Risco 2,3 vezes maior de autismo com o uso de ácido valproico durante a gravidez
Em um estudo publicado no periódico Neurology (1), pesquisadores analisaram o registro médico de 14614 nascidas de mulheres com epilepsia entre 1996 e 2011. Cerca de 23% dessas mulheres reportaram usar medicamentos antiepiléticos no primeiro trimestre de gravidez. Os três fármacos mais usados foram a carbamazepina (10%), lamotrigina (7%) e ácido valproico (5%).
Após ajuste dos dados para fatores de severidade da epilepsia, mulheres que reportaram usar o ácido valproico durante o primeiro trimestre tiveram 2,3 vezes maior risco de terem uma criança com transtorno do espectro do autismo e 1,7 vezes maior risco de ter uma criança diagnosticada com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), em comparação com mulheres que reportaram não usar medicamentos antiepiléticos.
No entanto, entre as mulheres com epilepsia usando carbamazepina ou lamotrigina, não foi observado aumento de risco - ou um aumento de risco estatisticamente não significativo - para nenhuma das condições.
Como o estudo é observacional, não existe estabelecimento de causa e efeito, mas os achados se somam a um crescente corpo de evidências sugerindo que certos medicamentos antiepiléticos podem ser mais seguros do que outros durante a gravidez. Mulheres grávidas ou buscando engravidar devem avaliar os riscos e benefícios desses medicamentos junto a um profissional de saúde.
> Para quem quiser um artigo completo sobre os fatores de risco hoje estabelecidos para o desenvolvimento de autismo, acesse: https://bit.ly/3pcbPnu
> Sugestão de leitura sobre o TDAH, incluindo a interessante hipótese de que o Leonardo da Vinci possuía a condição, o que pode explicar parte da sua genialidade: https://bit.ly/36HFwnZ
(1) Publicação do estudo: https://n.neurology.org/content/early/2020/10/28/WNL.0000000000010993