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Cientistas revelam fósseis de transição evolutiva ligados à origem das morsas modernas


Em um estudo publicado no periódico Journal of Vertebrate Paleontology (1), paleontólogos identificaram e descreveram três novas espécies extintas de morsas a partir de fósseis descobertos nas regiões de Orange, Los Angeles e Santa Cruz, na Califórnia, EUA. No total, foram 12 espécimes fósseis revelados, e uma das espécies associadas representava um fóssil de transição evolutiva entre morsas sem longas presas e as morsas modernas com longas presas que atualmente vivem no Ártico.


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As morsas são mamíferos marinhos pertencentes à família Odobenidae, e hoje são representadas por uma única espécie ainda viva, a Odobenus rosmarus, a qual engloba três subespécies: morsa-do-Atlântico (Odobenus rosmarus rosmarus), morsa-do-Pacífico (O. rosmarus divergens) e uma população que habita o mar de Laptev (O. rosmarus laptevi). Entre os anos de 870 e 1262 d.C., os Vikings levaram a subespécie O. r. rosmarus à extinção na Islândia devido à grande escala de caça comercial quando os povos Nórdicos se estabeleceram nessa região (2). As morsas atuais são bem icônicas e facilmente reconhecíveis pelas longas e imponentes presas caninas, como pode ser visto na foto abaixo.




(2) Leitura recomendada: Vikings: A Era Subestimada da Sociedade Nórdica 


Porém, em contraste, o registro fóssil das morsas no Mioceno incluem espécies que habitaram regiões subárticas e que não possuíam longas presas caninas. Nesse sentido, os membros da família Odobenidae podem ser divididos em dois grupos sobrepostos durante o Messiniano Inferior (~9-6 milhões de anos atrás): os obenídeos basais parafiléticos (~17-6 milhões de anos atrás) e o grupo derivado que deu origem ao clado Neodobenia mais recente (~9 milhões de anos atrás até hoje).


Os obenídeos basais traziam diversas características anatômicas - como dentes de raiz dupla e de complexa coroa, e ausência de caninos longos - adaptadas para a caça e processamento de peixes. Já os neodobenianos possuem uma dentição mais especializada, com reduzida dentição e dentes similares a estacas, e presença de longas presas caninas, visando a predação de moluscos via sucção (preferencialmente moluscos bivalves bentônicos, como as ostras). 



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No novo estudo, os pesquisadores descreveram 12 espécimes fossilizados descobertos na Califórnia e datados do Mioceno Superior (~10-6 milhões de anos atrás), e representando cinco táxons: (i) um da espécie Imagotaria downsi recuperado da Formação Santa Margarita; (ii) um da espécie Pontolis magnus recuperado da Formação Monterey; (iii) seis de uma nova espécie do gênero Pontolis (P. barroni) recuperados da Formação Monterey; (iv) outra nova espécie do gênero Pontolis (P. kohnoi), associada a um espécime recuperado da Formação Capistrano; (v) três espécimes de um novo gênero e espécie (Osodobenus eodon). 



Em particular, a espécie Osodobenus eodon mostrou representar um importante estágio evolutivo em relação à evolução dos longos caninos, ou seja, marcado por caninos morfologicamente intermediários (semi-longos) entre táxons. Os fósseis descritos dessa espécie eram de dois adultos (fêmea e macho) e de um filhote, e os autores do estudo argumentaram que o Os. odeon é o primeiro odobenídeo basal com longos caninos de marfim, apesar dessa característica ter provavelmente evoluído em um contínuo. Análises filogenéticas fortemente sugeriram que o Os. eodon representa um táxon irmão ao clado Neodobenia, mantendo características morfológicas do grupo de transição para espécies de caninos muito longos e também trazendo traços anatômicos sugerindo uma evolução convergente para um aparato dentário e conformação craniana especializados em sucção de moluscos, próximo do observado nas atuais morsas.



A análise do Os. eodon, junto com evidências acumuladas de espécies neodobenianas (extintas ou não), também trouxe mais evidência de suporte para a hipótese de que as longas presas caninas desses animais evoluíram primariamente a partir de um processo de seleção sexual. De forma consistente, os caninos longos do registro fóssil das morsas mostram-se sexualmente dismórficos, com os machos expressando sempre os maiores caninos. Porém, a anatomia craniana do Os. eodon e da maioria dos outros odobenídeos de presas longas sugerem que a alimentação a base de seres bentônicos - e afastamento de uma dieta essencialmente piscívora -  também contribuiu para a evolução desses proeminentes dentes.


(1) Publicação do estudo: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/02724634.2020.1833896 

Cientistas revelam fósseis de transição evolutiva ligados à origem das morsas modernas Cientistas revelam fósseis de transição evolutiva ligados à origem das morsas modernas Reviewed by Saber Atualizado on novembro 17, 2020 Rating: 5

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