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Estudo confirma que existem substanciais diferenças cerebrais entre homens e mulheres


Uma robusta análise científica envolvendo mais de 2 mil escaneamentos cerebrais encontrou evidência conclusiva para diferenças sexo-baseadas altamente reproduzíveis no volume de certas regiões do cérebro humano. E as diferenças encontradas na organização cerebral mostraram estar fortemente relacionadas com a expressão de genes associados aos cromossomos sexuais. Os achados foram reportados no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (1).

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O sexo biológico - no caso dos humanos, geralmente XX (fêmea) e XY (macho) - modifica de forma notável o risco para transtornos cerebrais diversos, com algumas condições ocorrendo mais frequentemente no sexo masculino (ex.: transtorno do espectro autista), e outros mais frequentemente no sexo feminino (ex.: transtornos depressivos). Os humanos modernos (Homo sapiens) também mostram consistentes domínios cognitivo-comportamentais sexo-tendenciosos, incluindo agressividade, tomada de riscos, rotação mental (I), e processamento de rostos (tanto valência emocional quanto identidade). Muitas dessas características sexo-baseadas são altamente consistentes ao longo dos grupos humanos e backgrounds sócio-culturais, sugerindo fortemente uma organização cerebral também sexo-baseada (I). Aliás, a manifestação dos gêneros - incluindo a transgeneridade - parece também ser determinada por padrões cerebrais diferenciados (II).

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Leitura complementar:
  1. (I) Nesses dois casos (tomada de riscos e rotação mental), existem estudos indicando que essas diferenças são causadas primariamente por fatores sócio-culturais. Para mais informações, acesse: Encarar riscos e rotação mental diferem naturalmente entre homens e mulheres?
  2. (IIO que é a tal da Ideologia de Gênero?

Especificamente, após controlar para o fato de que o volume cerebral total é em média ~10% maior nos homens do que nas mulheres, estudos nos últimos anos têm reportado que os indivíduos do sexo masculino possuem um maior volume de matéria cinzenta nos córtices ventral occipito-temporal, amígdala, putâmen, e cerebelo do que nos indivíduos do sexo feminino, enquanto estes últimos possuem um volume de matéria cinzenta médio maior nos córtices parietal lateral e superior frontal. Explicações para essas diferenças só têm sido inferidas a partir de estudos com ratos - devido a limitações éticas de pesquisa -, mamíferos esses que expressam claras diferenças sexo-baseadas na organização cerebral. Nesses roedores, tais diferenças emergem de esteroides gonadais atuando durante o desenvolvimento embrionário e também da ativação diferenciada de genes especialmente associados aos cromossomos sexuais.

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Para investigar se essas mesmas causas (hormonais e genéticas) também são vistas em humanos e confirmar diferenças sexo-baseadas na organização do cérebro na nossa espécie, os pesquisadores no novo estudo primeiro analisaram os dados neuroanatômicos obtidos via imagem por ressonância magnética (MRI) de 976 adultos saudáveis entre 22 e 35 anos de idade obtidos do Projeto Humano Connectome (HCP), incluindo iguais quantidades de homens e de mulheres. As análises desses dados mostraram consistentes diferenças no volume de certas estruturas corticais. Na média, as mulheres tinham um maior volume cortical nos córtex medial e lateral pré-frontal, córtex orbifrontal, córtex superior temporal e córtex lateral parietal. Homens, na média, tinham um relativo maior volume cortical nas regiões ventral temporal e occipital, incluindo o polo temporal, giro fusiforme e córtex primário visual.

Para confirmar os achados preliminares, os pesquisadores analisaram comparativamente os dados de escaneamento neural via MRI de 560 homens e de 560 mulheres com idades de 44 até 50 anos. Após análises estatísticas e controle de co-variáveis, e junto com os dados da primeira parte do estudo, os pesquisadores firmemente estabeleceram que os adultos humanos mostram diferenças sexo-baseadas altamente reproduzíveis em volumes regionais de matéria cinzenta. Além disso, essas áreas cerebrais diferenciais coincidiram com sistemas envolvidos no processamento de rostos (algo com robustas diferenças sexo-baseadas).

Comparando os resultados com a análise transcriptômica de 1317 amostras de tecido de autópsia de seis doadores humanos (5 homens e 1 mulher), houve uma forte correlação entre maior e menor expressão de vários genes nas mesmas áreas cerebrais encontradas de variarem no conteúdo de matéria cinzenta de acordo com o sexo. Essas diferenças de expressão genética mostraram forte preferência correlacionada com os genes associados aos cromossomos sexuais X e Y. Os resultados são similares aos encontrados em estudos prévios com ratos e naqueles de pequeno porte em humanos, sugerindo que as diferenças anatômicas no cérebro de homens e de mulheres são devidas, em parte, a mecanismos genéticos que foram conservados ao longo da evolução dos mamíferos. 

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Existem duas possíveis explicações para as diferenças neuroanatômicas entre homens e mulheres: 1) diferenças sexo-baseadas nos programas biológicos inatos que moldam o volume cerebral regional, e/ou 2) diferenças sexuais sistemáticas relativas à exposição a fatores ambientes e de experiência. As evidências acumuladas até o momento - experimentais e observacionais -, incluindo o novo estudo e análises em modelos de animais não-humanos, fortemente favorecem o cenário de fatores biológicos inatos como a essência dessas diferenças. Segundo os pesquisadores, considerando as diferenças de expressões genéticas em sobreposição às diferenças regionais de volumes de matéria cinzenta no cérebro de homens e de mulheres, seria difícil incorporar uma determinação puramente ambiental como uma causa primária dessas diferenças.  

Esses achados podem explicar várias diferenças comportamentais e de suscetibilidade a doenças neurológicas observadas entre homens e mulheres. O estudo também fornece suporte - junto com evidências diversas e prévias - a uma base fortemente biológica para a determinação da identidade de gênero nos indivíduos - especialmente porque já foi mostrado que indivíduos transgêneros possuem uma estrutura cerebral significativamente diferenciada daquela observada entre homens e mulheres (III).

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(1) Publicação do estudo: Liu, S., Seidlitz, J., Blumenthal, J. D., Clasen, L. S., & Raznahan, A. (2020). Integrative structural, functional and transcriptomic analyses of sex-biased brain organization in humans. Proceedings of the National Academy of Sciences. Link: PNAS
Estudo confirma que existem substanciais diferenças cerebrais entre homens e mulheres Estudo confirma que existem substanciais diferenças cerebrais entre homens e mulheres Reviewed by Saber Atualizado on agosto 08, 2020 Rating: 5

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