Anestésico comumente usado em cirurgias pode reduzir a efetividade de contraceptivos hormonais
Na reunião anual da Sociedade Europeia de Anestesiologia e Cuidados Intensivos (ESAIC), em Milão, Itália, pesquisadores apresentaram um estudo alertando que as mulheres não estão sendo rotineiramente informadas que um anestésico comumente usado em operações pode tornar métodos contraceptivos hormonais menos efetivos, aumentando o risco de gravidez não-planejada (1).
O medicamento anestésico em questão, Sugammadex®, é uma gama-ciclodextrina modificada usada no final de operações para reverter o bloqueio motor (relaxamento dos músculos do paciente) de medicamentos administrados no início do procedimento, em especial o rocurônio, preparando o paciente para ser despertado. Esse anestésico é conhecido de interagir com o hormônio progesterona e pode reduzir a efetividade de mini-pílulas, pílulas combinadas, anéis vaginais, implantes e dispositivos intra-uterinos (DIU).
Guias médicas recomendam que as mulheres em idade reprodutiva que receberam o Sugammadex® sigam as orientações da bula para situações de 'perda da pílula' (caso usem contraceptivos orais hormonais), ou usem outros métodos contraceptivos não-hormonais (ex.: camisinha) por 7 dias caso estejam usando outros tipos de métodos hormonais.
O novo estudo apresentando na ESAIC investigou hospitais no Reino Unido e encontrou que essa informação não é comumente passada para os pacientes nos departamentos de anestesia. Enquanto que 94% de 82 anestesistas questionados estavam cientes do risco de falha contraceptiva com o uso do Sugammadex®, 70% deles informaram que não discutem rotineiramente esse efeito colateral com os pacientes que receberam o fármaco. Entre 234 pacientes investigados que receberam o medicamento, 65 (28%) eram mulheres que estavam na idade reprodutiva, e 48 delas deveriam ter sido orientadas sobre os riscos de falha contraceptiva por estarem usando métodos hormonais.
O Sugammadex® é o único anestésico com esse efeito colateral, e seu uso é esperado de aumentar à medida que seu preço fique mais acessível no mercado (considerando seu excelente perfil farmacológico, eficácia e especificidade) (2).
REFERÊNCIAS