Humano de 5 mil anos atrás infectado com a bactéria da Peste
Em um estudo publicado no periódico Cell Reports (1), pesquisadores revelaram a mais antiga cepa conhecida da bactéria Yersinia pestis, responsável pela Peste (incluindo peste bubônica). A cepa foi identificada através de análise genética dos vestígios ósseos e dentários de um humano moderno (Homo sapiens) de ~5 mil anos atrás, e, segundo os pesquisadores, essa antiga linhagem provavelmente era menos contagiosa e menos letal do que as linhagens observadas no período Medieval - onde a Peste Negra chegou a eliminar 35-60% da população na Europa (2).
(2) Leitura recomendada: Médicos da peste realmente existiram?
O caçador-coletor infectado pela bactéria - chamado de 'RV 2039' - possuía de 20 a 30 anos de idade quando morreu, e foi primeiro escavado no início do século XIX em uma região da atual Letônia (país Europeu situado no Mar Báltico) junto com o esqueleto de um segundo indivíduo. Os ossos descobertos foram perdidos ao longo das décadas subsequentes e redescobertos em 2011. Da região de escavação, foram também descobertos mais dois esqueletos da mesma época.
No estudo, os pesquisadores analisaram os ossos e dentes dos quatro espécimes, extraindo moléculas de DNA associadas a cada indivíduo e testando os genomas para patógenos bacterianos e virais. No espécime RV 2039, eles identificaram a mais antiga cepa da bactéria Y. pestis já descrita, provavelmente parte de uma linhagem que emergiu há cerca de 7 mil anos, no início do Neolítico e apenas poucos séculos após a Y. pestis divergir evolutivamente da espécie Y. pseudotuberculosis. Em outras palavras, os pesquisadores quase chegaram à origem de um dos mais infames patógenos da história humana.
A natureza menos virulenta e contagiosa dessa cepa - sugerida pelas análises genômicas e filogenéticas - enfraquece a hipótese de que grandes declínios populacionais na Europa Ocidental no final da Era Neolítica foram causados por pragas pré-históricas da Y.pestis.
> Na região específica onde os esqueletos pré-históricos foram encontrados (Riņņukalns), os pesquisadores encontraram muitos registros ósseos de castores (Castor fiber), os quais são comuns portadores da bactéria Y. pseudotuberculosis. É provável que esses roedores podem ter sido os responsáveis por transmitirem a antiga cepa de Y. pestis para os humanos investigados.
REFERÊNCIA
- Susat et al. (2021). A 5,000-year-old hunter-gatherer already plagued by Yersinia pestis. Cell Reports, Volume 35, Issue 13, 109278. https://doi.org/10.1016/j.celrep.2021.109278