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Agrotóxico aprovado pelo governo é um verdadeiro assassino de abelhas




Os agrotóxicos podem impactar a saúde das abelhas através de efeitos letais e também via efeitos sub-letais (incluindo falhas cognitivas, disrupções no comportamento da colmeia e do voo, e alterações fisiológicas detrimentais). Em um estudo publicado no periódico PLOS ONE (1), pesquisadores da Universidade do Estado de Oregon demonstraram em laboratório que os níveis sugeridos de uso de dois agrotóxicos (sulfoxaflor e flupiradifurona) reduzem substancialmente a vida das abelhas do gênero Apis (abelhas-de-mel, os principais polinizadores nas plantações do Ocidente) - com forte evidência de estresse fisiológico (danos oxidativo) e maiores níveis de apoptose (morte celular) consequentes. 

O sulfoxaflor (comercialmente chamado Transform) foi o que promoveu a mais dramática redução de expectativa de vida desses insetos. A maioria das abelhas expostas ao sulfoxaflor morreram dentro de seis horas após exposição, confirmando a toxicidade severa desse pesticida para as abelhas quando estas são expostas diretamente às taxas de aplicação recomendadas nas embalagens do produto visando as plantações. Segundo os autores, junto com outros estressantes ambientais - como parasitas, vírus e nutrição deficiente - os efeitos desses agrotóxicos podem ser devastadores para as colmeias.

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Na parte experimental do estudo, os pesquisadores realizaram duas análises de contato: um estudo de 6 horas e um estudo de 10 dias em maio de 2019. As abelhas - espécie Apis mellifera - foram obtidas de seis colônias saudáveis mantidas pela universidade. Em cada experimento, grupos de 150 abelhas eram colocadas em três gaiolas - dois expostos aos pesticidas alvos e um sem exposição (controle) -, como mostrado na imagem abaixo. Mortalidade era aferida a cada hora no experimento de 6 horas e a cada dia no experimento de 10 dias.




Exposição ao Transform aumentou significativamente o nível de atividade da caspase-3 (proteína crítica no processo de apoptose) no experimento de contato de 6 horas (impacto fisiológico letal e agudo pós-exposição), enquanto que tal nível de aumento só foi visto no final do experimento de 10 dias com a flupiradifurona - comercialmente chamado Sivanto  - (indicando efeitos sub-letais de longo prazo). Mesmo o Sivanto parecendo menos tóxico do que o Transform, seus efeitos subletais podem diminuir substancialmente a longevidade das abelhas operárias (que vivem um média de 5-6 semanas no verão e na primavera). De fato, o grupo experimental exposto ao Transform alcançou uma taxa de sobrevivência de apenas 45% ao final de 10 dias em comparação com uma taxa de 70% no grupo de controle.

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No caso mais do que preocupante do Transform, no experimento de contato de 6 horas houve uma rápida e brusca queda populacional após quase 2 horas, e praticamente nenhuma abelha sobreviveu após 6 horas. Enquanto no grupo exposto ao Silvanto a taxa de sobrevivência após 6 horas ficou em torno de 80%, e no grupo de controle essa taxa ficou bem próximo de 100%.



Ambos os ingredientes ativos do Silvanto e do Transform são sistêmicos, e agem como agonistas do receptor nicotínico acetilcolina (nAChR). Em 2019, o Ministério da Agricultura no Brasil liberou, de uma só vez, 31 agrotóxicos. São agora 169 registros autorizados e todos igualmente tóxicos aos já usados no país, incluindo o Transform. Aliás, 26% desses agrotóxicos aprovados (princípios ativos) já foram banidos pela União Europeia, e 43% são altamente ou extremamente tóxicos segundo especialistas. Produtores de mel na região Amazônica já alegam que os agrotóxicos carregados pelo vento e associados com as avassaladoras plantações  de soja estão exterminando todas as abelhas, ficando quase impossível continuar com o negócio. 

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ATUALIZAÇÃO (03/10/20): Um estudo de revisão sistemática publicado no periódico Proceedings of the Royal Society B reforçou a periculosidade do Slvanto e do Transform às abelhas e provavelmente a outros insetos 'colaterais' (não-pragas). O estudo encontrou que a exposição a ambos inseticidas em níveis realísticos de campo significativamente aumentam a mortalidade e danificam a saúde das abelhas (impactos sub-letais). 
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(1) Publicação do estudo: PLOS ONE

> Leitura complementar: O desaparecimento das abelhas

Agrotóxico aprovado pelo governo é um verdadeiro assassino de abelhas Agrotóxico aprovado pelo governo é um verdadeiro assassino de abelhas Reviewed by Saber Atualizado on junho 22, 2020 Rating: 5

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