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Cientistas resolvem enigma climático do Holoceno


A evolução da temperatura durante o Holoceno (12 mil anos atrás até o presente) tem gerado considerável controvérsia no campo da Ciência Climática, especialmente durante o chamado 'Máximo Termal do Holoceno'. Modelos climático entram em conflito com as mais recentes reconstruções paleoclimáticas, e negacionistas climáticos frequentemente usam e distorcem esse enigma para atacar a Teoria do Aquecimento Global Antropogênico. Agora, em um robusto estudo publicado na Nature (1), um time de pesquisadores liderados por cientistas da Universidade de Rutgers, EUA, conseguiu finalmente resolver a questão, mostrando que houve um contínuo aquecimento terrestre desde o início do Holoceno seguindo o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera. 

  

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Evidências geológicas até o momento analisadas e acumuladas sugeriam que houve um crescente e notável aumento de temperatura durante o intervalo de 10 mil anos e 7 mil anos atrás (Holoceno Médio Quente), onde a temperatura superficial média dos mares atingiu seu máximo há cerca de 6,5 mil anos: 0,7°C acima da média do século XIX (pré-industrial). Após esse pico, teria ocorrido um sutil e contínuo processo de resfriamento global, a uma taxa média de - 0,08°C a cada 1000 anos, acelerando apenas um pouco para ~0,15°C/1000 anos nos últimos 2 mil anos antes do século XX. Esse longo processo de resfriamento teria sido, então, rapidamente revertido pelo atual processo de aquecimento global antropogênico, iniciado no período pós-industrial. 


No entanto, modelos climáticos fortemente sugerem que as temperaturas globais aumentaram de forma contínua nos últimos 10 mil anos, com esse processo sendo acelerado - e não revertido - pelas massivas emissões de gases estufas - especialmente dióxido de carbono (CO2) - a partir do século XX.


O que é sabido é que houve uma maior incidência solar em altas latitudes ao Norte a partir de 9 mil anos até 5 mil anos atrás - devido a mudanças orbitais da Terra teoricamente previstas -, causando um aquecimento anômalo anormal no Hemisfério Norte - inclusive no inverno - que foi amplificado pela maior e persistente perda de gelo no Ártico. Esse brusco aquecimento localizado é geralmente usado para explicar o pico de temperatura média superficial global no Máximo Termal do Holoceno. Porém, o resfriamento posterior, mesmo sendo muito sutil, não entra em concordância com a crescente concentração de CO2 na atmosfera observada nesse período.


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No novo estudo, os pesquisadores resolveram investigar essa discrepância de dados, usando fósseis de organismos marinhos calcários (contendo carbonato de cálcio, CaCO3) chamados de foraminíferos - seres unicelulares que vivem na superfície dos oceanos - para reconstruir a histórica climática dos dois mais recentes períodos de aquecimento da Terra: Holoceno e Último Interglacial (128 mil até 115 mil anos atrás). A coleta de fósseis foi realizada durante a Expedição 363 do Programa Internacional de Descobertas Oceânicas, no norte da Papua Nova Guineia, em uma região do Pacífico que espelha com maior confiabilidade mudanças nas temperaturas globais.


Os resultados das análises indicaram que, de fato, as reconstruções paleoclimáticas prévias eram tendenciosas em relação ao aquecimento anômalo do Hemisfério Norte. Segundo a nova reconstrução, a primeira metade do Holoceno foi mais fria do que no período Industrial devido a efeitos de resfriamento das grandes camadas de geleiras remanescentes da última Era Glacial. Posteriormente, o Holoceno experienciou um contínuo aquecimento causado pelo aumento de gases estufas, como predito pelos modelos climáticos. Ou seja, não existe evidência de um máximo térmico nas temperaturas globais no pré-industrial. A reconstrução corrigida - limitada a dados obtidos da região compreendida entre 40°S e 40°N -  é mostrada no gráfico abaixo.



Como no Último Interglacial a diferença de incidência de radiação solar (insolação) foi maior do que durante o Holoceno, e outros fatores de alteração climática foram mais fracos - como gases estufas com concentração quase constante nesse período e reduzida extensão das geleiras -, foi possível estabelecer uma metodologia comparativa visando identificar análises sazonais tendenciosas referentes ao Holoceno. Os resultados da reconstrução paleoclimática corrigida corroboraram em larga extensão simulações computacionais se estendendo desde 300 mil anos atrás.


Apesar da reconstrução corrigida trazer limitações latitudinais e de proxies paleoclimáticas, os resultados finais, no geral, resolvem de forma convincente a discrepância entre reconstruções prévias e modelos climáticos, e reforça o papel dos gases estufas no controle climático do planeta.


(1) Publicação do estudo: https://www.nature.com/articles/s41586-020-03155-x

Cientistas resolvem enigma climático do Holoceno Cientistas resolvem enigma climático do Holoceno Reviewed by Saber Atualizado on fevereiro 02, 2021 Rating: 5

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