Penas e outras adaptações ao frio permitiram que os dinossauros dominassem a Terra, conclui estudo
O Triássico Tardio e o início do Jurássico foram um dos poucos períodos na história da Terra onde não existe evidência de geleiras nas regiões polares do planeta. Florestas estavam presentes em praticamente toda a extensão continental da Pangeia, incluindo no Polo Norte. Apesar de outros possíveis fatores contribuintes, a principal hipótese é que a Terra estava em um estado de "estufa" devido às altas concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, de ~1000 até 6000 partes por milhão (ppm), as maiores nos últimos 420 milhões milhões de anos (hoje as concentrações estão em torno de 419 ppm) (Ref.1). Essas altas concentrações de CO2 foram resultado provavelmente de massivas e frequentes erupções vulcânicas nesse período.
Em um recente estudo publicado na Science Advances (Ref.2), pesquisadores mostraram que as massivas atividades vulcânicas causaram também transientes mas intensos invernos vulcânicos nas altas latitudes (devido à reflexão excessiva de luz solar pelas grandes quantidades de partículas lançadas na estratosfera pelos vulcões) (1) e também nos trópicos, corroborando evidência prévias. Esses invernos vulcânicos estão associados com a extinção em massa no final do Triássico (201,6 milhões de anos atrás) na extensão continental do planeta, dizimando todos os répteis de porte médio a grande que não eram dinossauros. Por outro lado, os dinossauros não apenas resistiram a esse processo de extinção como também se proliferaram (rápida radiação adaptativa), estabelecendo o domínio terrestre desses animais no planeta pelos próximos 135 milhões de anos.
(1) Leitura recomendada: Como os vulcões afetam o clima?
Nesse último ponto, análises filogenéticas no estudo mostraram que os dinossauros eram adaptados a ambientes muito frios, incluindo a presença abundante de penas nos terópodes, permitindo assim a exploração das áreas sempre verdes em altas latitudes por esses répteis e proteção contra temperaturas congelantes nos trópicos. Nos trópicos, o tamanho dos dinossauros terópodes aumentou, em média, 20%, equivalente a um aumento de quase o dobro na massa corporal. Aliás, os achados do estudo também potencialmente corroboram outro estudo recente publicado na Nature (2) fortemente sugerindo que os dinossauros, terópodes e não-terópodes, possuíam sangue quente.
(2) Leitura recomendada: Quais as evidências da Evolução Biológica?
Sem penas e com sangue frio, outros répteis de médio-grande porte sucumbiram. As aves (únicos dinossauros que sobreviveram ao evento de extinção em massa há 66 milhões de anos) ainda continuam 2 a 3 vezes mais diversas (número de espécies) do que os mamíferos.
REFERÊNCIAS
- https://climate.nasa.gov/vital-signs/carbon-dioxide/
- Olsen et al. (2022). Arctic ice and the ecological rise of the dinosaurs. Science Advances, Vol. 8, No. 26. https://doi.org/10.1126/sciadv.abo6342