Intensa caça causou evolução de chifres menores nos rinocerontes entre os séculos XIX e XXI, aponta estudo
Rinocerontes - mamíferos herbívoros de grande porte da família Rhinocerontidae - responderam, em termos de valor, por 11,8% do tráfico ilegal da vida selvagem entre 2014 e 2018, o terceiro maior grupo de animais atrás de elefantes (1) e pangolins (2), com o comércio fomentado primariamente pela demanda de chifres desses animais na medicina tradicional (Chinesa e Vietnamita) e como um símbolo de status. A intensa caça levou todas as espécies ainda existentes de rinocerontes a um ponto próximo da extinção, engatilhando inclusive um processo evolutivo de parceria entre rinocerontes-negros e o pássaro pica-boi-de-bico-vermelho contra humanos (3).
Para mais informações:
- Marfim e o massacre dos elefantes
- Qual é o mamífero mais traficado do mundo?
- Rinocerontes fizeram parceria com pássaros contra humanos caçadores
Agora, em um estudo publicado no periódico People and Nature (Ref.1), pesquisadores encontraram evidência de que os rinocerontes estão evoluindo chifres menores como resposta à pressão seletiva imposta pela caça excessiva. Para essa conclusão, foram analisados os chifres de 80 rinocerontes, fotografados de perfil entre 1886 e 2018 (fotos disponíveis em um repositório online conhecido como Rhino Resource Centre). As fotos incluíam todas as cinco espécies de rinocerontes. O comprimento dos chifres mostrou uma significativa redução em todas as espécies ao longo do último século.
Basicamente, rinocerontes com chifres maiores são mais visados por caçadores, deixando aqueles com chifres menores vivos para transmitirem seus genes para as próximas gerações - incluindo traços genéticos responsável por chifres menores. Ou seja, um clássico exemplo de seleção natural.
> Em muitas reservas na África, os chifres de rinocerontes estão sendo removidos como uma medida desesperada de proteção contra caçadores. Um estudo recente sugere que chifres menores ou ausência de chifre não traz prejuízos significativos para esses animais, pelo menos não entre rinocerontes-negros (Ref.2).
REFERÊNCIAS
- Wilson et al. (2022). Image-based analyses from an online repository provide rich information on long-term changes in morphology and human perceptions of rhinos. People and Nature. https://doi.org/10.1002/pan3.10406
- Chimes et al. (2022). Effects of dehorning on population productivity in four Namibia sub-populations of black rhinoceros (Diceros bicornis bicornis). European Journal of Wildlife Research 68, 58. https://doi.org/10.1007/s10344-022-01607-5