Répteis em grande ameaça global devido ao comércio ilegal
Apenas no Reino Unido, é estimado que existam 8 milhões de répteis em cativeiro. Muitos dos répteis comercializados como "animais de estimação" não são procriados em cativeiro - ou seja, são capturados diretamente do seu habitat selvagem - e regulações internacionais são aplicadas somente a 9% das mais de 11 mil espécies conhecidas de répteis.
Agora, em um alarmante estudo publicado na Nature Communications (1), pesquisadores revelaram que esse comércio de répteis é muito maior e drasticamente mais danoso do que o pensado. Analisando dois bancos de dados internacionais de comércio e 24 mil páginas na internet em cinco linguagens, os pesquisadores encontraram que mais de 36% das espécies conhecidas de répteis estão no comércio - muitas vezes ilegal -, totalizando quase 4 mil espécies. Os pesquisadores também mostraram que mais de 90% das espécies e 50% dos espécimes comercializados eram capturados do meio selvagem, no mínimo 79% não estava regulada pela CITES, e que o problema vêm crescendo ano após ano. A maior parte das espécies têm origem da América Latina, especialmente do Brasil.
Biomas ao redor do mundo já estão sob grande pressão das ações humanas ligadas ao desmatamento, poluição e às mudanças climáticas. O comércio de animais exóticos só agrava o problema, promovendo graves desequilíbrios ambientais com os consequentes declínios populacionais em ambiente selvagem e com espécies endêmicas podendo enfrentar em breve extinção. No caso dos répteis é pior ainda quando se considera que esses animais acabam na maior parte das vezes sofrendo maus tratos e morrendo em curto prazo por não se adaptarem ao ambiente doméstico - isso sem contar que para cada espécime vendido, inúmeros mais morrem durante o transporte e armazenamento (2).
Répteis e aves NÃO são animais de estimação. Animais selvagens em geral NÃO são animais de estimação. Com tantos cães e gatos para serem adotados - animais em abundância que de fato foram domesticados ao longo de milhares de anos de evolução -, não existe necessidade de escravizar espécimes selvagens e frequentemente pertencentes a espécies ameaçadas de extinção.
(1) Publicação do estudo: https://www.nature.com/articles/s41467-020-18523-4
> (2) Para um artigo completo sobre a cruel e real realidade por trás do comércio de animais selvagens, acesse: https://bit.ly/2GlhGVR