Cientistas revelam a origem da Peste Negra que devastou a população da Europa Medieval

Em 1347, a Peste primeiro entrou no Mediterrâneo pelo comércio marítimo no Mar Negro. A doença - causada pela bactéria Yersinia pestis - então se disseminou pela Europa, Oriente Médio e o Norte da África, causando uma pandemia responsável pela morte de até 2/3 da população Europeia na época. A primeira e mais letal onda pandêmica ficou conhecida na história como Peste Negra (1346-1353 d.C.), mas a pandemia se arrastou por 500 anos.

Em 2019, um estudo genético havia apontado que regiões na Rússia estavam associadas com a entrada da bactéria Y. pestis na Europa Medieval (Ref.1), porém, a localização geográfica exata da fonte de origem (cepa ancestral) permanecia um mistério.

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Até o momento, a mais controversa e debatida evidência arqueológica potencialmente associada com o início da Peste Negra é representada por túmulos localizados próximos do Lago Issyk-Kul, no Vale Chüy, região do atual Quirguistão, um país na Ásia Central. Esses túmulos (!) têm sido pensados de conter vítimas de uma epidemia ocorrida na primeira metade do século XIV, e, de fato, nas inscrições de dez das tumbas (datadas do período de 1338-1339) é apontado 'pestilência' como causa das mortes. Essa localidade também está associada com antigas conexões da Rota da Seda (!), as quais interligavam comercialmente Ásia e Europa, e as vítimas nos túmulos faziam parte de uma comunidade local de mercantes.

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Em um estudo recentemente publicado na Nature (Ref.2), pesquisadores analisaram DNA antigo de vestígios humanos assim como dados históricos e arqueológicos associados aos túmulos no Lago Issyk-Kul. DNA da bactéria Y. pestis efetivamente foi identificado em indivíduos enterrados no ano de 1338, confirmando que a epidemia na região que culminou na morte de pelo menos 118 pessoas foi causada pela disseminação da Peste. Além disso, a cepa altamente virulenta responsável por essa epidemia mostrou ser ancestral das variantes que se disseminaram pela Europa. Outras linhas de evidência analisadas também apontaram para esse caminho.

Os achados também corroboram a grande diversidade genética de cepas modernas Y. pestis em hospedeiros naturais da bactéria (ex.: pequenos mamíferos) na China, apontando também para uma origem da Peste na Ásia Central.

É ainda incerto apenas se a cepa original da Peste evoluiu na região do Quirguistão, ou se teve um percurso evolucionário inicial em outro lugar, mas as evidências genéticas do novo estudo mostram uma similaridade entre a cepa ancestral identificada e cepas modernas encontradas nas montanhas de Tian Shan, uma cordilheira na região fronteiriça entre o Cazaquistão, Quirguistão e a China Ocidental, reforçando que a Ásia Central foi a provável origem primordial da devastadora pandemia na Europa Medieval.

REFERÊNCIAS