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Campanhas de circuncisão na África são uma forma de racismo sistêmico e de 'Neocolonialismo', argumenta estudo


É estimado que mais de 25 milhões de homens vivendo nas regiões sul e leste da África foram circuncidados em programas de circuncisão médica voluntária iniciados em 2008. Essas campanhas são baseadas essencialmente em três robustos testes clínicos randomizados publicados em 2007 que encontraram uma redução da taxa de infecção pelo HIV de 50-60% entre os homens circuncidados quando comparado com homens não-circuncidados. Vários estudos subsequentes - clínicos, observacionais e de revisão - têm corroborado esse fator de proteção da circuncisão não só contra o HIV mas também para outras doenças sexualmente transmissíveis (1).


Tradicionalmente, a circuncisão é considerada o procedimento cirúrgico mais antigo, praticado por Judeus e Muçulmanos ao redor de todo o mundo (1).


Levando também esse último ponto em conta, um time internacional de pesquisadores em um novo estudo publicado no periódico Development World Bioethics (2) argumentaram que as campanhas na África de circuncisão são mais baseadas em preconceito e imposição cultural das superpotências Ocidentais (particularmente EUA) do que em evidências científicas. Segundo os autores, essas campanhas representam mais um projeto experimental não-ético implementado contra os Africanos, testando resultados clínicos de forma apressada e sem cuidadosa análise científica e bioética.


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O estudo salienta que essas campanhas ignoram os contextos culturais, socioeconômicos e geopolíticos das diferentes populações Africanas, empurrando uma 'solução' para o HIV no continente como única forma de enfrentar o problema, apenas porque as comunidade Ocidental e imperialista quis fazê-lo, e implicitamente assumindo que homens Africanos são naturalmente promíscuos, pouco higiênicos e hipersexuais. Vozes das comunidades Africanas não foram ouvidas. Problemas mais sérios continuam sendo relativizados, como fome, baixa educação, desemprego e dificuldade de acesso à saúde. Campanhas similares vêm sendo empurradas na comunidade Afro-Americana nos EUA. E mais:


- Existem reportes que os programas de circuncisão médica voluntária têm sido conduzidos de forma não-voluntária e muitas vezes de forma não-segura.


- Homens circuncidados podem falsamente acreditar que estão 'imunes' ao HIV, incentivando comportamentos não-seguros de sexo.


Por fim, entre outros pontos explorados, os autores do estudo citaram que existem críticas aos estudos clínicos randomizados de 2007, os quais não envolveram placebo como controle e com os homens circuncidados sendo informados do objetivo da intervenção cirúrgica. Isso sem contar que os resultados preliminares de um quarto teste clínico randomizado iniciado em Uganda - mas interrompido por questões éticas (um grave problema por si só, onde homens infectados eram deliberadamente deixados infectarem as mulheres) - não encontrou notável proteção como os outros três. Esse último estudo não recebeu tanta atenção da comunidade internacional. Os pesquisadores também citaram estudos que inclusive encontram maior incidência de infecção por HIV em homens circuncidados em um número de países - apesar de serem apenas estudos observacionais. Ou seja, fica em dúvida o real fator de proteção da circuncisão - e o qual só é bem estabelecido para homens heterossexuais.


(1) Para quem quiser saber mais sobre a circuncisão - história e relação com a saúde do homem -, acesse (artigo completo e atualizado): É recomendado realizar a circuncisão? 


(2) Publicação do estudo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/dewb.12285

Campanhas de circuncisão na África são uma forma de racismo sistêmico e de 'Neocolonialismo', argumenta estudo Campanhas de circuncisão na África são uma forma de racismo sistêmico e de 'Neocolonialismo', argumenta estudo Reviewed by Saber Atualizado on dezembro 20, 2020 Rating: 5

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