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Análise genômica confirma que a Peste Negra veio da Rússia


No século XIV, como muitos já sabem, a infame Peste Negra assolou a Europa Medieval, eliminando cerca de 60% da sua população e se espalhando rápido das regiões costeiras no Mar Negro para a Europa Central nos primeiros episódios de surtos da doença que se estenderam por 7 anos. Esse foi o início da segunda e mais mortal pandemia de Peste Negra na história humana, de um total de três.

O início do segundo evento pandêmico se estendeu do ano de 1346 até 1353, e continuou com surtos recorrentes na Europa, no Oriente Próximo e no Norte da África até o século XVIII. E apesar dos registros históricos primeiro documentarem sua emergência no ano de 1346 na região de Volga, na Rússia, os pesquisadores ainda não tinham evidências mais sólidas dessa origem e também não tinham certeza se as cepas altamente virulentas da bactéria Yersinia pestis - causadora da Peste Negra - que marcaram os eventos subsequentes pós-meados do século XIV eram oriundas da mesma fonte responsável pelo evento inicial (1346-1353) ou se tinha sido introduzidas progressivamente na Europa a partir de múltiplas fontes de diferentes partes do mundo Medieval via intermédio de comerciantes e migrantes.




Nesse sentido, em um estudo publicado na Nature Communications (1), e realizado por pesquisadores do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, em Jena, Alemanha, foram analisados 34 antigos genomas da Y. pestis extraídos de dentes de pessoas enterradas em 10 diferentes locais ao longo da Europa e datadas do século XIV ao XVII (incluindo o enterro em massa retratado na foto de capa, na França). O objetivo era rastrear um possível ancestral comum para esses genomas. E, de fato, os pesquisadores encontraram um genoma que era ancestral de todas as amostras analisadas, diferindo apenas por uma mutação daquelas que causaram a Peste Negra na Europa Medieval. A origem do genoma era da região de Laishevo, em Volga. Isso corrobora os documentos históricos e também estudos prévios mostrando que as bactérias recuperadas de vítimas da peste eram essencialmente as mesmas em termos de genótipo, o que sugere uma rápida disseminação da cepa primária ao longo da primeira série de surtos.

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No entanto, apesar de corroborar os registros históricos, o achado não significa necessariamente que a região de Volga foi de fato o ponto inicial para a Peste Negra. Essa região pode ter sido uma intermediária ao longo da rota da bactéria a partir de outras regiões na Ásia Ocidental, onde os pesquisadores ainda precisam analisar amostras de DNA da bactéria.

De qualquer forma, o estudo mostrou que assim que chegou na Europa Continental a partir da Rússia, uma única cepa foi responsável pela fase mais carniceira da Peste Negra, da Itália até o Reino Unido. Essa cepa também evoluiu posteriormente e de forma substancial - persistindo provavelmente em roedores hospedeiros - e se diversificou em múltiplos clados, dando origem a outras variantes da Y. pestis que causaram surtos mortais da Peste no final do século XIV até o século XVIII. Como exemplo, podemos citar a Grande Praga de Marseille na França (1720-1722).

Em específico, os pesquisadores encontraram que a linhagem pós-evento inicial deu emergência a, no mínimo, dois clados distintos que separaram as cepas identificadas na Europa Central durante os séculos XV-XVII, e aquelas identificadas nos séculos XVII-XVIII na Inglaterra e na França. Nesses clados, os pesquisadores identificaram deleções de 49 kb e de 45 kb (kb = quilobase) nos genomas da Y. pestis, associados com uma maior e uma menor virulência, respectivamente. No caso da deleção de 45 kb, ela ocorreu na mesma região genômica de cepas associadas à primeira peste pandêmica nos séculos VI-VIII d.C., o que sugere uma evolução convergente. Ambas cepas com essas deleções (45 kb) estão provavelmente extintas hoje, devido a fatores ainda não determinados.

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Os pesquisadores também concluíram sugerindo que um único reservatório fonte da Y. pestis pode ser insuficiente para explicar toda a segunda pandemia que se alastrou por 400 anos. Estudos futuros com mais amostras e em outras regiões fora da Europa podem esclarecer melhor esse ponto.


(1) Publicação do estudo: Nature


Análise genômica confirma que a Peste Negra veio da Rússia Análise genômica confirma que a Peste Negra veio da Rússia Reviewed by Saber Atualizado on outubro 07, 2019 Rating: 5

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