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Inseticida Imidacloprido promove graves danos aos insetos mesmo em baixas doses


- Atualizado dia 1 de janeiro de 2023 -


O Ministério da Agricultura publicou em maio de 2019 no Diário Oficial da União a autorização para comercialização de mais 31 agrotóxicos no Brasil, cumprindo as promessas anti-ambientalistas do governo de Jair Bolsonaro de agilizar as análises dos pedidos de registro - ignorando no processo a ciência e o balanço de riscos e benefícios. Dos 31 produtos, 13 foram avaliados como altamente ou extremamente tóxicos à saúde humana e 14 como muito ou altamente perigosos ao meio ambiente.


São agora 169 registros autorizados e todos igualmente tóxicos aos já usados no país, incluindo o sulfoxaflor (Transform), este o qual comprovadamente promove verdadeiras carnificinas entre as abelhas (!).


(!) Para mais informações, acesse: Agrotóxico aprovado pelo governo é um verdadeiro assassino de abelhas


Em 2012 o Ibama tomou medidas para proteger as abelhas dos efeitos nocivos dos agrotóxicos, e anunciou a reavaliação do inseticida Imidacloprido, Tiametoxam e Clotianidina – neonicotinóides – e do Fipronil. O Imidacloprido começou a ser reavaliado ainda em 2012. Segundo o Memorando 130 do Ibama (2017) os resultados seriam entregues no primeiro trimestre de 2020, o que não aconteceu - esquecimento ou interferência consciente do governo Bolsonaro? E o pior, esse agrotóxico continua sendo amplamente utilizado no país.


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Em um estudo publicado em 2020 no periódico PNAS (1), pesquisadores da Universidade de Melbourne e da Faculdade de Medicina de Baylor, Austrália, mostraram que mesmo a exposição a baixas doses do imidacloprido engatilha neurodegeneração e disrupção de funções corporais vitais nos insetos - e não apenas limitados às pragas visadas -, incluindo interferência na produção de energia, perda de visão e danos nos movimentos e no sistema imune. 


Para essa conclusão, os pesquisadores conduziram experimentos na mosca-do-vinagre (Drosophila melanogaster), simulando a exposição a baixas doses do inseticida imidacloprido em campos de plantações. Os resultados mostraram que o estresse oxidativo é um fator chave no modo de ação desse inseticida a baixas doses. O imidacloprido se liga a receptores no cérebro e produz um persistente fluxo de íons cálcio (Ca2+) para os neurônios e um rápido aumento nos níveis de espécies reativas oxigenadas (ROS) no cérebro larval. Esse efeito afeta a função mitocondrial, os níveis de energia, o ambiente lipídico e perfis transcriptômicos. Nível crônico de baixa exposição em adultos mostrou levar a disfunções mitocondriais, danos severos às células gliais (células de suporte aos neurônios) e falhas na visão.


Como os receptores alvos do imidacloprido (agonista dos receptores nicotínicos) são conservados entre os insetos, e outros inseticidas também têm mostrado causar estresse oxidativo, o achado possui implicações bem mais amplas. Drásticos declínios populacionais sendo observados entre os insetos ao redor do mundo - especialmente entre as abelhas - estão sendo claramente fomentados por esses agrotóxicos, mesmo com exposições residuais ou colaterais em baixas doses. Junto com as pragas, os agrotóxicos estão matando e desabilitando importantes insetos polinizadores e espécies já ameaçadas de extinção. Com menos polinizadores, menor produtividade na agricultura e menos plantas em geral, o que leva caos a todo ecossistema, onde herbívoros ficam com menos fontes alimentares e, consequentemente, carnívoros ficam com menos fontes alimentares.


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Em 2019, durante apenas 3 meses, meio bilhão de abelhas foram encontradas mortas no Brasil - e esse número está substancialmente subestimado em relação ao número real de mortes (2). Indo em caminho inverso à Europa, a qual já baniu vários agrotóxicos comprovadamente prejudiciais aos insetos polinizadores, o novo governo Brasileiro continua liberando e promovendo o uso de cada vez mais desses agrotóxicos.


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ATUALIZAÇÕES 

  • Um estudo publicado em 2021 no periódico Proceedings of he Royal Society B reforçou que que o imidacloprido é altamente prejudicial para as abelhas em qualquer quantidade, mesmo quando usado a uma dose de apenas 30% daquela recomendada pelos fabricantes e mesmo após abundante lavagem das plantas com água. Para o estudo, os pesquisadores conduziram experimentos com abelhas solitárias da espécie Megachile rotundata, e observaram uma redução nas taxas de reprodução desses insetos de 90% tanto em altas quanto em baixas concentrações.
  • Mais um estudo, publicado em 2022 no periódico Environmental Research e conduzido por pesquisadores Brasileiros das universidades UNESP e UFSCar, reforçou que o imidacloprido é altamente nocivo para abelhas, e representa uma grande ameaça para várias espécies nativas no Brasil. Mesmo baixos níveis de exposição podem causar alarmantes níveis de envenenamento, como tremores e inabilidade de voar - tornando abelhas suscetíveis a predadores e sob maior risco de morte. Mesmo com o notável acúmulo de evidências contra seu uso, esse inseticida continua sendo amplamente usado no Brasil.

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> Leitura recomendada:  O desaparecimento das abelhas


(1) Publicação do estudo: https://www.pnas.org/content/early/2020/09/25/2011828117


(2) Referência adicional: Jornal da USP

Inseticida Imidacloprido promove graves danos aos insetos mesmo em baixas doses Inseticida Imidacloprido promove graves danos aos insetos mesmo em baixas doses Reviewed by Saber Atualizado on outubro 03, 2020 Rating: 5

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