Confirmado primeiro tumor maligno em um dinossauro

Em um estudo publicado no periódico The Lancet Oncology (1), pesquisadores - incluindo paleontólogos, um cirurgião e um radiologista - reportaram o primeiro exemplo comprovado de um tumor maligno diagnosticado em um dinossauro. No caso, o diagnóstico foi feito em uma fíbula - um osso presente nos membros anteriores (nas pernas no caso de humanos) - parcial fossilizada pertencente a um dinossauro herbívoro com bico do gênero Centrosaurus que viveu há cerca de 76 milhões de anos, na região sul de Alberta, no Canadá.
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O osteosarcoma é um câncer ósseo primário com uma incidência global de 3,4 casos para cada milhão de pessoas todos os anos. Em humanos, a incidência de osteosarcoma é mais prevalente na segunda década da vida, algo associado com o rápido crescimento dos ossos nessa faixa de idade (adolescência). Ainda hoje a causa específica, alterações genéticas, eventos oncogênicos, e história evolucionária dessa doença são pouco entendidos, limitando estratégias terapêuticas e preventivas.
Análises paleontológicas visando identificar tumores em fósseis de animais extintos é extremamente limitada devido à perda de tecidos moles e variados estados de conservação dos ossos fossilizados. Nesse sentido, até o momento, o diagnóstico de câncer em um dinossauro tem sido uma esforço elusivo. Existia apenas um caso reportado mas incerto de câncer maligno - baseado em análises radiológica e morfológicas limitadas - em um hadrossauro (reação de Ewing tipo-sarcoma). Não houve confirmação histológica do diagnóstico, nem da fonte da lesão. Tumores benignos também já haviam sido identificados em outro espécime de hadrossauro (I) e em Tiranossauros, e um osteosarcoma em uma tartaruga de 240 milhões de anos.
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(I) Para mais informações, acesse: Doença humana é encontrada no osso fossilizado de um dinossauro
No novo estudo, o diagnóstico de um osteosarcoma na amostra fossilizada de um Centrosaurus apertus foi confirmado através de análises radiográficas e histológicas - incluindo investigações microscópicas a nível celular e tomografia computacional via raios-X - por especialistas em oncologia musculoesquelética e patologia humana, assim como via comparação direta com um caso confirmado de osteosarcoma humano e uma fíbula normal de um C. apertus. Apesar de aves e répteis modernos serem filogeneticamente mais próximo-relacionados dos dinossauros, a análise comparativa visou o câncer maligno em humanos por existir uma quantidade muito maior de dados sobre essa doença na nossa espécie do que em outras.
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© ROYAL ONTARIO MUSEUM/MCMASTER UNIVERSITY |
O estudo otimiza técnicas de análises de patologias em fósseis, marcando um passo importante para a elucidação da origem evolucionária de doenças.
(1) Publicação do estudo: Lancet
Confirmado primeiro tumor maligno em um dinossauro
Reviewed by Saber Atualizado
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agosto 04, 2020
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