Pescador pré-histórico morreu ao se afogar no mar, conclui estudo arqueológico pioneiro
Um recente estudo publicado no periódico Journal of Archaeological Science (1) confirmou que afogamento foi a causa de morte de um indivíduo do sexo masculino cujo esqueleto foi desenterrado na costa do Chile (Deserto do Atacama) - junto a vários outros esqueletos - e datado do Neolítico há cerca de 5 mil anos. A vítima era um caçador-coletor com idade entre 35 e 45 anos, e evidências ósseas e arqueológicas apontam que era um pescador.
Na ciência forense moderna, é possível determinar a causa de morte por afogamento ao se confirmar a presença de diatomáceas (um grupo de algas unicelulares) dentro dos ossos das vítimas. Isso porque se a pessoa tivesse morrido antes de entrar na água, ela não teria engolido água com grande quantidade de diatomáceas.
No novo estudo, os pesquisadores analisaram via microscópio amostras da medula óssea extraída dos ossos pertencentes ao esqueleto pré-histórico, buscando por um amplo espectro de partículas microscópicas com potencial de jogar luz sobre a causa da morte. Os resultados revelaram uma variedade de partículas marinhas fortemente sugerindo afogamento em águas oceânicas, incluindo algas fossilizadas e sedimentos marinhos, os quais não teriam sido detectados pelo teste padrão para diatomáceas. Análise mineral microscópica descartou contaminação pós-morte dos ossos.
Como os outros esqueletos testados e datados do mesmo período não continham partículas marinhas, os pesquisadores descartaram um evento catastrófico, sugerindo que a vítima foco do estudo afogou-se talvez por acidente (especificamente próximo da costa).
O novo método desenvolvido no estudo fornece mais uma importante ferramenta de análise arqueológica.
REFERÊNCIA
- (1) Andrade et al. (2022). Evidence for a mid-Holocene drowning from the Atacama Desert coast of Chile. Journal of Archaeological Science, Volume 140, 105565. https://doi.org/10.1016/j.jas.2022.105565
