Terapia de plasma convalescente se mostra ineficaz para casos severos de COVID-19
Apesar de resultados bastante promissores em um número de estudos clínicos prévios observacionais e/ou não-randomizados, o primeiro estudo clínico duplo-cego randomizado de moderado porte - e revisado por pares - investigando a terapia de plasma convalescente (transfusão de plasma de pacientes recuperados contendo anticorpos IgG e neutralizantes SARS-CoV-2-específicos) para o tratamento da COVID-19 não rendeu resultados positivos.
Publicado no periódico The New England Journal of Medicine (1), o estudo (PlasmAr) foi conduzido na Argentina e englobou um total de 228 pacientes com COVID-19 severa (ex.: saturação de oxigênio <93%), os quais - em uma proporção de 2:1 - receberam ou plasma convalescente (500 mL) ou placebo, respectivamente, após um tempo médio de 8 dias de manifestação dos sintomas. Ao final de 30 dias, os pesquisadores não notaram nenhuma diferença significativa da evolução do quadro clínico entre os dois grupos de pacientes. A mortalidade em geral foi de 10,56% no grupo do plasma convalescente e 11,43% no grupo de placebo, uma diferença estatisticamente não considerada relevante.
A quantidade total de anticorpos SARS-CoV-2-específicos tendeu a ser maior no grupo de plasma convalescente no segundo dia de intervenção. Eventos adversos (sérios ou não) foram similares em ambos os grupos.
É possível que a terapia com plasma convalescente seja ineficaz apenas para pacientes com COVID-19 severa, mas benéfica em pacientes com um quadro leve a moderado. De fato, estudos prévios vinham sugerindo que a melhor janela terapêutica seria nos três primeiros dias de hospitalização (!). Mais estudos clínicos randomizados de grande porte são necessários nesse sentido.
> (!) Para mais informações sobre a terapia de plasma convalescente e as evidências até o momento acumuladas, acesse: https://bit.ly/37894eW