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Cloroquina e hidroxicloroquina NÃO são efetivos antivirais para doenças como dengue e chikungunya


Recentemente, na CPI da COVID-19, a médica Mayra Pinheiro junto o delirante senador Carlos Heinze afirmaram que a cloroquina (e a hidroxicloroquina) era um efetivo antiviral, usado com sucesso para o tratamento de doenças como a dengue e a chikungunya. Isso é FALSO, e espelha bem a ineficácia de ambos os fármacos para o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).


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Há décadas se sabe que tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina possuem atividade antiviral efetiva IN VITRO, ou seja, quando usada em culturas de células infectadas com certos vírus. Isso fomentou por vários anos tentativas de traduzir essa atividade antiviral in vitro para modelos in vivo e humanos, visando em particular os vírus HIV, HCV, DENV (quatro serotipos virais da dengue) e Chikungunya. Experimentos limitados em animais não-humanos também geraram resultados observacionais relativamente promissores. Porém, essas tentativas falharam quando esses fármacos começaram a ser avaliados em testes clínicos com humanos (Ref.1). Benefícios de qualquer um dos fármacos para a supressão da carga viral de HIV são inconsistentes. Cloroquina é comprovadamente ineficaz contra a dengue e pode ter pouco ou nenhum benefício no tratamento da chikungunya.


De forma notável, em um estudo duplo-cego, placebo-controlado e randomizado publicado em 2010 na PLOS ONE (Ref.2), englobando 307 pacientes hospitalizados e com suspeita de infecção com o DENV no Hospital para Doenças Tropicais (cidade de Ho Chi Minh, Vietnã), os pesquisadores não encontraram nenhum benefício da cloroquina no tratamento da dengue, e realçaram que o uso do fármaco estava associado com significativamente mais eventos adversos em relação ao placebo, primariamente vômitos.


Nem a hidroxicloroquina, nem a cloroquina são atualmente recomendadas como agente antiviral para quaisquer doenças virais. Para infecções virais com HIV e HCV esses fármacos se tornaram irrelevantes devido ao desenvolvimento de outros tratamentos farmacológicos extremamente efetivos. E assim como esses dois medicamentos demonstraram significativa atividade antiviral contra o SARS-CoV-2 in vitro, essa atividade antiviral não conseguiu ser reproduzida in vivo, e hoje são comprovadamente ineficazes contra a COVID-19 mesmo considerando outros alegados mecanismos de ação. Pelo contrário, o uso de hidroxicloroquina em pacientes hospitalizados com COVID-19 está associado com uma maior taxa de mortalidade (!).


(!Leitura recomendadaHidroxicloroquina é ineficaz e pode aumentar o risco de morte em pacientes com COVID-19


É sugerido que a atividade antiviral da cloroquina/hidroxicloroquina (bases fracas), em parte, se deve ao aumento do pH endossômico afetando negativamente o estágio inicial da replicação viral - via inibição da fusão vírus-endossomo - e possivelmente a liberação do genoma viral.


A disparidade entre experimentos in vitro e experimentos clínicos pode ser parcialmente devido à complexa farmacocinética das 4-aminoquinolinas (classe da cloroquina e compostos similares), tornando difícil extrapolar de concentrações de culturas celulares para doses em humanos.


Por fim, o esclarecimento dessa questão é muito importante, porque  o público em geral pode ficar motivado em usar cloroquina para o tratamento da dengue e de outras doenças virais por causa de uma médica irresponsável e intelectualmente desonesta, apoiada cegamente por senadores Bolsonaristas com grande influência nas redes sociais.


> Importante também apontar que vários experimentos clínicos ou in vitro têm trazido resultados conflitantes sobre a real capacidade antiviral das 4-aminoquinolinas (Ref.3). Em culturas de células infectadas com o vírus Epstein-Barr, a cloroquina aumentou a replicação viral. Em porquinhos-da-Índia, a cloroquina piorou a infecção com o vírus Ebola, apesar de efetiva atividade antiviral in vitro. Em infecção com o vírus Chikungunya, a cloroquina foi efetiva in vitro mas piorou o curso clínico de infecção em macacos.


REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS

  1. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1198743X20302937
  2. https://journals.plos.org/plosntds/article?id=10.1371/journal.pntd.0000785
  3. https://www.bmj.com/content/369/bmj.m1432/

Cloroquina e hidroxicloroquina NÃO são efetivos antivirais para doenças como dengue e chikungunya Cloroquina e hidroxicloroquina NÃO são efetivos antivirais para doenças como dengue e chikungunya Reviewed by Saber Atualizado on junho 11, 2021 Rating: 5

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