriônicas imaturas [humanas] - sugerindo imaturidade das células beta em um subgrupo dos doadores. Perfis proteicos (proteomas) das ilhotas pancreáticas nos doadores hiper-responsivos a aminoácidos e ácidos graxos mostraram-se únicos e distintos entre si e em comparação com aqueles hiper-responsivos à glicose. Por exemplo, doadores com hipersensibilidade aos ácidos graxos exibiam maior nível de hemoglobina glicada (HbA1c) e abundância 30% na proteína WNT4.


Figura 2. Na maioria dos doadores de ilhotas pancreáticas, glicose era o mais forte estimulador de insulina, seguido por aminoácido [leucina] e, então, por ácidos graxos [oleato e palmitato], estes últimos apenas estimulando fracamente a produção de insulina na média. Como mostrado no gráfico, Ilhotas exibiram secreção bifásica de insulina em resposta à glicose. Resposta ao aminoácido também mostrou-se bifásica, com uma distinta 1° fase durando ~15 minutos. Resposta aos ácidos graxos, quando presente, era monofásica. Ref.1


O estudo, portanto, desafia a crença tradicional de que o efeito pós-refeição de gorduras (lipídios) na liberação de insulina nos humanos é sempre desprezível ou pouco significativo.


Aliás, mais interessante: analisando ilhotas pancreáticas de pessoas com diabetes tipo 2, os pesquisadores observaram esperada e baixa resposta de insulina para glicose; porém, para aminoácidos [proteínas] a resposta permaneceu quase intacta!


Essa última observação suporta sugestões de que dietas ricas em proteínas podem ter benefícios terapêuticos para pacientes com diabetes tipo 2.


No geral, os resultados do estudo realçam a importância de personalizar recomendações nutricionais para pacientes com diabetes, e com atenção a todos os macronutrientes.


> Aliás, aproveitando o tema, muitos - mesmo entre profissionais de saúde e de nutrição - continuam errando ao descrever como a insulina atua reduzindo a glicose circulante no corpo. NÃO é apenas ação no transportador GLUT4. Entenda: Qual é o real papel da insulina no controle da glicemia? 


REFERÊNCIAS

  1. Kolic et al. (2024). Proteomic predictors of individualized nutrient-specific insulin secretion in health and disease. Cell Metabolism, Volume 36, Issue 7, P1619-1633. https://doi.org/10.1016/j.cmet.2024.06.001
  2. https://www.niddk.nih.gov/health-information/diabetes/overview/insulin-medicines-treatments/pancreatic-islet-transplantation

Para parte da população, proteínas e gorduras podem promover maior produção de insulina do que carboidratos, aponta estudo Para parte da população, proteínas e gorduras podem promover maior produção de insulina do que carboidratos, aponta estudo Reviewed by Saber Atualizado on julho 09, 2024 Rating: 5

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